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domingo, 1 de dezembro de 2019




A CACETADA







Gil Canha


A recente “guerra das barraquinhas” de Natal na denominada Placa Central da Avenida Arriaga acabou da pior forma, com uma resolução estapafúrdia, desproporcionada e autoritária do Governo Regional, que na minha opinião, abre um precedente gravíssimo, um verdadeiro rombo no chamado poder e autonomia local dos municípios, ganho a muito custo e a pulso, desde a constituição de 1822 (inspirada nas circunscrições administrativas napoleónicas), reforçado pela sábia legislação de Mouzinho da Silveira, e depois cimentado pelo movimento republicano de 1910 e pelo próprio 25 de Abril de 74.
E, pior ainda, esta medida “a cacete” do Governo Regional, agrava a crise de AUTORIDADE da Câmara Municipal do Funchal, já de si abalada pelos últimos anos de  “bandalheira cafofiana”, onde o espaço público municipal foi tomado de assalto por privados, perante a complacência e passividade da autarquia.

Uma questão que poderia ser resolvida com diplomacia, racionalidade e bom-senso terminou à “cacetada”, como era hábito entre bárbaros, como fez Clóvis, rei dos Francos, quando desfez a cabeça dum seu guerreiro, por causa de um simples vaso.  Em termos atuais, o governo regional matou um mosquito com uma feroz patada de elefante.
Voltando às barraquinhas, há uma tendência crescente para se cair no exagero no número de telheiros e outras foleiradas montadas naquele espaço, mas, para mim, o mais grave é a montagem dum inestético barracão de venda de bebidas e outros petiscos em frente à entrada principal do nosso Teatro Municipal. Gostaria de ver estas mentes cosmopolitas que nos governam fazerem o mesmo, e desculpem o meu exagero, em frente ao Scala de Milão ou no Royal Opera House, em West End, em Londres, e iriam ver o que seria “bom para a tosse”.
Como é de conhecimento público, sou um feroz crítico da administração cafofiana da nossa Câmara Municipal, principalmente porque copiaram a papel químico o pior do jardinismo. Mas, como munícipe e ex-vereador da nossa cidade, não posso aceitar, de maneira alguma, a irracional e disparatada resolução do Conselho do Governo, que usurpou duma forma grosseira e anticonstitucional as competências do município. E o mais absurdo e caricato é ser o estroina do Presidente do Governo a tomar esta atitude prepotente, quando no passado defendeu precisamente o contrário.
Quando o Governo de Jardim alterou por decreto legislativo a classificação da Rede Viária Regional (DLR nº1/2013/M), em que retirou à Câmara Municipal do Funchal as vias que ladeavam as nossas ribeiras por causa das obras de afunilamento das fozes das ribeiras de Santa Luzia e João Gomes, e que a Câmara de Miguel Albuquerque era terminantemente  contra, assisti, com verdadeiro assombro e algum divertimento, os duros ataques que Miguel Albuquerque e sua equipa fizeram na altura ao Governo de Alberto João. E vejam só o que foi dito na célebre reunião de Câmara de 3 de Janeiro de 2013 (se querem rir vejam a Ata nº 1/2013), onde só faltou tirar os olhos ao Pap Doc da Quinta Vigia:
O que se pretende através deste expediente legislativo é o Governo se apropriar de património público municipal”; e veio mais  carga logo a seguir, “impedir a Câmara do Funchal – e indiretamente os Funchalenses – de exercer as competências que legalmente lhe estão atribuídas na gestão da Cidade”; e os rebeldes da altura, hoje no Governo, vão mais longe e disparam: “Esta situação é tanto mais grave e grotesca, quanto é certo que tudo isto foi congeminado à revelia e sem conhecimento da Câmara Municipal, que hoje constata, pura e simplesmente, que o seu património público é-lhe sonegado sem qualquer explicação”; e sem perder fôlego, acusam o governo jardinista de usar “este expediente prepotente e arrogante, de desrespeito absoluto por órgãos democraticamente eleitos”, o que para eles, na altura, autodenominados renovadores, “significa que a Câmara fica impedida de exercer as suas competências legais”, e toma lá mais esta… “Acresce que este ato, de subtração de património público e privado municipal, é feito por via impositiva, sem qualquer explicação de motivos ou justificação de interesse público”; e começa a metralhadora dos sublevados a matracar… “Através deste ato fica demonstrado que este Governo não respeita nem as competências, nem o Património Municipal, e que olha para esta Câmara como um mero obstáculo aos seus surtos de construção pública desenfreada” (Este Miguel Albuquerque é mesmo um troca-tintas), e continua a fuzilaria… “O Município utilizará todos os expedientes legais e administrativos neste caso, para salvaguardar o seu Património e as suas atribuições na gestão da Cidade, que lhe foram democraticamente atribuídas pelos funchalenses.”
Fechei a minha boca de satisfação e espanto, nem queria acreditar no que via e ouvia, os albuquerquistas tinham-se radicalizado como a malta do PND, pareciam guerrilheiros zapatistas de chapéu de palha a caminho de México City.
E, anos mais tarde, o mesmo autarca Albuquerque, o mesmo vereador Calado, por causa de umas míseras barracas, mudam de casaca com a mesma rapidez que as meninas dum serralho turco se vestem de negro para ir à missa.

