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segunda-feira, 12 de março de 2012

Politicando

OS EXEMPLOS DO BISPO "FREI TOMÁS"

Andam a "mamar nas tetas do regime", dizia o rei das Angústias
no sermão de Santa Cruz, enquanto
na procissão do Senhor dos Passos, no Funchal, o bispo falava de caridade e esperança.
O bispo D. António paramentou-se a rigor no domingo para cruzar as ruas do Funchal com o rosto transbordante de fé, religiosidade e, se não foi deficiência óptica, de apelos ao amor pelo próximo. Os espíritos mais ou menos sensíveis que assistiam à procissão, ao verem desfilar o andor com a estátua do Senhor dos Passos debaixo daquele doloroso madeiro da cruz, evocaram certamente o sofrimento de um Homem que na sua passagem pela Terra deu tudo pelo semelhante, pregando e exemplificando como devem os seres racionais comportar-se no quotidiano perante o próximo.
Em que pensaria o Bispo, no seu recato de responsável máximo da igreja madeirense, ao passar entre as duas alas de fiéis desempregados, esfomeados e com um futuro incerto? Na ocasião de homiliar, sua ex.ª rev.ª disse que o sofrimento de Cristo transmite um sinal de esperança, numa visão estóica e masoquista um tanto incompatível com os tempos que vivemos. Incentivou também o povo católico a procurar Jesus para um encontro marcado pela reflexão e por um estímulo à caridade. Terá recordado D. António que, momentos antes, no adro de Santa Cruz, um homem decrépito muito bem relacionado com a igreja insular fazia um sermão ao povo que saía da missa com referências a quem anda a "mamar em tetas" e aos inimigos a quem urge tratar da saúde?
O bispo fala em bons exemplos e ei-lo a permitir que os vendilhões do templo andem de adro em adro a enganar o povo e a vomitar farisaísmo por todos os poros. Discursa ao bom estilo de Frei Tomas, dando bons conselhos, mas comportando-se ao contrário do que manda fazer. Em vez de se ocupar em manobras cerimoniais de diversão para bater no peito pancadas cínicas, o homem das Quatro Fontes devia pegar no azorrague e seguir o exemplo de Cristo. No Templo de Jerusalém os mercadores faziam negócio, ocupando o espiritual com os seus interesses materiais. Jesus Cristo pegou num chicote de cordas e pô-los todos a mexer dali, com ovelhas, bois e galinhas atrás, acabando por atirar ao chão bancas e os dinheiros.
O trabalho do representante de Deus cá na desgraçada Madeira consiste, pelo contrário, em receber os dinheiros que o "rei das Angústias" subtrai à difícil subsistência do povo, para que haja prosperidade na igreja e templos atractivos que no entanto se esvaziam progressivamente por causa do desencanto de um povo massacrado que prefere deixar as ínfimas economias nas mãos de seitas que proliferam já nesta terra, como o "reino de Deus".
Outro "exemplo" de D. António é permitir o uso do nome da igreja num projecto eminentemente partidário-governamental como é hoje o Jornal da Madeira, colaborando numa manobra assassina que visa o concorrente Diário de Notícias, vítima dos subsídios oficiais de 11 mil euros diários concedidos ao outro periódico. Mas padecem também os próprios trabalhadores do JM, com a espada do desemprego sobre a cabeça. O uso dos dinheiros que os vendilhões traficam no templo fica assim mais prático do que voltar aos tempos em que a diocese trabalhava com sacrifício para manter o seu jornal diário, sem subsídios de ninguém e saudável estabilidade laboral.
Ainda um outro "estímulo à caridade" nos costumes do bispo: a perpetuidade na suspensão do padre Martins Júnior, que D. António prometeu ultrapassar quando para cá veio reforçar o poderio laranja regional. Nesses momentos iniciais, choveram promessas de distanciamento em relação aos poderes terrenos. Mas não demorou nada que tal "sinal de esperança" murchasse para dar lugar a uma promiscuidade com a política ditatorial jardinista que mandou para o esquecimento o já de si tenebroso teodorismo anterior.
Mais uma vez, o povo não se pode queixar. Várias vezes dispôs de mecanismos para mudar o estado calamitoso da Madeira e não o fez, pelo contrário, incentivou o "rei das Angústias" a fazer pior na perseguição aos mais fracos e na permissão de riquezas humilhantes para 250 mil almas. E mostrava-se o sr. rei, neste domingo, muito incomodado por haver gente a "mamar na teta do regime". Reparou agora? É surdo? Não tem ouvido falar da "Mamadeira" tão popular entre os comentadores? Nem sequer se lembra dos "chupistas" de que falou Sara André referindo-se ao seu próprio partido laranja?
Se, por acaso, o "rei das Angústias" se fosse confessar a seguir ao sermão que deu ontem (aos seus deputados e autarcas, porque o povo não trabalha sem subsídio à vista), em vez de penitência receberia um prémio pela sua enternecedora candura.
Oxalá que este bispo e este sr. rei exerçam as suas delicadas funções por muitos anos, porque o eleitorado gosta de sofrer e de ser humilhado.

(Imagem Google)

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