Powered By Blogger

quinta-feira, 29 de março de 2018



Startup Madeira delapida milhões 
no “Empreendedorismo Fast-food”


“Pelo décimo ano consecutivo, e no âmbito do projecto RS4E - road show for entrepreneurship, a Startup Madeira e a Vice-Presidência do Governo Regional promovem o Curso Intensivo em Empreendedorismo e Inovação Empresarial” ¹.

Confesso que sempre que me falam de “cursos intensivos” fico com a pele eriçada. Como é possível que participantes no Curso Intensivo em Empreendedorismo e Inovação Empresarial tenham adquirido novas competências? Basta lembrar que, em apenas 2 dias, foram ministrados 7 módulos temáticos, ou seja, no máximo 2 horas letivas teóricas por módulo. O terceiro dia foi para conceber e apresentar uma ideia de negócio. Creio que está tudo dito sobre a qualidade do curso. Aprender sobre temas complexos como, por exemplo, “Liderança e Team Building”, “Inovação e Marketing” e “Como estruturar uma ideia de negócio”, em 3 dias, é uma impossibilidade.


Para termos uma ideia da gravidade da mistificação basta analisar três aspetos. O primeiro diz respeito à utilização do modelo Fast-food para promover o Empreendedorismo e Inovação Empresarial. Ninguém, com o mínimo de bom senso, acredita que este modelo seja adequado. Na verdade, tenta criar a ideia de que basta trazer à Madeira 70 estudantes do ensino superior do país para passarem 3 dias num hotel de 4 estrelas, em regime residencial com refeições segundo o modelo Michelin, e ouvirem 7 professores que nunca na vida criaram e/ou geriram uma empresa para se tornarem empreendedores e inovadores empresariais de sucesso. Esta ilusão não promove o empreendedorismo nem contribui para um “aumento da criação de empresas”, um dos objetivos do “Madeira +e” ². Pelo contrário, a ilusão do empreendedorismo ao alcance de todos, através de módulos Fast-food, provavelmente, conduzirá os jovens para o precipício do insucesso. Quando a ficção teatral criada pela Startup Madeira chocar com a realidade do mundo empresarial, apenas restará a depressão profunda. Não há nada pior do que ver ruir as expectativas, os sonhos.

O segundo tem a ver com a emissão de certificados que atestam a aquisição de competências de Empreendedorismo e Inovação Empresarial, assim como a atribuição de prémios às melhores ideia de negócio apresentadas a um júri. A certificação pressupõe que os participantes foram avaliados e que demonstraram possuir determinadas competências. Como a avaliação dos participantes se resume à apresentação de uma ideia de negócios perante um júri, durante breves minutos, a emissão de um certificado de competências configura uma fraude. O mesmo se passa com a atribuição dos prémios. A apresentação de ideias de negócios é uma prática teatral, conhecida por “empreendedorismo de palco”, que menoriza o empreendedorismo ao transformá-lo num espetáculo onde o que conta são as qualidades cénicas dos vendedores das ideias, e não o potencial e a sustentabilidade dos negócios.   

O terceiro, e último, tem a ver com o custo do “Madeira +e” ², que integra o projeto RS4E, o qual é cofinanciado pelo Programa Madeira 14-20 com cerca de um milhão de euros. Assim, o Curso Intensivo é um exemplo paradigmático do desperdício do dinheiro dos contribuintes, assim como da visão Fast-food de Pedro Calado e dos responsáveis da Startup Madeira, Patrícia Caires e Carlos Lopes.

Como tal, tendo em consideração as dificuldades orçamentais da Região, em especial na saúde, não se compreende que a Startup Madeira (ex-CEIM) continue a delapidar milhões de euros para “brincar ao empreendedorismo”. É mau demais para ser verdade. Os madeirenses merecem mais.

J. C. Silva

PS: Pedro Calado reiterou aos jovens participantes no curso “Só com muito esforço e dedicação (…) é que conseguem chegar ao topo da hierarquia de uma grande empresa” ⁴. É estranho, pois Pedro Calado não ascendeu da base a gestor de topo do Grupo Sousa e do Grupo AFA devido ao trabalho árduo, mas sim porque é um “facilitador”, tipo Durão Barroso, com capacidade para influenciar decisões políticas favoráveis aos grandes grupos económicos regionais.

