Powered By Blogger

quarta-feira, 7 de março de 2012

Politicando


Argumentos com barbas do cacique
passam bem na capital

O homem da Quinta das Angústias, indevidamente chamada Quinta Vigia, mantém-se fiel ao estilo dialéctico que emprega de há décadas para cá. Ouçamo-lo no que disse ontem na capital alfacinha: "O presidente dos Açores fala da Madeira para disfarçar a sua incompetência." Ou: "A Madeira não tem que responder às críticas dele [de Carlos César]".
Assim tem feito ele na Madeira, desde que tomou conta da cadeira dourada nos alvores da Pedra Lascada. Um dirigente da oposição demonstra com números o descalabro da política orçamental para o ano tal. Ele responde: "Esse é comuna e ainda por cima forasteiro." E está respondido. Um ambientalista suplica aos responsáveis que abram os olhos e previnam as ribeiras para o Inverno. O homem comenta: "O borda de água mais uma vez quer fingir que percebe alguma coisa de engenharia." E mete-se no carro tranquilamente direito para o seu conhaque e o charuto na cadeira de cabedal à beira das araras da quinta.
Ontem foi assim, com uma particularidade: as suas não-desculpas esfarrapadas desenrolaram-se em plena Lisboa, diante de jornalistas que não correm o risco de ir parar ao desemprego ou de ver os familiares enxovalhados e também despedidos se estiverem a jeito, como acontece na Madeira.
O "sua excelência" das Angústias chamou incompetente e asneirão a César, ao ser desafiado a responder a uma  declaração do presidente açoriano que transcrevo: A Madeira, que está receber assistência financeira do Estado por causa de uma dívida pública de 6,5 mil milhões de euros, é parte integrante do “disparate financeiro” que conduziu o país à intervenção do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia. E a mais esta: Os Açores cumprem “com todos os rácios e com todos os indicadores que o país procura atingir e ainda não atingiu".
E por aí fora. A resposta foi "incompetente", isto e mais aquilo. No máximo, o soba da Madeira perorou: “Nós estamos ao nível à volta dos 100 por cento do PIB per capita médio da União Europeia. Ele está abaixo dos 75 por cento. O problema é dele, não é meu. Ele que se preocupe com ele e as asneiras que fez.”
Ou seja, uma generalidade ao alcance de um puto do 6.º ano.

Que César o leve para o exílio

Para arrumar o tema, o chefe de cá fechou a contagem: "A Madeira não tem que lhe responder (a César)." Perceba-se o alcance: a Madeira. Ele estava a ser arguido na conferência de imprensa peripatética, ele é que faz os défices, financeiro e democrático. E ele mete a Madeira no barulho, porque o chefe não tem culpa de nada e assim foge à pancada. Quando se trata de uma obra de fachada, foi ele que fez, porque os madeirenses, coitados...
Títulos de telejornais e da imprensa:, depois da récita mediática: Fulano chama César de asneirão. Fulano entende que a Madeira não tem que responder a César.
Talvez não fosse má ideia titular de outra forma: Fulano foge como o diabo da cruz a perguntas comprometedoras sobre os buracos da sua política financeira. Fulano incapaz de se justificar perante os argumentos de César. Ou, se fosse numa análise económico-financeira: Fulano percebe de contas menos ainda do que Ventura Garcês.

“Ainda bem para os Açores que ele vai embora”, arrumou definitivamente o chefe da tribo, espantando todos os jornalistas com a profundidade e sublimidade do seu pensamento.
Para os desventurados madeirenses, que pena Carlos César, que até sai da liderança açoriana por livre vontade, não poder dizer o mesmo sobre o homólogo da Madeira.

Sem comentários: