Seca de chuva e de transportes marítimos
O "Lobo Marinho" saiu esta manhã no habitual horários das oito para o Porto Santo, debaixo de um céu que promete mais um dia de seca na Madeira. Passou pelo "Aida", este ainda atracado à Pontinha, e por um outro cruzeiro de chegada ao porto, vindo de sul, e seguiu a sua viagem para os areais de José Lino.
Deixou na espuma da marcha e do ronronar sonolento audível em vários pontos do Funchal a lembrança do problema deixado pela saída do Armas da linha da Madeira. Durante uns tempos, os ilhéus voltaram a dispor de meio de transporte para viajar seguindo pelo mar. Mas eis regressado o tempo em que ir a Lisboa só de avião.
Ainda este fim-de-semana, lá voltou chefe das Angústias a perorar catilinárias contra os que "instrumentalizaram" o processo que levou à partida definitiva do armador Naviera Armas, acrescentando aquele comunicado final do conselho regional PSD, "esgalhado" pelo chefe, a sós, mas com o poeiral a dizer que os conselheiros se pronunciaram, lá voltou ele a disparar: esse processo foi "cirurgicamente despoletado e manobrado na ocasião em que foi". Ou seja, quando faltam razões para justificar ineficácia governativa, como foi descaradamente o caso, lá vem a alusão às manobras, instrumentalização, a ocasião escolhida.
Abrindo o precedente de satisfazer as exigências da Naviera, a gestão dos portos acabaria insustentável - acrescentou ainda o comunicado, resultante dos renhidos "pronunciamentos" dos interventivos conselheiros alaranjados. Se esse resultado da discussão vinha já nas conclusões que entraram na reunião já devidamente redigidas é porque o pastor conhece profundamente o seu redil e já previa a conclusão que sairia do debate sobre a navegação.
O povo assim quer e lá continuamos nós sequestrados nas unhas do "bojardas" das Angústias, que agora, para distrair os seus invertebrados eleitores, se põe a despejar críticas sobre um dos parceiros do governo central, quando até há pouco atacava quem se atrevia a "envenenar" a unidade do executivo, invocando então ele, "bojardas", as graves circunstâncias em que se encontram o País e a Região.
Estamos sequestrados concretamente, realmente, objectivamente: há quem se recuse a viajar de avião e não pode sair da ilha. Não é sequestro? Falta de transportes num 3.º milénio em marcha? Recordemos: até ao início dos anos 70, era só escolher navio e comprar passagem para sair da ilha. Instalada coercivamente, para mal dos nossos pecados, a tal autonomia do soba das Angústias, com aval recorrente do manhoso povo desta geração, é tudo como o rei manda: se não gostas de avião, atiras-te no Caniçal, para ser mais perto, e nadas até ao Continente.
Resta esperar pela viragem. Que numa alvorada qualquer se reerga com energia esta Região desgraçada, desfeita em cinzas por um ditador de trazer por casa mas que tem conseguido vender a sua banha-de-cobra aos incautos e aos oportunistas.
Precisamos de navios que arranquem a Madeira ao vergonhoso isolamento a que foi propositadamente remetida, com excepção do curto período em que o Armas levou alguns para fora, embora para o Algarve, longe da capital. Os contribuintes devem exigir o fim do inacreditável sequestro. Queremos sair quando quisermos. Altos interesses amordaçam os nativos para que fiquem dependentes da situação montada nos transportes marítimos que temos?
Pois, eis o resultado que as mentes liliputianas têm conseguido com as votações no tal rei de um só olho.
O tempo esta manhã promete mais seca. A juntar à seca nas ligações marítimas.
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