¹ Pedro Calado no encerramento do Curso Intensivo em Empreendedorismo e Inovação Empresarial

² Madeira +e
³ RS4E

⁴ Pedro Calado: “Nenhum jovem chega ao topo da carreira com trabalho das 9 às 17”

http://www.dnoticias.pt/madeira/pedro-calado-nenhum-jovem-chega-ao-topo-da-carreira-com-trabalho-das-9-as-17-IH2944820

14 comentários:

Anónimo disse...

Apenas deixo um facto comprovado pelas estatísticas:
- ao fim de 5 anos, apenas 3% das start-up tiveram sucesso.
- as outras 97% faliram, fecharam, e pior que tudo, na grande maioria dos casos deixaram grandes problemas aos seus criadores e famílias, uma vez que estam emprestaram ou foram fiadoras de sonhos. Depois na hora da verdade, não há ajudas. E os jovens empreendedores e respectivas famílias é que levam com a pastilha.

Aconselho aos empreendedores que têm ideias, alguns até boas ideias, que analisem bem a viabilidade do negócio a médio e longo prazo, e acima de tudo não se deixem levar por estas tontices destes cursos intensivos e outras iniciativas do género, nem pelo canto de sereia de certos políticos que querem é aparecer e para quem tudo é oportunidade para isso.
Tenham cuidado.

Anónimo disse...

Aquele pessoal docente da UMa que se dedica a este "empreendedorismo" é de um amadorismo e de uma incompetência que só quem os conhece é que sabe o quanto esta malta devia era de estar a trabalhar nas obras do Savoy!

Anónimo disse...

Em resumo: Um logro.
Tenham cuidado.
O anónimo das 19:04 disse tudo.

Eu, O Santo disse...

Excelente publicação.
E também concordo com os comentários dos anónimos.

Anónimo disse...

Ora nem mais, completamente de acordo.
Mas não digam isso, os "experts" da UMa vão vos bater.

Anónimo disse...

Gostava de saber estes professores e formadores em empreendorismo quantas empresas criaram ?

Anónimo disse...

Uma péssima pedagogia, uma fraude e uma completa inutilidade que serve apenas para inchar alguns egos e entreter patetas. Daria vontade de rir, se não estivesse em jogo o dinheiro dos contribuintes.

Anónimo disse...

Só faltava a UMa e os seus "experts" serem para aqui chamados. Se o pior da Madeira fosse a UMa... Não misturem o que não pode ser misturado. Não vi ninguém da universidade nas fotografias.

Anónimo disse...

Como participante , posso dizer que embora seja dispendioso é um excelente projecto, dinheiro dos meus impostos bem investido.... relativamente a aprendizagem, é um curso intensivo e sim aprende se muitos conceitos mas não saimos de lá uns "gurus". Os professores são excelentes! Estão de parabéns,porque mesmo com pouco tempo conseguem passar conhecimentos complexos de forma clara. Por ultimo, a avaliação é feito constantemente pelos nossos mentores do grupo , não apenas na apresentação final...
Espero que este projecto não morra!

Anónimo disse...

Em relação ao 1º comentário:

Esses números não são brilhantes, mas também não estão distantes das melhores realidades mundiais. Mais de 90% das startups em Silicon Valley falham.

Mais relevante seria saber quais foram as startups que tiveram sucesso, e em que se traduz esse sucesso: quantos empregos e impostos gerados no sector privado, directa ou indirectamente.

Se geram mais de 1 milhão de euros em impostos durante esses 5 anos, o custo do "Madeira +e" não me parece mau investimento.

Quanto aos jovens empreendedores "que levam com a pastilha" porque "não há ajudas", só faltava mesmo nós compensarmos todos os empreendedores que decidem "arriscar". Já bastam os Lobos Marinhos que por cá temos...

Anónimo disse...

Ora parabéns jovem empreendedor das 21.09, que o curso intensivo te traga as lições da vida, e para a vida.
Mas, sem querer dar conselhos a ninguém, nunca te esqueças do ditado: fia-te na Virgem, e não corras !
E que a vida de traga startup' aos molhos, e que se encaixem nos 3% das que sobrevivem ao fim de 5 anos.

Anónimo disse...

Os canudos da UMa nem sequer servem para limpar o “derrière”.

Anónimo disse...

Muito ressabiado?!

Anónimo disse...

O Heroi dos socialistas Madeirenses tirou o curso num Sábado de manha e vem para aqui criticar