Bagunça Rumo a 2019

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O SARGENTO BARALHOU

No antigamente, os governadores civis, geralmente forasteiros, quando queriam ir a ares à terra, passavam aos jornais a 'notícia' de que sua excelência enfrentaria mais uma alta missão de se deslocar à capital do Reino para tratar de assuntos instantes da Madeira. Nutrida multidão de lacaios traidores bem instalados ocupava o cais em respeitosa despedida ao sua excelência de S. Lourenço, que depois era acompanhado na lancha de ligação ao vapor pelos mais importantes sabujos da ilhota.

Com umas locais de primeira página informando que nos Ministérios de Lisboa prosseguiam as diligências de sua ex.ª o governador do Distrito, quando o carreirista, por acaso, se divertia na desfolhada da província ou nos fados do Bairro Alto, uns 2 ou 3 meses depois saía fumo branco do Palácio: sua excelência desembarca no Funchal dia tal e traz a resolução para desbloquear os ponderosos problemas pendentes da Madeira. O cais enchia, o banquete de boas-vindas iluminava o Palácio e, a partir do dia seguinte, não se falava mais do assunto, questões urgentes da Madeira incluídas.

Os costumes evoluem e, depois de longos anos com o itinerário Bruxelas na ordem do dia, passou-se à divulgação do nome da Madeira lá fora, pelo presidente do governo regional, em coutadas viradas para a caça  grossa, às viagens de coesão com a diáspora, às digressões também no estrangeiro para convencer empresários de renome a investir na Região. Peço que mostrem um só resultado dessas tournées que nos custaram balúrdios, em viagens, hotéis de 5 estrelas, banquetes para os de lá comerem e a gente pagar, dolorosa para os parques africanos de caça.

Claro que, com o terreno a fugir de baixo dos pés e perigosas eleições à vista, o serviço de excursões 'Angústias Tours' abrandou. E se há viagem a Londres à vista, não é mais do que uma táctica de marcação cerrada movida por Albuquerque ao destravado Cafôfo.

É que Cafôfo não pára. Pretendente a governador do Distrito - e para esse 'cargo' de mestre de cerimónias está bem talhado -, conforme promessa do Primeiro Costa, o homem não pára de inventar viagens. Ele também vai a Londres, em mais uma viagem organizada por um jornal cá da Tabanca - que esta democracia-autonomia dá para tudo -, e pelas notícias de hoje parece que anda uma euforia na capital de Sua Majestade a roçar o delírio, com os 800 lugares da lotação para o arraial já vendidos, quase tanto como quando lá vai actuar o 'Bexiga'. O nosso Cremalheira das Lombas diz que vai tratar em Londres de assuntos importantes para a Região, como garantir aos laboriosos conterrâneos lá residentes umas quantas viagens turísticas ao Funchal, a coincidir com o dia eleitoral das regionais 2019, aliás à semelhança das autárquicas que se têm feito no Porto Moniz. E vai tratar até de assuntos internacionais, como a corrente migratória que continua a encher aviões da Venezuela para Inglaterra, embora não nos pareça que lhe dêem oportunidade de dar um murro na mesa de Theresa May ou do também troca-tintas do Boris Johnson, muito menos da Rainha. Mas não custa tentar.

Entretanto, sempre com o rabo no ar, Cafôfo aventurou-se a mais uma viagem a Lisboa, paga pelos funchalenses, dizendo que foi tratar de problemas dos madeirenses. Do murro em cima da mesa de Costa, não-reunião onde em sonhos falou da questão Hospital, resultou pouca coisa: resultou a vinda de um tipo da Saúde nacional para inspeccionar as injecções regionais, a visita da comissão de Saúde de São Bento, com os seus membros pasmados perante a desgraça dos Marmeleiros (espero que não vão ao São João do Porto), o tratamento do Dr. Costinha que deu anos de vida aos adeptos do Nacional, pouco mais.  

Na sequência da não-reunião com o seu superior Costa, a não-reunião de Cafôfo ontem na capital era, como as diligências dos antigos governadores civis, para tratar de importantes problemas regionais. A notícia do encontro que iria acontecer falava do ministro do Planeamento, Pedro Marques. A notícia do encontro que aconteceu fala dos 31 candidatos a bombeiro que estagiam em Lisboa. Parece que, ao chegar ao 31.º aspirante a sapador, este estendeu a mão a Cafôfo e perguntou: oh presidente, qual é a tua mão direita? Cafôfo, repentista como é, lembrou-se de Max e respondeu a preceito.

E assim vai a marcha da Bagunça Rumo a 2019, ano das eleições para governador do Distrito.