Que facilidade na circulação automóvel para um sábado de manhã no Funchal! Algum novo sistema sofisticado comprado (a crédito) pela Câmara tendo em vista fazer fluir o tráfego? Sinaleiros terão voltado para substituir os semáforos que nos fazem parar de cruzamento em cruzamento?
Passa meia hora das nove e a descida da 5 de Outubro, da Ponte Nova para baixo, é aquilo a que se chama... "uma limpeza". Deve ser impressão, coincidência, um momento mais desafogado na avalancha normal de carros. Mas, diachos, os parcómetros à frente do Tribunal, normalmente disputadíssimos... ei-los praticamente vazios!
- Mas que dia é hoje? O 3 de Março será feriado de alguma coisa que tenha escapado ao Passos Coelho?
E vai por aí além, o ardina do "Diário" no Largo do Colégio, rapaz ruivo que às vezes aparece nas fotografias do Chão da Lagoa e das festas eleitorais do cavalheiro das Angústias, o rapaz aflito com a falta de movimento na zona e por consequência de fregueses... Câmara Pestana, Avenida Zarco, Avenida Arriaga, qual vivalma! Sábado de manhã, sábado, dia de trabalho para muitos e de compras para outros... Antigamente.
Já ontem, para comprovar queixas de amigos sobre a pasmaceira diária da capital a partir das sete da tarde, frouxidão que me disseram eles afugentar o contribuinte mais ansioso por uma voltinha na baixa, fomos ao centro funchalense e reparámos no mesmo: seis e um quarto da tarde de sexta-feira, dia usualmente insuportável de movimento a essa hora, e o Funchal parecia mergulhado num dia de Natal, esse dia de Festa em que o malandro do povo fica em casa a curar a ressaca e então diz, azoado, que não tira o pijama por ser dia de estar tudo em família.
Raridade: 3 esplanadas simultaneamente desertas numa
manhã de sábado... e um sábado de trabalho, não algum feriado
que escapasse a Passos Coelho!
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Voltando a esta manhã de sábado, poucas horas atrás, registámos um momento para nós inédito: as esplanadas do Apolo, Café Funchal e Centro da Sé, as três somadas não tinham um cliente que fosse. Sábado de manhã, nove e meia, dez horas. A sério, senhores.
"Quando há navios, ainda temos movimento, mas assim..." - desabafo de um empregado do Apolo.
Porém, o "Aida" entrava na Pontinha e o marasmo não desataria. Feriado? Não. Crise? Dupla crise, isso sim. A mundial e a que sua excelência criou nos 30 e tal anos de loucura. Ninguém tem um euro para vir tomar café à capital.
Papelarias fechadas
A velha papelaria onde nos chegaram os primeiros cheiros
a livros e cadernos novos, borrachas e tinta permanente pode voltar,
mas entretanto provoca saudades.
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Queixava-se a mãe de uma criança que precisava de um livro escolar e...: "Não encontro uma papelaria aberta!" Sim, ainda esta manhã de sábado. A Papelaria do Colégio parecia a meia porta, a Condessa continua encerrada para remodelação (remodelar para que ramo?), a Livraria Esperança de portas fechadas... E o Centro Tavira deixou de ser solução, porque os lojistas tratam de se desfazer dos negócios uma vez que até ao fim do ano todo o prédio, incluindo o Hotel Monte Rosa nos pisos superiores, fechará para restauração. E depois ninguém sabe o que sairá dali, se expansão do hotel para baixo, se regresso a centro comercial.
Baile de fantasmas à volta da MIMO
Imagem que retrata bem a decadência em que "isto" está. |
Responsáveis da CMF e ideólogos de entidades várias continuam a defender a ideia do repovoamento da capital madeirense, que de facto tem cada vez menos habitantes. Mas os resultados não estão a ser exactamente os pretendidos: o Funchal está a povoar-se, sim, mas de fantasmas que chegam sem se dar por eles, apesar de se cobrirem de papel de jornal em vez dos tradicionais e aterrorizadores lençóis com olhos.
Esta manhã vimos a "Mimo"... "fechada para obras". Não sei há quanto tempo se encontra nesse estado, mas é um vazio dar de frente, por baixo do conhecidíssimo letreiro de caracteres garrafais, com o fantasma da tradicional pastelaria, que faz parte da história da baixa: um par de garrafas sujas nas montras abandonadas, poeiras acumuladas, papéis a forrar a porta por onde figuras míticas do Funchal entraram e saíram... e o papelucho com o inevitável "Encerrado para obras".
Não sei a que propósito vem isto, mas em Fevereiro os desempregados devem ter atingido os 22 mil!
Enfim, obras da "obra feita". Esta Madeira Nova desmorona-se como um castelo de cartas!
A MIMO está devidamente acompanhada de mais dois "encerramentos para obras", paredes meias. |
O Centro Tavira já deu prazo para que os comerciantes "desamparem as lojas". |
Este interessante quadro já tem anos de serviço suficientes para com todo o mérito integrar o roteiro histórico e cultural de S. Pedro. |
2 comentários:
Será que o povo vai abrir os olhos já nas próximas eleições? O povo madeirense também é culpado pela situação! Vamos ver.....
Concordo consigo. O povo é culpado com todas as letras.
LC
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