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segunda-feira, 23 de setembro de 2019


Declaração Política da CDU sobre as eleições de 22 de Setembro e o quadro político regional delas resultante


1. A perda pelo PSD da maioria absoluta é o elemento mais relevante das eleições ontem realizadas.
Uma derrota indisfarçável, independentemente dos arranjos institucionais que se fabriquem para prosseguir o rumo desastroso da Região.
A perda do poder absoluto pelo PSD representa a vitória daqueles que, como a CDU, ao longo de décadas combateram injustiças e mobilizaram os trabalhadores e o povo em defesa dos seus direitos.
Derrota tão mais significativa quanto a ostensiva instrumentalização de meios públicos e a coacção que o PSD, a partir do poder regional, usou para influenciar ilegitimamente a livre expressão dos eleitores.

2. A redução do número de deputados da CDU é um factor que pesará negativamente na vida política da Região.
São os trabalhadores e o povo e a força para defender os seus interesses e direitos que sai fragilizada, é a afirmação das suas aspirações que perde a força da combatividade e da coerência que sempre encontraram na CDU.
Mais cedo que tarde, tal como sucedeu em 2011 quando a CDU obteve resultado idêntico com a redução de dois para um do número dos deputados, serão os próprios trabalhadores e a população a darem conta de que é esta a força que lhes faz falta e a devolverem, como em 2015, o apoio que agora não deram.
Todos os que votaram na CDU, os trabalhadores e o povo da Madeira e do Porto Santo continuarão a contar com a sua acção e a sua coragem.
Agora, ainda que conjunturalmente, sem a força que lhe era devida e necessária, mas com a determinação de sempre e vinculado com os compromissos que assumiu com o povo.

3. Como o PCP sempre afirmou a derrota do PSD não era condição bastante para afastar a política de direita.
Como sempre denunciámos PS, PSD e CDS partilham na Região das mesmas opções que têm marcado o percurso de exploração, injustiças e desigualdades.
É caricato ouvir hoje o PS a procurar no CDS força de apoio e suporte à sua política. E é sobretudo esclarecedor que PS e PSD identifiquem no CDS o parceiro comum.
Os democratas, os homens e mulheres de esquerda que entregaram o seu voto ao PS em nome de uma apregoada “mudança” têm agora a prova das concepções e projecto que o PS reservaria para a Região, o engano a que foram levados em nome de uma falsa “alternância”.
Não fosse bastante o elogio a Alberto João Jardim na última semana da campanha ao assumi-lo como pai da democracia na Madeira, aí temos agora esse mesmo PS a propor como parceiro o que de mais à direita e reaccionário está presente no Parlamento Regional.
Ninguém imaginará que para o PCP, o CDS seja parceiro de qualquer percurso.
Ninguém contará com a cumplicidade da CDU para delinear e concretizar uma política contrária aos interesses dos trabalhadores e do povo, de favorecimento dos interesses dos grupos económicos, de intensificação da exploração e das injustiças.
Os trabalhadores e o povo podem contar com o PCP para dar combate à política de direita, seja pela mão de PSD e CDS, contem ou não com a cumplicidade do PS.

4. É de uma outra política que a Região necessita. Uma política que nem PSD nem PS inscrevem como objectivo.
O PCP ditará o seu posicionamento determinado pelo compromisso que firmou com os trabalhadores e o povo e pelo objectivo de assegurar o desenvolvimento económico e o progresso social, e afirmar a Autonomia enquanto instrumento ao serviço do povo da Região.
A resposta aos problemas da Região e do povo exige a valorização do trabalho e dos trabalhadores, a defesa dos serviços públicos a começar pelo financiamento do serviço regional de saúde e rejeição dos projectos de apoio aos grupos privados da saúde, a valorização da escola pública, a resposta aos graves problemas habitacionais assegurando o direito constitucional à habitação, a confirmação do sector empresarial público regional com a reversão de projectos em curso com vista à privatização de empresas, a garantia do direito ao transporte com a exigência do cumprimento de serviço público por parte da TAP e com ruptura com a submissão aos interesses dos grupos económicos que monopolizam o transporte marítimo.
E sobretudo a exigência de ser posto fim à promiscuidade entre o poder regional e os grupos económicos com os quais consabidamente PSD, CDS e PS partilham ligações e cumplicidades.

5. É com a CDU que os trabalhadores e o povo continuarão a contar.
No plano institucional enquanto a única e coerente voz de esquerda no Parlamento Regional. Nas empresas e locais de trabalho, nas localidades e nos bairros com a sua presença e acção mobilizadora em defesa dos interesses e direitos do povo.

6. O PCP saúda todos quantos deram o seu apoio à CDU assegurando a todos que o voto que nos confiaram não será traído. 
Amanhã, como sempre, a CDU marcará presença em cada luta e em cada momento em que seja preciso afirmar direitos, denunciar injustiças, construir soluções para responder às aspirações populares e ao desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira.

Pelo Gabinete de Imprensa da CDU

Funchal, 23 de Setembro de 2019

3 comentários:

Anónimo disse...

Lá foi a jogada do JMR pelo cano abaixo hahah

Anónimo disse...

Ainda bem. Ainda ha gente seria, coerente, e com o nobre principio de cumprir o que era suposto ser a politica,o exercicio de servir os cidadaos.Podia era estar num partido menos radical.

Anónimo disse...

Grande Edgar. Corretíssimo. O problema é que estao sempre a compará-lo com outros regimes comunistas.