Bagunça Rumo a 2019

TRINTA E NOVE 

Tranquada impávido e sereno enquanto o da câmara se borrifa para as convocatórias da 5.ª comissão e o estratego municipal adjunto chama cachorros aos deputados

O homem julga que as suas funções se limitam às de mestre de cerimónias, como diria Jaime Ramos. Defender a imagem da instituição-autonómica dos ataques verrinosos da instituição-câmara, que é isso?

Crescem a ritmo galopante as ofensas ao tal órgão por excelência da Autonomia da Madeira. Elas partem dos paços do município funchalense, covil onde se albergam os operacionais e os artistas da Candidatura Cubana que viaja alegremente a bordo da Bagunça Rumo a 2019.

Aquilo hoje não funciona como autarquia, mas como sede de uma seita destacada por Lisboa com a missão de tomar o poder na Madeira. E, à uma, juntar o útil ao agradável: preencher o resto do mapa cor-de-rosa nacional e proporcionar a vingança pelos maus tempos que o centralismo padeceu com os 'chilenos' nos anos 70 e 80. 

Mas, que diabo, nem que seja de fachada aquilo tem obrigações de câmara municipal. Pelo que temos o escândalo de um órgão institucional - a regedoria - a enxovalhar em público outro órgão institucional - o Parlamento - que lhe devia merecer todo o respeito.

O próprio Xerife arvorado em presidente, Cafôfo, pura e simplesmente manda f... as convocatórias do Parlamento, em nome da 5.ª Comissão, para auditorias sobre as 13 mortes no Monte. E depois, só porque se deslumbrou e passou para o lado de lá, ainda se dá ao luxo de insultar parlamentares eleitos pelos madeirenses.

Mais: nas últimas horas, é o próprio sargento-chefe da Candidatura Cubana, disfarçado de adjunto do Xerife dos Mossos, a levar para a lama da praça pública a mesmíssima instituição representativa da Autonomia, chamando cães a deputados e atrasados mentais a membros do governo emanado do Parlamento. O que não pode de maneira nenhuma ser perpetrado sem o consentimento, ou pelo menos conhecimento, do sr. Cafôfo.

Tudo isto em pleno lançamento da campanha dos invasores golpistas a favor de uma reversão acelerada em matéria autonómica, com os centralistas cá arribados e instalados a defender que a Madeira deve deixar de ser governada por madeirenses "loucos" e voltar a ser dirigida a partir de Lisboa - ideia que já corre insistentemente nas redes sociais. Para exemplo, refira-se a ideia deles de que o próprio Hospital deve ser governado por uma Direcção a enviar por Lisboa.

Os achincalhamentos do antigo chefe regional ao Parlamento foram muito criticados - e bem - pela oposição. Mas são precisamente esses críticos a recuperar a prática anterior para insultar os "loucos" que "ladram" na Assembleia. Ora, como essa opinião sobre o Parlamento alastra, começamos a acreditar que os insultos antigos não eram insultos, mas um diagnóstico lúcido. Esta posição sai reforçada com o comportamento do presidente Tranquada Gomes no processo, que é ficar mudo e quedo perante os ataques provocatórios dos jagunços da Candidatura Cubana que sonha em reduzir a pó o primeiro órgão constituinte da Autonomia - para começar, claro. E propagandeia essa ambição neo-colonialista com o maior dos atrevimentos.

Há deputados fora de si com a paralisia crónica do sr. presidente do Parlamento, mesmo dentro do PSD, partido de Tranquada. O homem não toma uma posição institucional que mostre indignação em face dos ataques dirigidos por outra instituição.

Mas há quem não se admire com o laxismo do sujeito. A última que contam lá por baixo é que, ao chegar à urna para votar Rio/Santana, foi impedido de o fazer por não ter as quotas do partido em dia. Custa-me a crer nessa versão, mas já a ouvimos de mais de um elemento da tropa laranja em debandada.