37 comentários:

Anónimo disse...

Depois queixam-se do governo central andar a "empatar" os assuntos da Madeira é com essas cenas de "Bullying" contra o partido do Costa que so prejudicam a região.

Anónimo disse...

Canha, na lógica de fundo, tens razão. A questão é que este problema surge devido a uma birra do Picareta, porque o PS não conseguiu fazer o que queria na Assembleia Municipal do Funchal. Chateadinho, tentou vingar-se onde pensou que faria mais dano. Teve azar, foi obrigado a engolir 50 barracas, sem poder dar o jeito aos amigos do costume...

Anónimo disse...

Bem desmontado

Anónimo disse...

No tempo de Salazar, o governo também podia dissolver os corpos administrativos das autarquias e nomear uma comissão administrativa (artigo 372º) Jardim e Albuquerque seguem as pisadas do botas. A HISTORIA REPETE-SE! Bem visto amigo Canha, mas não gastes pérolas com vilões.

Anónimo disse...

Lindo... morri a rir: -mudam de casaca com a mesma rapidez que as meninas dum serralho turco se vestem para a igreja - casa de luz vermelha do put...o. eh,eh..

Anónimo disse...

Canha parabéns
Mesmo não admirando os Cafofianos e o Sonso do Gouveia e muito menos o picareta papagaio,temos de reconhecer que o discurso da treta que Albuquerque usava enquanto Edil para abater o PAI Dr. Alberto João era tudo uma capa de intelectual de um vingativo embuste.
Ele dribla tudo e todos
Serve, usa e joga fora
Isso acontece com aqueles que dão a cara por ele e até mesmo nos seus AMORES é assim
É tudo sol de pouca dura.
A bondade dele são números...
Estamos a assistir uma séria de romarias de galinholas promovidas a Secretárias e Directoras regionais que vão delapidar o património Público

--Haverá subsídios para mães solteiras que depois de andarem na night e umas valentes quecas o Povo que paga os impostos a que vai ser o pai da Criança

---Aquelas que apanham uns supapos injustamente e que merecem ser ajudas, mas outras que há suspeitas que andam na vida artística e que passam o dia a enfeitar a testa do pagador da mercearia, leiteiro e renda de casa, até vão ter um tratamentos especial e que depois têm direito a casa, cabazes de Natal e subsídios

---Aqueles que entendam apanhar umas velas nas barraquinhas da placa central e encontram um canto mais protegido, montam a tenda e curam a piela, no dia seguinte têm a sopa do Cardoso e já entram na lista dos necessitados de receberem o subsídio de Emprego

Como diz o meu Tio Joaquim da choupana.
---Porra que m...é esta...Só o gajo que trabalha a que não merece nada.
Qualquer dia temos 80% a receber subsídios e nada fazerem e apenas 20% a trabalhar.
Acham que vai haver reforma para estes tais 20% na data que atinja a idade da mesma?
Maldita Política. É circo todo o ano com esta camarilha chefiada pelo blue queque que nada fez na vida e que cada vez mais decepciona os parolos que o elegeram

Anónimo disse...

O Pisareta e o Contabilista , qual deles o maior barraqueiro?
O Picareta que nao respeita o Presidente da Camara ou o contabilista que foi posto fora do governo e volta agachadinho ao lugar para afirmar vinganças. Ele mesmo que montou um esquema de mobilidade que nem posso pagar livremente uma viagem com cartão de crédito, senao espero dois meses para receber. Coisas de contabilista, certamente.

