O PEQUENO MONSTRO ESTÁ AÍ

O pequeno monstro está na ilha da Madeira.

Para já, sabe-se que entrou silencioso escondido no corpo duma turista holandesa.

Possivelmente, também viajou clandestino nas entranhas de madeirenses regressados a casa ou acompanhando turistas atraídos pelos encantos da Pérola do Atlântico.

Quantas pessoas infetadas teremos amanhã, depois de amanhã, na próxima semana, no próximo mês?

Penso que ninguém sabe e receio que falte capacidade para tratar os casos graves do coronavírus, mais os doentes oncológicos, mais as vítimas de enfartes, mais os casos de AVC, mais outras tantas enfermidades que irão surgir à porta do Serviço Regional de Saúde.

Neste momento, temos de atirar para trás das costas as diferenças que nos separam e disciplinadamente cumprirmos com as regras difundidas pelas autoridades de saúde, com o objetivo de minimizar o avanço do perigoso adversário, que não distingue ricos e pobres, crentes e agnósticos, amarelos, negros ou brancos.

É tempo de consciencializarmo-nos da fragilidade humana perante os elementos da natureza, sejam vírus, bactérias, insetos, sismos, vulcões, incêndios ou aluviões.

É tempo de semear a prevenção e de cultivar novas formas de relacionamento com a biosfera, o ar, o mar e a terra.

Os sinais dos tempos são cada vez mais claros. O arquipélago da Madeira não está em risco. Quem corre sérios riscos de sobrevivência somos nós.

Entretanto, os Gerânios da Madeira já começaram a florir. Vem aí a Primavera.

17.03.2020

Raimundo Quintal