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sábado, 10 de junho de 2017


No Dia de Portugal

MADEIRA E UNIÃO EUROPEIA



Alberto João Jardim


A Região Autónoma da Madeira decidiu acompanhar integralmente os termos em que a República Portuguesa a 12 de Junho de 1985, significativamente no Mosteiro dos Jerónimos, assinou a integração na hoje União Europeia.
Porém, desde o seu povoamento, na Madeira foi estabelecida a primeira base naval para a expansão da Europa em direcção ao Atlântico Sul e depois outros oceanos. Bem como, nos dois últimos séculos, o turismo aproximou-nos bastante - mais do que aos restantes Portugueses - da cultura, dos hábitos e dos costumes europeus.
Para nós, Madeirenses, em 1985 a Europa não foi novidade.

Desde o início do povoamento do arquipélago e até o 25 de Abril de 1974, mais de dois terços do valor produzido pelo Povo Madeirense foram sugados pelo Estado central.
Também pagámos a expansão portuguesa com homens, dinheiro e materiais, bem como as despesas de muitas Embaixadas de Portugal no mundo. Até financiámos a retirada estratégica da Coroa para o Brasil - donde erradamente regressou - mantendo-se a Madeira sempre sob mira da geoestratégia britânica.
A criação administrativa das menorizadamente chamadas “ilhas adjacentes”, reforçou o centralismo e uma nossa maior despesa com serviços do Estado, que a este cabia pagar.
Como o resto do País, vivemos centralizadamente sob ditadura.
O 25 de Abril depara com a Madeira a região mais atrasada e pobre de Portugal. Porém, os acontecimentos que logo se lhe seguiram, não só enfraqueceram o Estado centralista de séculos, como as ilhas então foram olhadas com mais respeito devido a se terem assumido resistência efectiva à nova ameaça totalitária comunista.
Foi a grande oportunidade para conquistar uma Autonomia Política que, numa praticada Filosofia Personalista, trouxe o Desenvolvimento Integral através de uma subversão pacificamente montada, a Revolução Tranquila. Esta enfrenta a injustiça social e altera a distribuição do rendimento produzido, objectivo reduzir diferenças. Assim:
    • extingue o regime feudal de colonia, entregando-se a propriedade da terra a quem trabalhava, numa Reforma Agrária que a única bem sucedida em Portugal;
    • cria Emprego, através de maior quantidade de moeda em circulação para os investimentos públicos nas infraestruturas necessárias;
    • a política de Educação generaliza totalmente o Ensino, complementado por Cultura e Desporto, e cria a Universidade da Madeira. Mais Conhecimento e maiores Qualificações traduzem-se em salários melhores, logo mais justa distribuição do rendimento produzido;
    • deste modo, intelectual e materialmente nasce uma nova grande classe média, diferente do conformismo anterior que a reduzida burguesia de então assumia ante a “Madeira Velha”.
Portanto, o que a chamada “integração europeia” da Madeira procurava, era a nivelação com a Europa, objectivo da Revolução Tranquila.
Os Fundos Europeus são-nos indispensáveis.
Mas não era só uma questão de nivelamento material de vida. Tratou-se de, com a integração na hoje UE, acautelar os Direitos democráticos do Povo Madeirense ante qualquer hipotético retrocesso colonial de centralismo por parte da República Portuguesa.
Nos Fundos Europeus - dinheiro de graça - a União Europeia exige uma participação financeira nacional obrigatória, em cada uma das situações subsidiadas.
O Estado português não no-la paga.
Assim, tivemos que recorrer à dívida pública. Ou não seria criminoso, num território que estava tão atrasado, não aproveitarmos todos os Fundos disponíveis?!…
Esta política regional permitiu passar o Produto Interno Bruto da Madeira, de vinte e nove (29) milhões de euros em 1976, para quatro mil oitocentos e doze (4.812) milhões de euros em 2013.
Multiplicou 165 vezes em 37 anos!
Sejamos francos e directos. Isto não se consegue ficando à espera de que “caiam franguinhos do céu”.
Não se consegue, quando a prioridade de política da despesa pública é para a propaganda, “eventos”, fotografias, subsídios para comprar votos, “estudos” a repetir outros já feitos, promessas e “anúncios” perfeitamente inócuos, truques para disfarçar o desemprego ou números inverdadeiros  atirados à louca.
Não se consegue com a mania de que “os de fora são melhores do que nós”, nem com deslumbramentos e subserviências ao que de Lisboa perdigotem.
Por isso se avançou para a conquista da presidência da Conferência das Regiões Periféricas no período decisivo para o crescimento, 1987 a 1996; nesta Conferência se desencadeou a fundação da Assembleia das Regiões da Europa; se integrou sempre, enquanto existiu, o Conselho Consultivo da UE para a Política Regional Europeia; depois se assumiu, várias vezes, a vice-presidência do Comité das Regiões.