Anónimo disse...

Esta situação é muito diferente daquela em que o governo de Jardim tomou posse administrativa das ruas que ladeavam as ribeiras.
Porque, à época, as obras das ribeiras poderiam perfeitamente ser executandas com as ruas em posse municipal. O acto em si, foi apenas uma forma de Jardim tentar memorizar Albuquerque, que já era seu adversário no PSD.
Agora, tratou-se de uma questão de tempo.
A câmara tomou uma determinada posição, e o governo vendo que não conseguiria dialogar para que em tempo útil a questão fosse resolvida, tomou a única opção viável de modo a que não fosse posta em causa a realização do dito mercadinho de Natal.
Logo, apesar do mesmo acto administrativo, as medidas tomadas tiveram enquadramentos completamente diferentes, e se o primeiro era desnecessário, o segundo acabou por ser a única opção possível, dado o pouco tempo existente.
Por isso o Dr. Gil Canha não deve confundir as coisas.
Até pela sua formação, o rigor histórico é importante. Senão, cai na banalidade das notícias inventadas.

Anónimo disse...

8.19
O governo tinha o dever de dialogar e a Câmara queria o diálogo.
O governo não respeitou os licenciamentos e deveria ter pedido diálogo em vez da decisão prepotente que só viria, eventualmente, caso o diálogo com o Presidente da CMF corresse mal.
Tiques Jardinistas

Anónimo disse...

Trata-se de uma posição indigna e sem respeito pelo Município do Funchal. É uma vergonha, sem qualquer assunto que indicasse fazer tal decisão do Governo Regional.

Parece que foi feita aquilo que este último fez por elemento, ou elementos daquele e não o Dr. Miguel Albuquerque, Presidente da CMF durante 15 anos...

De facto, só quem não tem respeito pelos que, independentemente de partido em que votaram... Foi aquilo que fez o presidente actual do Governo Regional.

Anónimo disse...

Bem visto, ainda por cima a câmara não investiu um tostão nas festas de Natal e fim de ano, seja na iluminação ou fogo de artifício e animação e quer estragar o que sempre foi feito, colocar os mentirosos e cubanos no lugar é uma necessidade

Anónimo disse...

Mas que tique cubano. Apoiante dos mentirosos e incompetentes

Anónimo disse...

09.59,
Ía ficará dialogar, a mandar cartas, a receber cartas, a fazerem reuniões, e passava Natal e Fim do Ano, e ainda nada estaria resolvido pela câmara.
Evidentemente que o governo tomou a única medida que era possível para desbloquear a situação. Tanto que é um acto administrativo temporário, evidentemente.

Anónimo disse...

10.45,
Indigna? Então está em causa um evento integrado nas festas de Natal e Fim do Ano, um dos maiores cartazes turísticos da Madeira, há um ultimato dando 24h para que o governo retirasse algumas barracas já no local, e então a medida do governo é indigna?
Quer dizer. A câmara põe em causa o evento, e o governo é que é indigno por tomar posse administrativa temporária. Está boa!
Era como a junta de freguesia da Sé fazer um ultimato à câmara para retirar as estruturas necessárias do Largo do Município para a realização da Aldeia do Natal, que a autarquia organiza.
Convém não cair no ridículo.

Anónimo disse...

"Divagações de um frustado".Mais um capítulo das memorias de um fugitivo.

Anónimo disse...

Picareta saiu-se mal … tentou retaliar perante o eminente "chumbo" do Orçamento Camarário 2020 …resta-lhe fechar-se no quarto e chorar...

Anónimo disse...

Não esquecer que também a Latrina foi expropriada temporariamente.
Aquela não é uma latrina qualquer, pois a maioria dos turistas ao lá entrar pergunta por metro ao que eu respondo que é de centímetros pensando que estão a entrar numa Estação de Metro

Por falar em Metro onde está Promessa de Albuquerque ao divulgar que iria construir o Metro de Superficie entre a Praia Formosa e o Centro do Funchal? Só mentiras para enganar os Madeirenses.

Anónimo disse...

14.09,
Lá vem a azia do almoço...!

Anónimo disse...

12:22 Será antes "Divagações de um homem honesto, num rochedo de desonestos"?

Anónimo disse...

12.09
Quem devia dialogar , era o governo, porque naquela área não tem competência.
No entanto o pedido de diálogo pessoal da Câmara foi feito na quarta feira, no dia em que foi tomada a decisão Salazarista

Anónimo disse...

