Kafka ainda reina na Madeira
3 de Maio de 2012
A liberdade de imprensa, cujo dia Mundial hoje se comemora, continua a ser maltratada todos os dias na chamada Região Autónoma da Madeira – fenómeno a que no Continente continua a dar-se muito pouca ou nenhum atenção, a começar pelo PR, PM e AR. Como se o que ali se passa fosse normal ou sequer suportável em termos democráticos.
A coisa é de tal monta que, mesmo com os duros cortes impostos pela troika e pela dupla Passos Coelho/Vítor Gaspar ao desgoverno liderado por Jardim, este conseguiu manter, no Orçamento Regional 2012, três milhões de euros para publicar diaria e ‘gratuitamente’ o oficioso “Jornal da Madeira”, o único periódico estatizado português, onde os ‘jornalistas’ não passam de marionetas dos desgovernantes, só é publicada opinião laranja e toda a oposição é silenciada e enxovalhada.
Numa altura em que a situação social na Madeira consegue, apesar da desgraça que vai pelo Continente, ser a pior de todas as regiões do País, ali existe um luxo asiático de propaganada travestido de jornal de informação intitulado “Jornal da Madeira”, que custa a todos os contribuintes três milhões de euros (nos anos anteriores esse escândalo subia aos 5 milhões) mas é distribuído gratuitamente pelas ruas e repartições oficiais, embora na capa conste o preço de … 10 cêntimos. O que, evidentemente, para além da imoralidade e ilegitimidade que encerra, faz batota na concorrência com outros órgãos de informação existentes na região, um dos quais, o “Diário de Notícias” do Funchal – um dos mais importantes e bem feitos jornais regionais do Portugal – acaba de anunciar a redução de 10 por cento nos salários dos seus profissionais, durante um ano, para reduzir custos e poder continuar a sair todos os dias contrariando a vonte expressa do desgovernante Jardim.
Ao mesmo tempo, soube-se hoje, a CNE mandou arquivar uma hilariante e despudorada queixa contra o “Diário de Notícias” do Funchal, assinada pelo inefável e inenarrável Jaime Ramos, secretário-geral do PSD da Madeira, durante as eleições legislativas do ano passado.
Para se ter uma ideia do absurdo reinante naquela região de Portugal, nada melhor do que ler essa notícia hoje publicada e o comunicado do jornal Diário do Notícias do Funchal anunciando os cortes salariais e as razões que lhe deram origem.
Ribeiro Cardoso
3 comentários:
É digno de análise o silêncio ensurdecedor que este tema gerou. Ninguém se atreveu a comentar este texto de alguém que foi alcunhado como detentor de "problemas psíquicos". Cito de memória pois nessa altura (publicação do livro Jardim a grande fraude)não estava cá e posso não ser exacto.Já nem coisas destas dizem.Um "J" exacerbado poderia ter vindo à liça
Tem toda a razão, Caríssimo Doutor. Há silêncios a que nos habituámos e hoje chegam a parecer normais.
Tristeza.
Caros Luís Calisto e Jorge Figueira
Os subsídios ao JM foram negociados pelo jardinismo em troca da vergonhosa capitulação perante o ministro das Finanças. Foram-se os dedos, mas ficou um pequeno anel (de chumbo, diga-se em abono da verdade).
Esta batota do jornal a 1 cêntimo, caricata e grosseira, faz lembrar "Ricardo III" que, na peça de Shakespeare, gritava após a derrota: "O meu reino por um cavalo". Neste caso, de Tróia.
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