Consílio dos Deuses
Gil Canha
Júpiter, o pai dos
deuses, resolveu reunir os deuses no Olimpo, para decidir sobre um assunto
muito importante do fado humano. Então, ordenou que Mercúrio, o Deus mensageiro, convocasse os
demais deuses para um consílio.
Os deuses chegaram
de todas as regiões do céu e ocuparam os seus sumptuosos assentos, segundo a
sua ordem hierárquica. Então, Júpiter, no alto do seu trono, explicou a razão que
o levou a convocar o consílio dos deuses. Começou por referir que desde
Alexandre, o Grande, passando por todo o império romano, até as hordas
invasoras do huno Átila, as guerras esforçadas contra os mouros e castelhanos,
e, mesmo tendo em atenção todos aqueles que afrontaram os devaneios
pecaminosos de Lucrécia Borgia, a crueldade de Ivan, O Terrível, a conquista
épica de Hernán Cortez, do império Asteca de Moctezuma II, ou mesmo, a maneira
ágil e vigorosa como o Kaiser Guilherme II rachava lenha no seu exílio dourado
em Door, nos Países Baixos, ou a maneira engenhosa como o Barão do Quebra-Costas dispunha a sua poderosa artilharia, que a humanidade nunca tinha visto
nada de tão importante e de glorioso que a ambição épica dos cafofianos
socialistas da Porto Moniz, de patentearem o seu famoso Arroz-de-Lapas.
Após estas palavras
de firme defesa das pretensões cafofianas, o Deus Baco, todo empertigado,
referiu que não era a primeira vez que tentavam dar cabo do seu prestígio e
autoridade, muito recentemente, adiantou: “certos deuses foram para o Seixal beberricar vinho,
Terras-do-Avô, e alguns, numa ousadia claramente afrontosa, até tiveram o
desplante de subir ao Chão da Ribeira, onde se banquetearam com
orelha-de-porco e chouriço-de-sangue sem me dizerem nada!” E, furioso, gritou:
“Porra, eu sou o Deus do vinho, das
festas e do teatro! Chega de humilhações! Quem inventou o Arroz-de-Lapas fui
eu, aliás está aqui a Deusa Diana que não me deixa mentir!”
A intervenção
zangada de Baco fez estremecer a divina assembleia, e Vénus, a Deusa da beleza
e do amor, pediu a palavra e, delicadamente, defendeu os cafofianos, dizendo
que eram muito próximos de Fauno, o Deus protetor dos rebanhos e dos pastores,
e que por serem fogosos e de sangue quente, deviam ser obsequiados com a região
demarcada do Arroz-de-Lapas do Porto Moniz.
Como se gerou algum
burburinho, Marte, Deus da guerra e das colheitas, veio em socorro de Vénus e
dos Cafofianos socialistas, e num ato deselegante, chamou “Enorches” a Baco. (Epíteto insultuoso
a Baco, pois Enorches “nos testículos” é uma referência ao mito de que Baco,
após a morte de sua mãe e ainda grávida dele, terminou de ser gerado nas coxas
do seu pai, Júpiter, ou seja, próximo dos seus testículos)
Quem não gostou das
ofensas a Baco, foi Juno, a deusa protetora da mulher e do casamento, que aos
gritos, mencionou, que era “o que faltava, dar a autoria deste divino manjar de
suculentos moluscos, cebola, tomate e arroz basmati, aos seguidores do
narcisista sorridente!” (Ela referia-se aqui à famosa raposa pelada da Câmara).
E completamente histérica vociferou:
“Esses gajos não prestam… até dão porrada de caixão-à-cova nas mulheres
deles!”.
Júpiter levantou-se, bateu com o seu poderoso bastão
no chão do Olimpo, fazendo o céu tremer e até o sol empalidecer, e com uma voz
de trovão sentenciou: - Está decidido! A Diana (Deusa da Caça e da Castidade)
que chame a Lebre do Norte e lhe dê a patente do Arroz-de-Lapas. E na terra,
sempre que uma senhora levar ao lume este apetitoso pitéu, que faça uma
generosa oferenda ao Diário de Mr. Blandy.
E todos obedeceram a
magnânima decisão de Júpiter, mas, mesmo assim, quando Baco chegou aos seus
domínios, resolveu vingar-se: chamou as suas Ménades e mandou-as transformar o champanhe “Terras
do Avô” em xarope contra-lombrigas e libertar o pândego Canha, um seu fiel
discípulo, do processo judicial do Cafôfo.
P.S. Este artigo foi baseado no Consílio dos Deuses, do
genial poeta Luís Vaz de Camões, Canto I, estâncias 20 a 41.
9 comentários:
Ainda estou a rir... está bem feito!
Bravo, Dr. Gil Canha
Pensava que neste momento estava a reunião Solene a ouvir o Barrete a mando do jornaleco Rodriguéz e da burguesia local, esgrimir-me em defesa dos graúdos do burgo, que lhe cozeram o bolso, que há muito andava roto e afinal continua nas suas lides com uma grande inspiração Poética
A democracia ensinou-nos, por um se ganha e por um se perde
Quem diria que este beato de sacristia tão conhecido nos adros paroquiais ia trair o Povo desfavorecido?
Terá lata de voltar aos Adros das zonas altas e falar de democracia Cristã?
Será que os Párocos irão lhe dar guarida em 2019?
Dormirá descansado sabendo que os pobres ficarão impossibilitados de ligar o esgoto à via Pública e andarem com fossas cépticas a escorrer na vizinhança lembrando os palheiros da sua terra do norte?
Os vendidos são assim...Pensam primeiro no seu gordo bolo, enquanto o povinho enganado fica apenas com cheiro da côdea
Gostei do lindo texto do Gil, mas também do primeiro comentário em cima
Há um ditado que diz."Quem nasceu para rato, nunca chegará a leirão"
Este, vindo das terras da Biosfera, teve a felicidade de chegar à Cidade e vende a sua consciência ao diabo?
Ingrato com a Igreja e com o Criador...
Em breve estará na inauguração do Savoy e viajará no Ferry do Soisas, mas em contentor refrigerado para chegar à capital e levar ainda o cheiro do seu perfume às cristas de pescoço pelado.
De réptil jamais passará
Mas pelo menos durante este 2 anos vai fazendo consultoria de favores,de manchas urbanas e depois investe nuns palheirinhos de colmo
Vai à Farmácia dessa cidade e legaliza-os em Turismo local
Como acabaram com as Cabanas de S. Jorde então renasce o negócio do Palheiro
Povo enganado...
O Câmara só diz tontices... o que lhe interessa é colocar os filhinhos no gamelão!
Obrigado sr. Canha, a minha mãe está feliz e divertida com mais este texto.
Tá visto que também aqueles que não prestam ás vezes dizem coisas acertadas.
Os pacóvios e os broncos são assim mesmo! Pensam que o seu umbigo é o centro do mundo! Os arroz de lapas só vem demonstrar que esta "gentinha" pensa mais com a barriga do que a massa cinzenta, que não têm, e que para alguns não é mais do que pasta de banana, com pevides de maracujá, como costumava dizer o repórter fotográfico Rui Marote!
Um líder socialista cuja politica resume-se a um arroz de lapas está tudo dito!Só mesmo envergonhando estes tipos para eles aprenderem .
Com tanto arroz de lapas, que tal exportar este pitéu para os Açores? Só gozando com estes tipos é que vale a pena, caso contrário eles pensam que inventaram a roda!
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