O verdadeiro pai do Estatuto
Não se há-de rir, o antigo candidato à Distrital do PSD-Lisboa e pai de aluguer do Estatuto! |
Quem melhor do que o antigo deputado PSD e constitucionalista sr. Jorge Bacelar Gouveia para publicar livros a falar de leis específicas da Madeira e até dos Açores? "Autonomia Legislativa das Regiões Autónomas", obra apresentada esta tarde em Lisboa, na Universidade Autónoma, muito pouco trabalho deve ter dado ao especialista no assunto. O homem já teve de "empinar" a matéria toda em tempos, para responder aos pareceres sobre estatutos que lhe chegaram dos Açores. Quanto à Madeira, mais familiaridade ainda: coube-lhe um convite discreto para praticamente elaborar o Estatuto Político-Administrativo da Região, que mereceria votos unânimes nos parlamentos local e lisboeta. Mas de tal modo que se passou a considerar o vice-presidente do governo regional como "pai do Estatuto".
Evidentemente que as directrizes foram fabricadas cá. Todos os cuidados para impedir que alguém limitasse o número de mandatos do presidente do governo regional. Presidentes de câmaras é lá com eles, se tiverem de sair, paciência. Chefe das Angústias, eternamente no cargo. E atenção para garantir o duplo vencimento do alapado domador de araras. O resto que se dane. Mas aquele robusto vencimento do chefe das Angústias, reforçado com a reforma dourada, isso é chão sagrado.
Condições apresentadas com toda a clareza, para evitar enganos e rasteiras, Bacelar Gouveia deitou mãos à obra e "esgalhou" com todos os cuidados o bendito Estatuto, que depois assentou arraiais nos gabinetes da vice-presidência.
Quanto a Bacelar, ganhou bom dinheiro com a sua "colaboração". O povo pagante nem sentiu e por isso nada que reclamar. O contribuinte até pagou um parecer pedido ao mesmíssimo Bacelar por Miguel Mendonça, quando por aí perpassou a exigência de cortar um dos vencimentos do presidente da Assembleia. Ora, Mendonça, que fizera birra com Jardim para continuar no seu lugar da Assembleia, alegando premente precisão de avolumar a conta pessoal cada dia 25, tinha de se mexer, como se mexeu.
Enfim: há um pai de aluguer que vai enriquecendo fabricando trabalhos para os outros brilharem e defenderem os direitos adquiridos. E muito bem, pagamos nós o risível e obsceno serviço.
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