A palhaçada entre Câmara e Governo acabou numa coisa tipo Pinochet

Anónimo disse...

Uma vergonha para o Governo de Albuquerque tomar atitudes de Bokassa

Anónimo disse...

Enxadada nos nabos da Câmara.

Anónimo disse...

O Cafofo deu cabo da Câmara ninguém respeita os fiscais e chamam palhaços e tudo.

Anónimo disse...

Acho piada a que estas virgens ofendidas que nada disseram, nem em nada se ofenderam quando há uns anos o governo de Jardim tomou posse administrativa das ruas que ladeavam as ribeiras.
Será que era por ser na altura a câmara do Funchal dirigida pelo PSD?
Santa hipocrisia.

Anónimo disse...

Concordo contigo amigo G. Canha (o teu colega liceu da pipeta do Dr. Canedo) é um verdadeiro barraco em frente ao teatro que os broquilhas acham bem.

Anónimo disse...

Neste caso nao concordo com o GIl Canha, como é obvio, esta no ADN da própria CMF, independentemente do partido que lá esteja, desde PSD ao BE, está na própria "genética " da autarquia, e desde sempre, desde dos tempos mais primordiais, o reivindicar da exploração de alguns espaços da cidade,especialmente nas épocas festivas. Desde sempre que foi assim. Mas a verdade é que este ano Miguel Gouveia lembrou-se do assunto mesmo em cima do acontecimento, o que poria em risco todo o evento, inclusive já com calendarização internacional. Albuquerque não retirou definitivamente espaço publico à CMF, em Janeiro é devolvido, apenas assegurou que não iam deitar por agua abaixo, algo que ja estava trabalhado ha imenso tempo. Miguel Gouveia não descobriu a Roda com esta reivindicação, por isso é uma total palhaçada, ainda por cima porque começou com um ataque de histerismo daquele vereador irritante, aquele projecto de medico. E se ele, Gouveia, realmente acredita no poder local, esta medida da CMF, ao inves de ser usada como arma de arremesso nas vesperas do natal, devia ser usada, pensada, discutida e usada, como medida de fundo de um verdadeiro programa de governação da autarquia do Funchal.

Anónimo disse...

A câmara ainda nem conseguiu pôr os equipamentos para a aldeia do Natal no Largo do Município.
Imagine-se se esta gente tinha ficado com a organização do mercadinho de Natal na Av. Arriaga.

Anónimo disse...

A patada foi exagerada e marca bem os hipócritas armados em ditadores de wc

Anónimo disse...

A CMF vai dar a volta por cima e vai chegar onde quer e é justo. O poder local não pode se deixar ficar. Afinal, só se fala em autonomia quando é para pedir mais dinheiro para Lisboa? O povo está atento e não falta muito para haver eleições.

Anónimo disse...

23.02,
Estás a falar da posse administrativa temporária, da Aldeia do Natal no Largo do Município, ou do chumbo do orçamento?

Anónimo disse...

O Gouveia e restante elenco camarário que se demitam e provoquem eleições antecipadas. O timing está a seu favor e ainda consegue fazer mudanças na lista e encostar heranças de Cafofo.
O PSD iria ficar aflito para arranjar um candidato forte e credível num curto espaço de tempo. Aliás, acho que um nome veio recentemente à baila por más razões.

Anónimo disse...

13.44
Só se for alguém na aérea do CDS porque no PSD está tudo queimado e o Manuel António está desprezado.

Anónimo disse...

19.39,
Não está desprezado. O DN é que se apressou em descartar esse candidato, com a notícia de um processo que não vai dar em nada.
Mas rebenta a credibilidade da candidatura.

Anónimo disse...

Essa notícia do Manuel António deixou muitas dúvidas.
A quem interessava mais a exposição? À oposição de modo a destruir uma possível candidatura autárquica ou à cúpula partidária de modo a impedir uma candidatura interna?
A percepção é que o Manuel António é dos poucos elementos sérios e gerador de empatia no actual PSD.

Anónimo disse...

Se o Manuel António avançar nas internas, o Albuquerque perde o voto das concelhias rurais, as que continuam a suportar as maiorias PSD.
Como os tempos mudaram desde 2014

Anónimo disse...

Tenham calma.
O sucessor de Albuquerque está a fazer o seu percurso. Sem pressa.