Criou-se mesmo uma outra nova organização, a das Regiões Ultraperiféricas, para permitir hoje as necessárias diferenciações e excepcionalidades na legislação europeia quanto a nós.
Também se esteve presente, durante 37 anos, nos trabalhos do Congresso dos Poderes Locais e Regionais do Conselho da Europa, Instituição garante dos Direitos Humanos e dos regimes democráticos nos diferentes sistemas políticos das Nações europeias.
Consciente de que a realidade transcontinental que integra o conceito de Comunidade Madeirense, obrigava a uma sua institucionalização também prática, avançou-se em todas as direcções, visando conjugar interesses da mais diversa natureza, lá e cá, mas falando de igual para igual com o poder político nacional dos Estados da Diáspora.
Até foi útil, e não só no domínio político-partidário, o conquistar posição no Partido Popular Europeu, o maior à escala da Europa.
Hoje, uma nova geração na política do “velho Continente”, mais de “interesses” do que de Ideias, produto de um descalabro educativo, arrastou a União Europeia e seus países para o impasse actual.
Foi a entrada ao molho de muitos Estados, após a queda do Muro de Berlim.
A livre circulação erradamente consentida para fora das fronteiras da União Europeia, trouxe desemprego devido às saídas de capitais, trouxe entradas de produtos concorrentes dos nossos e caiu no descontrolo da imigração.
A moeda única e os acordos de livre circulação dos cidadãos, europeus, no espaço da UE, não foram aceites por todos os Estados membros!…
A derrocada do fascismo soviético evoluiu para o triunfo do capitalismo selvagem, com a cumplicidade dos grandes partidos políticos para o efeito em cada país propositadamente infiltrados e invadidos por gente amorfa ou até hostil, a quem é paga a inscrição e a quota pelos interessados nestas manobras.
Adveio o desastre do liberalismo económico desumanizante. Adveio a desregulação financeira, com o capitalismo financeiro especulador a se substituir ao capitalismo industrial produtivo. Adveio a especulação financeira que destruiu poupanças de uma vida inteira e que estabeleceu a impossibilidade de vários Estados e muitos privados cumprirem os seus compromissos.
Impondo um genocídio social, os países europeus mais ricos, com frieza e falta de solidariedade, depois de antes terem oferecido facilidades de empréstimos de dinheiro e de terem beneficiado desse consequente aumento do consumo, agora, depois, forçam “resgates” e falências dos quais continuamos, Portugal reverente, a andar reféns.
Hoje, do Presidente da República aos cinco partidos do regime, dá-se o ar de que tudo vai sobre rosas, quando Portugal, com as actuais e anteriores políticas, está muito longe, em termos de Emprego e de crescimento NECESSÁRIOS, satisfazer ainda os requisitos mínimos imprescindíveis para que o futuro seja melhor. Está certo procurar levantar o ânimo das pessoas. Mas não são admissíveis cortinas de fumo para proteger o actual sistema político português, partidocrático e anti-democraticamente impeditivo do referendo constitucional, no Continente absolutamente centralizado e ainda com limites coloniais à Autonomia Política dos Açores e da Madeira.
Acresce a República portuguesa ser incapaz dos lóbis que Lhe dêm força no interior da UE, onde somos uma espécie de Protectorado.
Acresce que, separatistamente, a dita República, impôs ao Povo Madeirense um Plano de Ajustamento Económico e Financeiro à parte, pior do que o imposto a Portugal. Atitude colonial que uma vez mais, fingiu não ter existido, durante cinco séculos e meio, uma extorsão sobre o nosso território.
Agora apareceu o Brexit. Só se surpreenderá quem não conhece a História…
Sobretudo, no plano cultural e cívico, a Europa, ao hoje viver numa indiferença pelos Valores e pelas Referências, afunda-se, sem rumo, no Relativismo.
Cabe perguntar, “que fazer?”. Que fazer nesta situação de “Europa bola ao centro”, que não anda para a frente em direção ao federalismo, nem retorna à anterior Comunidade Económica Europeia (CEE)?!…
Primeiro, acho que, tal como o Estado português, deve avançar clara e ousadamente para Federalismo:

  • com mais poderes da UE, ante os Estados membros;
  • com mais competências supranacionais atribuídas ao Parlamento Europeu;
  • com uma maior participação das Regiões europeias, através da criação de uma segunda Câmara que as represente no seio do Parlamento Europeu;
  • políticas comuns supranacionais em:
    • Direitos, Liberdades e Garantias individuais;
    • Finanças e Banca;
    • Assuntos Sociais;
    • Gestão do território (Produção, Emprego e Segurança).

