Bagunça Rumo a 2019

TRINTA E DOIS

Não fosse operação aritmética tão fácil e evidente, lá teria eu de pegar outra vez nos calhamaços para rever a matéria. Afinal, que pretende Sérgio Abreu dizer quando exclui algumas listas de delegados ao congresso do PS apresentadas por Carlos Pereira, baseando-se numas contas aritméticas mal amanhadas? Sérgio Abreu, uma forma de dizer. O Sérgio foi mandado para presidente da COC com a inocente missão de assinar e não bufar expedientes que outros crânios maquinaram.

Vimos hoje à luz da publicidade que listas de candidatos apresentadas em mais de uma dezena de secções carecem de nomes, no que diz respeito aos suplentes. O que dá chumbo. A sentença foi enviada por Sérgio via e-mail ontem, muito perto da meia-noite, com a intenção - é mais do que claro - de não dar tempo a rectificar nada.

Onde é que já se viu chapelada deste feitio?

O regulamento, como vemos na imagem acima, obriga à entrega, em cada secção, de uma lista de candidatos em número igual ao dos delegados que competem à paróquia, mais um terço de suplentes. De suplentes Emanuel Câmara percebe muito, sem precisar de recorrer ao 4.º árbitro.

Sérgio faz contas com décimas e centésimas, aqueles quebrados que fazem confusão a quem só teve negativas na Matemática, mas exercícios podres de resolver, de trato linear, elementar.

Neste pormenor, parece que do lado da lista de Cafôfo não houve problemas de vírgulas, muito bem informada que estava sobre a matéria, ou não fosse a COC um antro de carreiros da Frente Mar.

Para dar substância ao chumbo que tencionava mandar para cima das listas do actual líder, Sérgio Abreu (digamos assim, para simplificar) contactou o PS nacional, de onde aliás vieram as ideias para tramar Carlos Pereira. E não houve dúvidas: por exemplo, se são precisos 3,3 suplentes, então são precisos 4, porque a quantia deve ser arredondada por excesso.

Carlos Pereira fizera as contas com base nas leis universais da Matemática, pelas quais toda a gente e todas as instituições se regem. Assim, arredondou por defeito quando o algarismo das décimas é menor do que 5. Como se impõe.

Vamos ao exemplo. Uma secção elege 4 delegados. Quantos suplentes deve levar cada lista concorrente?

Feita a conta, tão simples que um miúdo da pré-primária é capaz de lá chegar, temos 1,33 delegados. A COC pró-Cafôfo, aproveitando o que viu nas listas rivais, decide que 1,33 delegados dá 2 delegados e não um.

Ora, é preciso respeitar os livros, já que não respeitam nem a Assembleia Legislativa nem a Autonomia nem os funchalenses traídos nem os 13 mortos do Monte nem o Barrabás nem o... enfim. Se querem mudar as leis matemáticas, ao menos avisem atempadamente. O regulamento que vemos acima (ponto 2) é omisso no que diz respeito ao arredondamento. Avisassem então que o arredondamento neste caso, por capricho da cambada, era feito para cima, fosse o algarismo das décimas qual fosse - 1 ou 2 ou 7 ou 9!

Dizem os da B: um delegado não é um terço de 4 delegados.

Pergunta-se: e 2 delegados são um terço de 4 delegados?

Atenção, amigo Sérgio Abreu. Em primeiro lugar devias ter recorrido ao conselho de jurisdição do teu partido cá na Tabanca, antes de telefonares para os camaradas lisboetas. Claro que eles acharam bem a ideia de tramar o Carlos com a treta do arredondamento "por excesso". E deram-te o parecer que deram. Ainda assim... não é desconfiar de ti, mas gostaria de ver o latim deles. Talvez depois do congresso.  

Tu, caro Sérgio, decidiste arredondar por cima, embora dando um pontapé na Matemática. Nesse caso, o elementar, já que o regulamento é omisso, era avisares ambas as candidaturas de que não percebes porra nenhuma de Matemática e que a coisa ia "por excesso", para simplificar. Assim as candidaturas actuavam nos conformes e não se daria a barracada que isto vai dar.

Desculpa a linguagem coloquial, mas é o que esta cegada merece. Faz de conta que andamos mais uma vez na imperial. Então, dizia eu, a decidires essa bacorada do "excesso", não avisavas ambas as candidaturas? Ah pois, avisaste a lista B. Não se pode fazer tudo. Ou será que a lista B do Cafôfo te apanhou o pensamento por telepatia? Será que esses da B - também têm muitos professores lá - descobriram que na tua cabeça o arredondamento de 3,1 dá 4 e de 1,3 dá 2?

Malandrice!

Já agora, acho curioso que Emanuel se gabe, como ouvi hoje na rádio, de que Carlos Pereira não tenha sido capaz de fazer listas em Água de Pena, Porto da Cruz, Achadas-Porto Moniz e Ponta do Sol. Grande Avelino, imenso Emanuel, campeão Victor! Isso é que é trabalhar 'Pelas Pessoas'! Estás a pensar o mesmo do que eu, Sérgio? Lembras-te de nos teus tempos da Jota combateres o caciquismo do 'outro'? Lembras-te como vocês se justificavam quando a oposição não conseguia formar lista nalguma freguesia? Coisas que já lá vão. O défice democrático tem uma cor e basta, oh santarrões! 

Olhando ao triunfalismo que se vê nas hostes da Bagunça, acham mesmo que havia necessidade de uma chapelada na ponta final da prova? Da minha parte, acho que não havia necessidade. Sinceramente. Só borraram a pintura, os espertos das agências de propaganda que nos papam o dinheirinho.

Palavra que há pedacinho pensei em recorrer ao vídeo-árbitro para uma consulta sobre vírgulas, quebrados e arredondamentos. Mas achei que seria um "excesso" que faria de mim um burro mais burro do que aqueles tipos.

Só uma pergunta: amigo Sérgio, quanto é que tiveste em Matemática? Trata de fazer umas revisões, vá. Na Matemática e na Deontologia.