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quarta-feira, 4 de setembro de 2019




PARA QUE SERVE O CINM AFINAL? 




Ricardo Meneses Freitas


Ainda está fresco na memória de muitos o histerismo regional para com uma denúncia feita pela Unidade de Grandes Contribuintes (UGC), da Autoridade Tributária, junto da Comissão Europeia, sobre eventuais ilegalidades na aplicação do IV Regime aplicável ao CINM até 2027. Lembro-me perfeitamente da questão ter sido colocada nos moldes dos madeirenses contra os malditos cubanos, tendo sido gritado aos céus que quem não estava com o CINM, e porventura conivente com as suas irregularidades, estava contra a Madeira. Afinal o CINM empregava milhares de madeirenses que veriam as suas vidas destruídas pelos maléficos inspetores europeus.

Surge esta lembrança na sequência do convite do Sr. Vice-presidente do Governo Regional para que a empresa J.Faria&Filhos se instalasse no CINM. O primeiro espanto assombrou-me com a promessa feita de uma taxa de IRC a 2,5% quando o regime prevê uma taxa de 5% para operações com outras entidades não residentes em território português ou com entidades licenciadas no âmbito do CINM.
Estranho também que empresas madeirenses sejam convidadas para o CINM quando o mesmo tem como justificação a atração de investimento produtivo externo para a Madeira, num enquadramento RUP. Afinal parece que temos 2 regimes fiscais para os madeirenses, um onde se paga IRC a 5% e outro onde se paga IRC a 20%. As PME, que tanto enchem a boca do Governo Regional, pagam o grosso do IRC na Madeira, os mais ricos, vão para o CINM fingir que não são de cá e pagam 5%.
Mas voltemos ao maldito e quarentão inimigo externo e perguntemos pelo emprego que eles nos queriam tirar. Quando vejo empresas como a Empresa Madeirense de Tabacos, a CLCM, a Insular e muitas outras que trabalham quase exclusivamente com madeirenses e para a Madeira pergunto-me porque raio estão elas no CINM e porque raio é este emprego contabilizado como proveniente de um instrumento de atração de investimento externo? Então se o CINM fechasse estas empresas iriam fechar? A resposta é obvia, claro que não. Esse emprego “não é do CINM” é emprego da economia regional que foi transferido para o CINM e é aqui que o logro regional se expressa na maior das suas hipocrisias. Isto quer dizer que quando o histerismo do CINM bate à porta há uma grande quota parte que, travestido de emprego, diz: nós queremos o regime fiscal dos ricos e não o regime fiscal dos rotos das PME.
A exigência de criação de emprego do atual IV Regime faz todo o sentido. Afinal, se não é uma offshore, como defendido pelo nosso Governo Regional, o investimento tem de ser produtivo, logo tem de criar emprego efetivo na Madeira. Isto é mais significativo do que aparenta, porque a UE classifica as regiões pelo indicador PIB per capita, o que por sua vez implica que o PIB tenha alicerces na economia real. Quando empolamos o PIB sem ter correspondência na economia real, como o que acontece com as offshore, este indicador deixa de ser representativo da economia real porque uma boa parte dos impostos são cobrados sobre atividades que não se produzem na Região, que não criam emprego e cujos volumes de negócio nem passam por cá. É este o drama regional que fez voar 1500 milhões de euros em apoios europeus. Esta exigência de criação de emprego é um instrumento que corrige a situação porque obriga a que a atividade seja desenvolvida efetivamente na Madeira. Voltando ao histerismo regional pergunto: Não seremos nós madeirenses os primeiros interessados que os negócios do CINM tenham correspondência na economia real? Não deveríamos ser nós os primeiros a evitar que se empole o PIB excluindo-nos de importantes fundos europeus?

14 comentários:

Amsf disse...

A acrescentar a todas essas incoerências noticiasse agora que 80% das nossas exportações fazem se por aí! Sabendo-se que o sector turístico é classificado como exportação só se pode concluir que os grupos hoteleiros também estão aí refugiados! Ainda me recordo das campanhas do DN a favor do CINM e cia pejadas de desinformação.

Anónimo disse...

Muito bem explicado.

Anónimo disse...

E que tal explicar que das 50 empresas da Zona Franca da Madeira apenas 5 (10%) já estavam instalados na Madeira (Insular, Madeira Wine, Serlima e duas outras). Convém relativizar em abono da honestidade.

Leu a reportagem do insuspeito Diário de Notícias na 3a feira. Mais de 80% das exportações regionais são do CINM?

Qual deve ser o instrumento para o desenvolvimento da Madeira senão aquele que passe por investimento externo e exportações? O CINM, onde se investe, claro está, por causa do regime fiscal aprovado pela União Europeia. É o CINM que permitirá um crescimento sustentável e crianção de bons empregos na Madeira. O resto - com excepção do Turismo, é paisagem.

Você deve ser daqueles que defende que se deve continuar a privilegiar o crescimento pelo investimento público, pelo betão, ou até pelo consumo, que desequilibra e balança comercial e as as contas públicas, gerador de déficit e de dívida. Sendo assim vem aí não tarda mais um programa de ajustamento e você paga, pois vou embora daqui para fora

Anónimo disse...

Ó das 07:21

O insuspeito DN quando este é do grupo Blandy que é o mesmo que dizer Madeira Wine?! Insuspeito quando durante anos participou activamente em campanhas no sentido de nos impingir a ideia de que as empresas regionais não estavam nem podiam estar no CINM?! Até posso concordar com todos estes "esquemas" enquanto o mundo for o que é mas dai a nos quererem fazer de parvos! São capitalistas e liberais mas depois querem tudo feito à sua medida. Como é que ficam os empresários que além de mais pequenos têm que pagar taxas de vintes % enquanto que outros pagam 3, 4 ou 5%?! Como é que ficam os trabalhadores que são usados como pretexto para estes benefícios fiscais quando os números de postos de trabalho supostamente criados não são honestos?! Não somos todos "comunistas" nem parvos!

Anónimo disse...

Sobre a questão da perda de fundos de coesão por força do impacto do CINM no PIB regional, convém recordar que o único estudo conhecido sobre essa matéria, do Professor Augusto Mateus, concluíu à altura que, mesmo sem o CINM, o PIB regional estava acima do valor (75% da média da UE, se não estou em erro) que permitiria acesso aos ditos fundos.

Anónimo disse...

Gostei da publicação

Anónimo disse...

Qual é o mal de empresas madeirenses estarem na zona franca e aproveitarem melhores condições fiscais?

Amsf disse...

Ó das 12:30 Claro, as empresas madeirenses saltam para dentro do paraíso fiscal, baixam drasticamente a sua contribuição para o orçamento regional e depois o GR aumenta os impostos sobre o trabalhador singular para resolver esse déficit! Se os seus conhecimentos são assim tão básicos podia sugerir estender o CINM a particulares e empresas da Madeira e pedir ao contribuinte nacional que aumentasse a sua contribuição regional de c de 230 milhões para 1300 milhões...ou então estará a sugerir que todos os merceiros da esquina, com a baixa dos impostos iriam internacionalizar-se de tal forma que a nova enorme faturação compensaria a reduzida taxa...

Anónimo disse...

Olhe que não... O enquadramento que o autor fez tem incongruências e revela alguma falta de conhecimento.

Anónimo disse...

18.16,
Essa é uma visão errada. Se tiverem custos fiscais mais baixos, vão produzir e exportar
mais. Quanto a beneficios convém não esquecer que todas as empresas do PSI 20 estão sedeadas na Holanda. E aí a tributação sobre os lucros é muito mais baixa que em Portugal.
Assistindo hoje a uma conferência sobre o CINM, fiquei até admirado sobre a importância do mesmo para Portugal. E dito por especialistas insuspeitos.

Anónimo disse...

Ó das 20;39
Todas as empresas exportadoras madeirenses já lá estarão e não me parece que haja esse efeito de forma significativa. Os "merceeiros" que ficaram de fora estarão em áreas económicas não exportáveis. E evidentemente nunca conseguirão sair da sepa torta pois são eles os responsáveis por efectivamente pagar impostos e consequentemente vítimas de concorrência desleal. Esses ditos "especialistas" e empresários opinam em causa própria. Entretanto porque não seguem o mesmo raciocínio e baixam o IRS para todos como forma de atrair quadros altamente qualificados e consequentemente bons pagadores de IRS. Como é evidente não acredito nesse efeito como não acredito no argumento que apresentou para permitir a entrada das empresas regionais/nacionais no CINM. Lembro que o nosso diferencial de IRS em relação ao Continente podia ser de menos 30% e não é...Andaram a nos mentir de forma organizada durante décadas, porquê! O CINM só seria aceitável como instrumento fiscal junto de empresas estrangeiras...

Anónimo disse...

Ó das 22.02,
Você não acha, mas eu acho.
O que a Madeira e Açores precisam para esbater o constrangimento de regiões insulares periféricas é de um regime fiscal próprio que possibilite baixa tributação para as empresas.
Só assim vão atrair investimento. Isso é que é necessário. Até isso acontecer, é preciso potenciar o CINM, que deixa nos cofres do Estado Português umas centenas de milhões de euros.
O resto é conversa fiada.

Anónimo disse...

22.02
Nem mais. Por aqui o Calado mostrou as suas garras e para o fim a que veio destinado. Como o Robin do Bosques mas ao contrário ou seja tirar dos Pobres para dar aos Ricos.
Mais Empresas Regionais no CINM ou seja menos impostos gerados que terão se ser compensados pelo Pobre Trabalhador Madeirense que não tem contas Off Shore.
Aqui CALADO deveria estar calado!

Anónimo disse...

13.38,
Conversa mole para boi dormir.
Nada de novo numa visão raquítica da economia. Mais empresas com melhores resultados no CINM vão gerar mais receita do que meonos empresas e menos empresas no regime geral.
O que as regiões autónomas precisam é de sistemas fiscais próprios para atrair investimento.
Conversas do Calado e baboseiradas de ricos e pobres e povo trabalhador, sinceramente. Demagogia para tolos.