Bagunça Rumo a 2019

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Tempo de 'meter o chico'

A bomba do dia é que Cafôfo está expectante (com a visita de Costa). Imaginem se Cafôfo tivesse alguma coisa a ver com a vinda de um Sargento convidado para falar a empresários! Os Leitores que aproveitem o fim-de-semana para recuperar do impacto.  

Depois de 40 anos de jejum, período em que revelaram total incapacidade para mandar abaixo o musculado e troglodita regime da Madeira Nova, culpando o árbitro das suas próprias fraquezas, eis que as velhas praças do ex-PS-M descortinam agora soberana oportunidade para também chegar um pouco acima. Chegar à tona mesmo que seja preciso apoiar medalhas aos algozes de outrora, desse jeito desprezando os camaradas que se dedicaram honestamente a fazer oposição empenhada com elevados custos pessoais. 

Os lateiros da tropa fandanga súcia, desde que viram o Sargentão ocupar o governo de Lisboa (ocupar, sim, porque não ganhou eleições e escorraçou previamente o seu camarada Seguro), desde então os lateiros só fazem vénias ao dito-cujo, entregando até a liderança 'de facto' do ex-PS-M a um cristão-novo independente. Na mira exclusiva, claro está, de conseguirem abrir um novo ciclo que transfira pare eles os tachos da Região ocupados ainda pela vasta clientela laranja. Os lateiros falam na necessidade de mudar de caras 40 anos depois, o que tem fundamento, mas, pelas experiências autárquicas conhecidas, já se percebeu que as promessas de acabar com maus costumes só duram até ao dia da vitória eleitoral. A partir daí, é um ver-se-te-avias na tomada dos tachos, com a justificação de que os do antigamente faziam o mesmo.

Situação política regional tão rasca como a do momento actual dá vómitos. O dia de hoje então, apesar de já cheirar a fim-de-semana, está irrespirável. Políticos da trampa de lés-a-lés e ex-jornalistas infiltrados naquilo que devia ser Jornalismo fulguram esta sexta-feira com todo o esplendor na porcaria do quotidiano que tentam forçar.

Mais valera que voltassem a falar hoje, outra vez, da visita do Cafôfo a Londres. Já embrulham o estômago, essas notícias turísticas (sobre a viagem do regedor organizada por um jornal). Acontece que hoje não se fala nos jornais nem nas rádios de qualquer excursão a Londres, nem a do Almocreve das Petas nem a outra do Blue King, que também tem dado pano para mangas. Não há Londres mas há pior. Sim? Pois. Há notícias a confirmar a vinda do Primeiro Costa à Madeira. E que tratamento das 'notícias', valha-nos o Semeador! Pelo aparato preparatório da visita do 'Vasco da Gama ao contrário', já estamos a ver as velhas praças que ainda querem atingir o posto de 'cabo chico' ocupadas durante 10 dias a limpar as armas ferrugentas, engraxar botas e passar a ferro a farda n.º 2. 

O Sargentão vem visitar a unidade, é preciso que tudo corra bem a ver se, quando ele ganhar as eleições regionais da Madeira em 2019, permite aos cabos expectantes 'meterem o chico'. É que mesmo os que só têm a 4.ª classe acham ter direito a fossar futuramente no rancho orçamental.

Primeiro Costa não terá desta vez recepção na baía do Funchal com mil barquinhos embandeirados em arco, à semelhança do que os nossos antepassados viram quando da vinda do Carmona e do Thomaz, e chegou a acontecer com Cavaco Silva na Madeira Nova. Mas, quando os cabos tomarem o poder na Região, o beija-mão ao chefe da República cubana começará na ponta do cais ou no extremo da pista de Santa Catarina para só acabar nas Angústias.

Atalhemos caminho. 

Então como é que os figurões da moda tabanqueira encaram a 'notícia' da visita do matreiro Costa? Em primeiro lugar, referência para o grande destaque do dia: Mayor Cafôfo "espera medidas concretas". Fantástico! Dá manchete em quase toda a 1.ª página do JM. Não é nada, é que  Cafôfo deposita "expectativas positivas" nesta visita, que por acaso acontece a convite da ACIF - e a propósito de umas palestras sobre o Dia do Empresário, 21. Explicação esta que não aparece na chamada de 1.ª página do dito jornal, para não ofuscar Cafôfo e as suas impactantes "expectativas". 