Actualmente, sejamos francos, é hipócrita um “espírito europeu” em que cada País, desde sempre, só pensa quanto pode ganhar a mais, ainda que à custa dos outros. Em que cada País não quer transferir mais poderes para a União Europeia, numa visão nacionalista que ignora as realidades tecnológicas globalizantes do século XXi. Em que cada País é culpado pela actual transformação da UE numa feira de vaidades impotentes e para gastar dinheiro.
Em segunda lugar, é urgente na União Europeia suprir as actuais omissões e deficiências que tornam muito mal conseguidas as políticas de Coesão Social e de Coesão Territorial.
Em terceiro lugar e rapidamente, é necessário, na UE, resolver questões que são importantes e imediatas:
  • uma legislação consensual e eficaz sobre imigração;
  • para o Médio Oriente, uma política também comum, concretamente capaz de prevenir ou impedir a venda de armamento;
  • como o concebia o General De Gaulle, uma “Europa do Atlântico aos Urais” que conte com a Rússia, mas não pactue com os abusos de poder numa Turquia de democraticidade duvidosa;
  • não criar duplicação nas despesas militares, com a ideia tôla de uma organização paralela à NATO;
  • melhor articulação e informação entre as Administrações Públicas dos Estados membros.

E quanto ao futuro da Madeira na União Europeia?
Primeiro, não só não nos podemos deixar andar a reboque de Lisboa também nestas mateiras - somos uma Região Autónoma - como todos, ao âmbito pessoal que nos for possível, devemos contrariar a implosão da União Europeia, tal como é pretendida pelas extremas-direitas e pelas diversas organizações comunistas (em Portugal o museológico PCP e a burguesia exibicionista do autodenominado “bloco de esquerda”, esta na Madeira com um apêndice chavista que é a JPP de Gaula).
Em segundo lugar, a continuidade na União Europeia pressupõe, inclusive com a Sua ajuda, resolver os principais problemas da Madeira:
  1. maior Autonomia Política;
  2. o Estado português, em consequência das Suas responsabilidades históricas, assumir a actual dívida pública da Região;
  3. investimento público apontado à criação e à consolidação constantes de mais postos de trabalho, nomeadamente através das áreas seguintes:
I - Turismo;
II - Centro Internacional de Negócios;
III - Mais valor acrescentado na exportação de Produtos e de Serviços, apostando-se na Inovação, para a qual é decisiva a participação da Universidade;
IV - Construção civil;
V - Mar e Natureza em geral.

d) progressiva e melhor justa distribuição do rendimento que vai sendo gerado, para o aumento da procura e, em consequência, do PIB.
É a Justiça Social, e não o assistencialismo, que faz a estabilidade política. Por exemplo, face à ocupação hoteleira que o Governo Regional apresenta, o que se espera para actualização dos acordos de trabalho na hotelaria?…
e) dialéctica política fomentadora de massa crítica necessária à Democracia, um confronto político como durante os anteriores Governos Regionais. É necessário combater este indigente “politicamente correcto” imposto e agir contra qualquer previsto monopólio de imprensa, camuflado por interpostos.

Funchal, 10 de Junho 2017

Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim

18 comentários:

Anónimo disse...

Bravo isto é que é um líder c visão ao pé dele queques e outras coisas são estagiários de empregados de mesa. Volta Alberto ou arranja quem te substitua

Anónimo disse...

O rabo da lagartixa, mesmo depois desta morta, continua a mexer-se. Assim é também o bicho chamado PSD/Madeira. Mas não se preocupem que o Professor Paulo Cafofo e o seu BRILHANTE estratega Dr. José Miguel Mafra Iglésias, vão tratar de remover os últimos sinais vitais da peste laranja.
As eleições estão no papo.

Anónimo disse...

Também eu se tivesse andado na última semana em passeatas por Dresden e Praga chegaria inspiradíssimo com ideias sobre a Europa.
Ao ler este escrito do viajante Albertito vêm-me à memória as palavras do Rei D. Carlos: «Lá vou eu ter que voltar para aquela choldra».

Anónimo disse...

GRANDE Alberto. Mais politica e governaçao numa pagina A4 quem em todo o Programa deste Desgoverno renovadês. Venha dezembro rapido.Psd atento

Anónimo disse...

Cardoso Jardim vem inspirado das terras de leste. Aguardamos que o Renovdinhos comece agora a engrenar.
Enquanto isso, Daniel Tonto Bajulador continua em odes aos seus heróis, Cafofo e Glesias, mas já não assina.

