CONCENTREMO-NOS NAS COISAS BOAS DA NATUREZA

Nas últimas horas tem chovido bem. Depois dum inverno com baixíssima precipitação e muitos dias com vento de leste, eis que a primavera começa molhada. Uma verdadeira dádiva da Natureza.

O transvase de água do norte para o sul através do túnel dos Tornos - o maior da Madeira, 5.100 metros - em janeiro e fevereiro atingiu valores tão baixos, algo semelhantes aos que há algumas décadas eram os registados no fim do verão, que me deixaram muito preocupado.

Esta água que nos está a chegar do Céu, nestes dias depressivos de coronavírus 19, é fundamental para recarregar os lençóis freáticos, acordar as nascentes, despertar as plantas silvestres, incrementar a agricultura.

A falta de água para o regadio dos nossos poios e nas nossas casas no próximo verão seria terrível, num período crucial para o renascimento da economia e da qualidade de vida.

Mesmo na companhia dumas rajadas de vento, perigosas mas úteis na limpeza de pragas e ramos secos, devemos ficar muito felizes com estas chuvas primaveris. Que a Natureza as acrescente com intensidade moderada!

Mas atenção. Também temos de contribuir com a nossa parte. Todos temos o dever de poupar água. Um bem tão precioso não pode ser desperdiçado.

No intervalo entre dois aguaceiros e aproveitando a acalmia do vento, fotografei, para partilhar convosco, as inflorescências da Scótia (Schotia brachypetala), uma árvore da África meridional - Moçambique, Zimbabué e África do Sul - que gosta de viver connosco no Jardim do Tojal, que nos regala com estas flores no fim do inverno e no início da primavera e que sacia os pássaros com a água açucarada armazenada nos cálices.

Concentremo-nos nas coisas boas da Natureza.

Jardim do Tojal, 23.03.2020

Raimundo Quintal