Bagunça Rumo a 2019

TRINTA E TRÊS

À medida que a Bagunça ganha embalagem Rumo a 2019, e agora com a consagração do 'Teorema de Sérgio Pitágoras sobre a jurisprudência plana dos arredondamentos', começamos a acreditar que a carroça municipal dos loucos tem pés para andar cada vez com mais Confiança. Mesmo no dia de hoje deparam-se-nos na imprensa ecos de um embaraço geral causado pela legislação da contratação pública. Pois no manicómio da Praça do Município esses problemas fazem parte do passado.

No caso, o JM fala de contratos sobre prestação de serviços empresariais aos carreiristas eleitos. Nisso a troupe cafofiana já deu mostras de um sentido prático jamais visto na Tabanca, tudo contratualizado entre amigos e familiares, ou seja, Pelas Pessoas. Quanto à contratação pública de quadros para 'trabalhar', aquilo é uma central de tachos tão eficiente que uma pessoa até se interroga: como aprenderam tanto em tão pouco tempo?

A este propósito, contam-nos a história recente de um concurso aberto em 2017 para chefe de Divisão de Juventude, Desporto e Envelhecimento Activo. Assunto publicado no Verão. Em Novembro, sai a relação de 7 nomes admitidos - por acaso seis candidatas e um candidato. Houve um excluído, por falta de requisitos previstos no procedimento concursal.

Os admitidos submeteram-se em 12 de Dezembro último às entrevistas, complemento necessário à fase de apreciação do currículo de cada um deles, pelo júri nomeado para o efeito.

Os interessados fizeram cálculos e contas de cabeça, já que havia claramente quadros com CV muito acima do exigível. Levantava-se porém um pormenor preocupante para os concorrentes: o único candidato, masculino, apregoava logo depois de anunciado o concurso, a meados do ano passado, que já tinha assegurado o lugar. E que era questão de se ultrapassar a data das autárquicas - 1 de Outubro - para o processo acelerar e ser concluído a seu favor.

Realmente, o cavalheiro do optimismo, na vida civil presidente da Associação de Ciclismo, figurava entre os apoiantes da Confiança cafofiana, o que inspirava ainda mais preocupações entre os concorrentes - onde figurava uma candidata que até então ocupava o lugar interinamente com resultados muito bons, conforme reconhecido nas instâncias próprias. 

Em contrapartida, a posição do tal candidato das bicicletas, em termos curriculares, precisava mesmo de um bom resultado eleitoral em Outubro - segundo nos dizem conhecedores do processo. 

Convém levar em conta que se o currículo é argumento concreto, palpável, indesmentível e inatacável, a entrevista pode operar milagres, dá para tudo.

Pois.

Houve quem notasse que, contra o que manda a 'sapatilha' (art.º 21, n.º 3, alínea C da legislação competente), o júri não incluiu nenhum elemento externo à louca da câmara. Estranho.

O facto é que, divulgada que foi a acta do concurso, confirma-se a profecia que o candidato anunciou em tempos nos seus círculos, isto é, a escolha da sua pessoa para o cargo em disputa. 

O descontentamento generalizou-se, com críticas à selecção esquisita de um elemento de fora, sem experiência no sector e com uma simples participação numa formação em 2003 dedicada ao idoso, sem menção do local onde ela se teria realizado - e, por casualidade, o único candidato do sexo masculino. 

Pedem-nos que transmita um recado a Guida Vieira, acho que ainda bloquista: a representante municipal para a igualdade de género que dirá a esta situação, de um homem ser escolhido em concorrência com seis mulheres?

Outra curiosidade final: o conhecido chefe de gabinete Miguel Iglésias é presidente da assembleia geral da tal Associação de Ciclismo de que é presidente o candidato vencedor do concurso e apoiante da Confiança.

Sabe-se que, na cabeça da corrida, os ciclistas devem colaborar uns com os outros, para se verem livres do pelotão perseguidor.

Nem mais! 

O Cafôfo provou que é possível um porco andar de bicicleta. O Sérgio Abreu faz demonstrações aritméticas de espantar para o seu teorema dos arredondamentos, desfazendo definitivamente o mito do impossível. Não vemos a hora de chegar a 2019. Nessa altura, os futuros governantes hão-de aplicar os seus 'procedimentos concursais' de hoje, evidentemente com mais intensidade. Quem sabe não esquece. É como andar de bicicleta.