Sia disse...

Quem foi que disse que o PSD rebentaria por dentro?

Anónimo disse...

E dai? Ele foi a custa do pestana como o teu chefe das rosas vai de férias? Não pois não.
Este é um gajo c tudo em cima não é um alucinado desvairado à espera de se safar. Grande Alberto

Anónimo disse...

Nestes dois anos deu para ver que o AJJ sempre teve razão em não querer estes saltimbancos a mandar no partido já se sabia que aquela corja renovadinha era um bando de patifes sem qualquer visão ou estratégia para a Madeira eles só estão interessados em se safar e no seu umbigo. Em dois anos só deu porcaria e ainda aqui vamos. Tá na hora de por esta gente na rua c o apoio do tio Alberto este sim um homem c visão cabeça e estratégia. Um dia o alucinado mor faiava em tremeliques numa indirecta aos problemas de saúde de AJJ este texto é a prova que mesmo c problemas de saúde Alberto mantém uma lucidez e competência que o outro nunca há de ter até porque Alberto nunca consumiu coisas que alienam e alteram o estado de normalidade. Rua c está renovação da treta

Anónimo disse...

Apoiado. Grande AJJ este é qye e um líder

Anónimo disse...

Sempre a mesma conversa...ingleses, 500 anos roubados... não há pachorra.
E quantos nos roubaram, Marinas, Sociedades de Desenvolvimento, Campos de Golfe, Centros de Ciências, Parques Temáticos, Algas e ....etc...etc.

Anónimo disse...

Volta Alberto João, tu pelo menos assumias as coisas, pegavas o boi pelo cornos, mas os renovadinhos são uns falsos.

Anónimo disse...

Aiii paciência para este lambe-botas telecomandado... É que este triste comenta sempre igual em várias notícias...
Oh homem acorde! Claro que vão perder... Porque você é o único apoiante desses 2 embustes!!!

Anónimo disse...

Não foi este senhor que antes do 25 de Abril apoiava o regime fascista que nos explorava e roubava, escrevendo no diário do seu tio e deputado na Assembleia da República Agostinho Cardoso? Porque será que não teve esta visão contra os nossos exploradores nessa altura? Não foi este senhor que permitiu a criação de monopólios na mamadeira que continuam a explorar os madeirenses e portossantenses? Não foi este senhor que criou uma dívida monstruosa que hipotecou as futuras gerações, que nunca vão conseguir pagar os desmandos da "máfia no bom sentido"? Faltou neste texto dar apoio explícito ao sr. cafôfo! Viva o Alberto!

Anónimo disse...

É sempre a mesma conversa, a de Cardoso Jardim, ao logo de 40 anos. Inimigos externos, valia das suas opções, etc. sem qualquer novidade. Um clássico.
Hoje no Renovadinhos, é vergalhada no representante Irneu. De que vale aprofundar o estatuto, se há sempre um tribunal constitucional, ou o de contas que depois estragam a festa ?
Sim porque com esses engulhos não dá. Bom bom, era desaparecerem aquelas forças de bloqueio. Aí sim, seria a democracia perfeita, sem fiscalização. Seria democracia à moda bokassiana.
Agora aguardaremos vergastada nos amigos Cervejeiro, Sem Malícia e Betinhos.

Anónimo disse...

Tb foi este senhor que pôs a Madeira com níveis de vida europeus e provavelmente tb permitiu que v tivesse escola suficiente para vir para cá mandar bitates senão seria mais um bronco a viver numa furna escravizado pela hotelaria aliás olhe à sua volta e veja o antes e o depois e não diga asneiras. E agora temos o que? Um bando de salteadores a pensar no umbigo sem qualquer sentido de estado

Anónimo disse...

A democracia a moda bokassiana trouxe desenvolvimento a região e qualidade de vida aos madeirenses ou tem alguma dúvida? A democracia a moda renovadinha só serve pra safar dívidas pessoais dar tacho a amigos enrascados ou incompetentes e fazer jeitos aos tubarões do dinheiro povo estratégia desenvolvimento isso não interessa o povo qye se f... eu quero e safar me e aos amigos. Volta Alberto que isto está sem rei nem roque

Anónimo disse...

Hoje sim.
No Renovdinhos vê-se que Cardoso Jardim voltou revigorado da sua passeata pelo centro da europa.
O Cervejeiro já começa a aquecer as orelhas, mas os outros não perdem por esperar.
É preciso dizer ao Andre para ter cuidado com a revisão dos textos. É complexado, e não cumplexado.

Anónimo disse...

Leiam o livro "A herança" de Carlos J. Pereira, e vão perceber onde estamos metidos e quem controla quem!