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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Madeira ao Vivo

A VOLTA DO 'FECHA-FECHA'...


...Mas em versão light, à Madeira Nova


Polvo, lapas, patinhas de porco, picadinho, imperial... Outros tempos, na antiga 'Concha'. Na Madeira actual, é dose à jardineira.


"Fecha-fecha" foi palavra de ordem nos conturbados dias da Revolução da Farinha, em Fevereiro de 1931.
- Ai querem impor um monopólio de padarias para moerem o bolso e o juízo ao povo com o preço insuportável do pão? Pois bem: toca a rebentar foguetes e granadas, para convocar o povo massacrado ao Campo Almirante Reis. Todos às 'vendas' da zona para se municiarem cada qual com o seu 'endireita-gibas', aquele canelo de lenha que deixa marca ao zunir no lombo de qualquer um e... Embora, todos, pela cidade além a fechar o comércio!

Todos de 'endireita-gibas' ao alto, como tão bem contava o escritor Carlos Marins. Ala!, pelos negócios todos a brandir o cacete e a ordenar 'fecha-fecha'. Com que então, este vendeiro diz que não tem ordem para... Não demora um minuto para que a intimação popular se concretize.
No caso de um teimosão, parece que ali para os lados da Rua dos Ferreiros, a populaça fecha-lhe as portas da baiuca, depois atravessa umas tábuas por fora e sela tudo com pregos não sabemos de quantas polegadas, com o traidor lá dentro.

À época, a polícia, evidentemente, andou fugida uma semana, porque se aparecia na rua um daqueles 'armões' que gostavam de arriar pancada quando levavam ao calabouço um desgraçado 'com um grão na asa', estava bem arranjado.

Os anos passaram e agora o povo respeita cegamente aqueles que lhe arriam pancada todos os dias no depauperado bolso e na inteligência. O 'fecha-fecha' é outro, porque a civilizada sociedade não gosta de greves nem de manifes. Quem fecha o pouco ainda aberto é a política desgraçada que nos corrói vai para 40 anos, por decisão do povo superior reiterada mandato a mandato!
Encontrámos agora um negócio carismático de portas fechadas: 'A Concha', na Rua dos Murças, que acompanhou duas ou três gerações de madeirenses. Depois de várias tentativas para ressurgir em pleno, voltou ao papelinho que anuncia obras e reabertura em breve. Pois.
Não é só 'A Concha' em dificuldades. Os outros negócios da zona padecem com a crise mundial, redobrada nesta terra pelas loucuras do regime jardineirista. Onde está aquele movimento, o copo e a cavaqueira do 'Stand', a célebre 'machiqueira' do Sr. Agostinho? E os fregueses a disputar o atendimento dos vários empregados nos tempos áureos do 'Vera Cruz', com sanduiches, doses e dentinhos irresistíveis? E as enchentes do 'Mesão'?

O Vera Cruz continua como símbolo da baixa funchalense, mas com menos gás, tal como a concorrência.


Qual fechar às 10 e às 11 da noite! Qual ficar dentro do negócio, de sexta para sábado, com deputados e empregados da zona, até às cinco da manhã!
O problema é que não se trata de a rapaziada ter tomado juizo. Falta é o dinheiro para passar um bocado em grupo, a petiscar e a debater assuntos sem ordem de trabalhos.

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