3 de Abril 2019

Gaba-te, cesto

Em política, é preciso mostrar obra, porque normalmente o eleitorado dorme e não valoriza quem merece recompensa. Mas, que diabo, 'há tantas maneiras de matar pulgas' (sem ofensa ao PAN).

Ainda ontem, a Comissão Política Regional (CPR) do PSD, presidida por Miguel Albuquerque, concluiu que se deve 'congratular' com a execução do programa do Governo presidido por Miguel Albuquerque. 

Na mesma reunião, que como sempre decorreu ao sabor da união nacional, Albuquerque enalteceu a redução dos passes sociais deliberada por Albuquerque.

Mais: Albuquerque enalteceu os esforços de Albuquerque para melhorar os índices da Economia.

Albuquerque, enquanto presidente da CPR, elogiou o Albuquerque chefe do Governo pelos êxitos na resolução dos problemas que afectavam professores e enfermeiros.

Pergunta que não ofende: o PSD-M não tem deputados, TSD, JSD, Secretariado e autarcas que peguem num microfone e apregoem os itens que o governo quer ver elogiados?

Se cheira a hipocrisia, paciência, prefiro-a em nome do bom gosto. Porque aquela gabarolice, assim directa, a ferro frio, deixa-me o estômago às voltas. Todos padecemos de uns laivos de narcisismo, mas tenhamos a decência de dominar até ao limite do possível as atitudes e as asneiras arrogantes e afectadas que provocam vómitos no auditório.

A política é conteúdo, mas não vai a lado nenhum se não cuidar das formas.

Ultimamente vê-se menos, mas, nalgum tempo, Jaime Ramos, na sua estratégia de líder parlamentar, mandava brigadas de deputados elogiar 'in loco' o trabalho das câmaras laranja. Chover no molhado, já que só haveria notícia se os deputados fossem criticar alguma coisa numa câmara da sua cor.

Troca de elogios em família.

Não vou falar aqui do caso Cafofo/PS, porque não preciso de ir ao extremo do 'emproanço' para me fazer entender. Esses, os PSoas, rebentam com a escala, mesmo sem virtudes nem qualidades que justifiquem o menor grau de vaidade.

Não é? 

Dizem a Cafofo que há 13 mortos e 50 feridos a ser transportados do Monte para o Hospital e ele, depois de reflectir um bocado, faz uma declaração à imprensa para gabar o esquema de segurança montado pela sua câmara no arraial e que não há nada a apontar ao excelente trabalho das equipas municipais, pelo contrário, como sempre a equipa liderada por ele, Profe Mentiras, actuou como nenhuma no mundo, e se alguém tiver dúvidas que pergunte à insuspeita LPM.

Com a Insular de Moinhos a arder, o Picareta, que desta vez não se trancou em casa, mete-se à frente das câmaras de TV, não para fazer um ponto da situação aos funchalenses - se o fogo está controlado, se existem ameaças de vento, se os bombeiros conseguem tornear os problemas com as bocas de incêndio e qual o plano implementado para cortar as vasas ao sinistro -, mas em vez desse ponto da situação pelo qual anseiam os telespectadores, o rapaz põe aquele ar irritante de tolo-pretensioso para alardear a 'excelente' coordenação que a câmara montou para o combate às chamas e o trabalho de qualidade realizado pela sua equipa, aliás a melhor da Madeira, Bugio, Ilhéu Chão e Selvagem Grande.   

Repito: oxalá que estas rãs não rebentem antes de 22 de Setembro.  

Ontem mesmo, Rui Barreto, líder do CDS, meteu-se a meio da plebe nas paragens de autocarro para reivindicar de peito feito: Fomos nós a propor a baixa de preço do passe social, os senhores vão poupar muito dinheiro graças a nós, agradeçam aqui ao CDS, que até somos gente de ir à missa.

Não haverá outras maneiras de associar a medida dos passes a Rui Barreto e ao CDS, de maneira que a populaça não se sinta indisposta com a gabarolice? Não seria melhor os da câmara municipal se mostrarem seguros e competentes nas horas complicadas em vez de puxarem a brasa à sardinha enquanto fazem selfies para mais tarde recordar (as asneiras)?

Pois. Não têm segurança nem competência nenhuma para usar. Daí a necessidade dos bicos-de-pés.

Gaba-te, cesto, que vender-te quero.