Logo na página seguinte, encontra-se novamente Cafôfo, agora catapultado a "protagonista" do dia. Porquê? Por assumir "expectativas positivas" quanto à visita do Primeiro. Quanto ao anúncio por Costa de medidas para a Região, Cafôfo não se compromete. Mas o salvo-conduto está registado e legitimado no jornal: seja qual for o resultado da visita - determina o panegírico - o presidente do Funchal pode dizer que fez o que podia.

Seria de esperar mais de quem foi a Lisboa dar um murro na mesa conseguindo desbloquear de uma penada o Hospital mais a mobilidade mais o problema dos juros da dívida, e agora se prepara para ir a Londres obrigar a reverter o Brexit. Era de esperar mais. Mas está determinado pelo jornal, está determinado. Cafôfo já é um vencedor da visita do Costa e mais nada.

Mas a notícia do dia - a expectativa positiva de Cafôfo quanto à visita do Sargentão - também merece umas referências na substância que provoca as expectativas. É que, pelo que se lê na imprensa, Costa vem tratar e anunciar assuntos pendentes entre a Região e a República. Onde, quando e com quem serão tratados esses assuntos?

Devia ser com o governo regional. Mas chefe Albuquerque diz não ter conhecimento da visita do Primeiro. Pior: Albuquerque vai estar nos paleios da ACIF sobre os empresários e, comparecendo lá na qualidade de Presidente, não foi informado pela organizadora Pedra de que lá estará também um fulano que, coisa curiosa, governa Portugal.

Mas que diplomacia é esta? Onde está o civismo, o respeito institucional, a mera boa educação desta gente?

Pior ainda é a reacção do próprio Albuquerque. Mais precisamente, a não-reacção. Ainda não o ouvimos pedir explicações à Sra anfitriã. Desmarcar a sua presença até receber as explicações. Blue King limita-se a dizer placidamente que o importante é resolver os problemas da Madeira, mesmo sabendo - diz ele - que nada será resolvido. Então um presidente de governo fala em resolver sabendo que não será resolvido? Ele é capaz de se reunir com um tipo qualquer, mesmo que seja o Sargentão de S. Bento, sem saber da vinda deste cavalheiro, depois de o regedor do Funchal se armar em protagonista da récita, depois da Sra. Pedra lhe fazer a desfeita de não o informar, e, sobretudo, quando o próprio Costa ignora completamente o presidente da Madeira - que, bem ou mal, foi eleito pelos Madeirenses? 

Albuquerque diz agora que não lhe faz impressão nenhuma Cafôfo tratar do que quiser com o Costa e seus ministros, mesmo falando-se de temas regionais. Mas quando do (não-)encontro de Lisboa entre Costa e Cafôfo, Miguel anunciou um protesto junto do Presidente da República. Ou seja, em lugar de obrigar Costa a retractar-se perante as afirmações de Cafôfo, sob pena de não comparecer ao encontro da segunda-feira em S. Bento, Miguel rebaixou-se - rebaixando a Madeira - ameaçou com queixinhas mas depois fingiu-se de surdo e lá foi ao beija-mão com o Sargentão.

De modo que já nada me admira. Mesmo depois de tão enxovalhado, às tantas Miguel vai outra vez à Doca do Cavacas pagar mais uma mariscada ao espertalhão que descobriu o caminho marítimo para Portugal e agora se prepara para inventar a roda na Madeira, pondo meia dúzia de cabos ambiciosos a trabalhar na Tabanca.

Os que "meteram o chico" no tempo da tropa laranja fizeram escola e têm sucessores à altura. De ex-PSD para ex-PS, não paga nada. Uns e outros fazem carreira de tropeiros lateiros, mas não atingiram nem atingirão a classe de oficiais. Estes que agora afiam as unhas, sem carácter, esperaram anos recolhidos na caserna, fugidos da guerra, a ver no que ia dar, para virem agora tentar açambarcar os despojos. E não aparece uma casta nova de madeirenses que corra com os incompetentes oportunistas, de ponta a ponta, onde se inserem uns pseudo-oposicionistas que o que querem também é acesso ao depósito de géneros para, salvo seja, encher a pança. 

A festa continuará rija, contem com isso.

PS 1 - Por respeito aos Leitores, e não aos corsários da actualidade  regional, alterei radicalmente a frase que encerra este arrazoado.

PS 2 - Para quem não fez tropa, 'meter o chico' é meter a papelada para levar a vida na 'peluda'... dentro do quartel.