E perguntas a Cafôfo?

João José Abreu

O diretor do DN tem agora uma nova missão. A propaganda descarada feita ao PS nos últimos anos não deu o resultado ambicionado, por isso toca agora a encetar uma diabolização da vitória do PSD nas “regionais”. Quem lê o diário, uma instituição que deveria fazer respeitar os seus mais de 140 anos de existência, fica com a ideia de que o PSD perdeu as eleições. 

A edição de terça-feira, entre tanto pormenor ridículo, ganhou medalha de ouro a constatação de que 61% dos eleitores não tinha votado no PSD! Como se a percentagem de votação nos outros partidos tivesse sido maior! Haja decoro e não se tente tratar o leitor como parvo.

Hoje continua a saga. Fazem-se contas aos últimos 12 anos (!!!), entre o melhor e o pior resultado dos laranjinhas, para chegar à manchete! E depois diz-se que há um “nervosismo indisfarçável” no PSD. Se calhar até é verdade. E como estará o ambiente no PS? Descobre-se nas páginas seguintes? Não. Nem uma única linha sobre a ressaca eleitoral do PS em toda a edição. Na noite de eleições, os jornalistas não puderam fazer perguntas a Cafôfo, na segunda-feira pelos vistos não conseguiram falar com ninguém do PS e ontem, apesar de ter sido noticiada uma reunião do PS com o JPP, de a chefe de gabinete deste último ter feito um “post” acusatório aos socialistas, não há nada na edição desta quarta-feira. Ah! Afinal há: o diretor do DN deu a notícia da Comissão de Honra do PS para as “nacionais”, dando a entender que há agora paz com a integração de Liliana Rodrigues e Luís Vilhena que, como se sabe, não podem com o “candidato a presidente do Governo Regional”, como tanto se escreveu no DN.

Está visto que o código deontológico está enfiado numa qualquer gaveta. A falta de vergonha, essa anda a solta na Fernão de Ornelas. Não admira que os socialistas se fartem de partilhar nas redes sociais as notícias deste senhor diretor.