Farsadas orçamentais
Começou há poucas horas a montagem da feira orçamental para 2012. Mas, afinal, que são orçamentos à moda da Madeira? Para que servem? Que receitas e despesas pretendem mesmo projectar? Que raio queria dizer aquele aflitivo balbuciar de Ventura Garcês na conferência de imprensa, sobre não sei quê dos funcionários públicos, que talvez vão para o desemprego ou talvez não, se não for pelo contrário?
Francamente, escusa-se qualquer análise aos dados lançados esta tarde pelo atordoado secretário das Finanças. Para quê discutir se são mais 50 milhões para aqui ou 60 milhões para mais acolá? Na realidade, os 2,2 mil milhões da conta prevista já se encontram cirurgicamente encomendados, por mais disponível que se apresente a oposição para tomar parte na récita parlamentar dos surreais debates marcados para 13-16 deste mês. Debates, é claro, para dar um ar de credibilidade a uma projecção financeira desprovida de substância, escrita com os pés nuns papéis quaisquer - e passados a uma pen para o sr. presidente da Assembleia se sentar à frente do ecran do PC (salvo seja!) e andar para cima e para baixo com o rato, de maneira a que secretárias e contínuos julguem que ele pesca patavina daqueles activos e passivos.
O governo garantirá estes dias que se trata de um orçamento de rigor (já garantiu, no seu jornal oficial, o JM, que é um "orçamento de responsabilidade"). A oposição dirá o mesmo que diz de há 30 anos para cá: o orçamento está "empolado". Ele será entrevista para aqui, controvérsia para lá, o soba das Angústias lá em cima na Quinta do Infante, de havano e copo de conhaque na mão, a rir que nem um perdido perante o relato parlamentar pela rádio, com as duas passagens para Bruxelas devidamente marcadas para descansar de tanta gargalhada, mas entretanto ainda faz a tradicional "perninha" no encerramento dos despiques, para se exibir diante das câmaras de TV, gastando o tempo de antena e satélite que entender porque de contrário chama "exóticos" e "maçónicos" aos homens da RTP-M... E também chamará tontos e ignorantes aos adversários, para desmontar em duas palavrinhas as críticas dos comunas e dos fascistas, deixando o povo pasmado com tanta sabedoria num rei que só tem um olho...
...Evidentemente que aquilo é tudo aprovado pela maioria do Jaime.
E finalmente vai-se para a vida real do resto do ano, a doer, em que as duas colunas do malfadado orçamento arrancam couro e cabelo ao contribuinte: na coluna das receitas, o governo sobe os números líquidos... liquidando os últimos cêntimos do povo através de impostos e do corte dos subsídios de férias e de Natal; na outra coluna, para minorar as despesas, o governo manda funcionários públicos para casa desde que não sejam familiares ou comissários activos do laranjal, além de também cortar nos telefones e no papel higiénico das repartições.
De resto, o dinheiro irá parar a boas mãos empresariais, quando se chegar à elaboração e execução do Plano.
Perder tempo com a farsada anual que será mais do mesmo? Perdoem, senhores, mas eles que vão bugiar. Temos muito que conversar e politicar à séria para nos perdermos nisso de orçamentos estapafúrdios previamente aprovados pelo Jaime e seus amigos.
Só para terminar: Ventura Garcês anunciou que o governo regional se esforçará por arrecadar 25 milhões com receitas da privatização da Horários do Funchal, dos Cimentos Madeira, da Electricidade e das sociedades desportivas. Estamos bem entregues. O roto a pedir dinheiro aos esfarrapados! Só podem estar a troçar do povo ingénuo. Pegar na electricidade, não haverá quem pegue, já que a empresa não resiste a tanto adiantamento ao governo para vencimentos da função. "Pegar" nos Horários, quando muito os motoristas que estão na escala de serviço. Cimentos, que parte o governo tem lá? Quanto a futebóis... o próprio chefe das Angústias previu que as sociedades do desporto valeriam, quando muito, um euro cada uma!
Sr. Garcês, perante o caldo em que está metido, finja uma gripe crónica e recolha-se na Ribeira Brava por uns dez anos. E não volte sem ter a certeza de que ele já foi.
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