A ALMA INDIVIDUAL FUTURA
Tendências globais tendem a afetar cada um individualmente.
A panaceia dos Estados continuará a ser o crescimento económico, logo os Estados promoverão o investimento (seu e dos cidadãos: empreendorismo). Isto significa imprimir dinheiro que será injetado nos bancos. Estes o multiplicarão na forma de empréstimos (aos Estados, às empresas e aos cidadãos). A impressão de dinheiro, mais tarde ou mais cedo, será maior que o aumento Sustentado do Consumo. Logo, os bancos perderão dinheiro emprestado, o que levará a crises e apoios públicos aos bancos.
Todos querem ser ricos… embora não saibam o que fazer com todo o dinheiro a que aspiram ter. Isso leva duas situações: roubar o Estado (a maneira mais simples e com menos risco), e ter mais por menos. Este último efeito, uma vez que o custo do trabalho é muito elevado no custo total dos bens e serviços, significa que haverá um esforço para diminuir os salários e o número de trabalhadores. Os únicos que serão imunes a este efeito são os grandes dirigentes e os funcionários públicos. Esta situação poderia levar a um maior combate político, mas o que vemos é que esta situação levará a que os dirigentes dos principais partidos se associem entre si para abocanhar os tachos… e a política transforma-se numa mera peça de teatro de atores e papéis fixos com temas inócuos para a esmagadora maioria da população. A cidadania ativa e novos atores políticos serão sistematicamente e duramente reprimidos. Ao mesmo tempo as distrações da real situação da Sociedade serão cada vez mais fortes: pandemias, crises económicas, guerras – serão os “paus”; entretenimentos, espetáculos, desportos, hobbies – serão as “cenouras”.
Os Estados com cada vez mais funcionários públicos são cada vez mais interventivos em todos os aspetos da Sociedade. A ambição dos políticos e dos grandes empresários fará com que a linha divisória entre os interesses estatais e das grandes empresas se dilua. Entretanto, as grandes somas desviadas e o forte poder político farão com que os Tribunais fiquem completamente corruptos. Os Magistrados deixarão de ter hipótese de não serem corruptos, pois também eles não terão onde se esconder desta teia.
A intervenção do Estado chega aos bancos, logo, a corrupção do Estado chega aos bancos… pelo que estes últimos farão empréstimos volumosos sem garantias.
A riqueza continuará a concentrar-se nos detentores de poder político e económico. A mobilidade social será para baixo e praticamente irrecuperável. (Atualmente, nos estados com alta mobilidade social, demora-se 2 ou 3 gerações a recuperar o estatuto perdido).
O Reino do Conhecimento continuará a expandir-se e com isso deixarão de existir indivíduos de elevados conhecimentos elevados. Os suprassumos do conhecimento terão alto conhecimento sobre uma especificidade altamente específica.
A evolução das técnicas sociais iniciada no século XX fará com que os indivíduos nunca se juntem em torno de uma qualquer causa: haverá sempre uns que as rebentarão em nome de uma classe: minorias vs brancos, mulheres vs machistas, trabalhadores vs desempregados… a mais ridícula será a luta comunistas vs fascistas.
A evolução tecnológica de ferramentas de “aprendizagem automática” fará com que os quadros técnicos (engenheiros, matemáticos, economistas, médicos…) tenham menor empregabilidade e menores rendimentos.
A evolução social fará com que as nossas palavras atinjam um maior público… mas à custa do contacto pessoal. Essa falta de contacto humano fará com que sejamos muito mais fracos… e manipuláveis. Quem nos garante que as publicações que nos serão dadas a ver no facebook não cumprirão um objectivo político de “calma”, de “tranquilidade”? Quem nos diz que alguém não está a registar os links que abrimos para saber qual o nosso conjunto de valores (para em seguida nos manipular politicamente)?
A classe média começará a maximizar o proveito de seus bens: Uber, e-bay, Airbnb são exemplos. Os rendimentos dos mais pobres serão encolhidos (ex: taxistas, pequenos vendedores, trabalhadores da hotelaria…).
Muitas destas situações levarão a que os sindicatos percam os resquícios de poder. Os políticos já pensam que conseguem vencer Magistrados, Médicos e Estivadores… as últimas classes profissionais com poder.
O Trabalhador do futuro (que não for funcionário público) será um tarefeiro sem expectativas a médio e a longo prazo. Rezará para que amanhã não seja pior que hoje.
De tempos a tempos, haverá uma insatisfação generalizada… mas esta só será perigosa para o Sistema com um Líder Inspirador de forte capacidade cognitiva. O Sistema antecipar-se-á; fará aparecer profetas de “pés de barro” para dissipar as tensões sociais. A descrença na Mudança e aceitação da Injustiça aumentarão com as quedas dos profetas de “pés de barro” Digo com “pés de barro” pois é fácil impedir que um verdadeiro profeta tenha acesso à Comunicação Social de massas e/ou condições de se candidatar/eleger.
A Alma individual do futuro centrará sua vida em torno do seu emprego, de sua subsistência. Esta centralidade levará a que os ambiciosos com menos virtude tenham as seguintes atitudes:
1) pertencerão a um determinado partido;
2)só emitirão as opiniões concordantes com os ditames desse partido;
3) Lerão e aceitarão como verdadeiro e científico o que o partido declara como tal. Não ouvirão opiniões discordantes;
4) participarão nas atividades partidárias;
5) gastarão dinheiro e tempo pessoais em formações profissionais e partidárias;
6) criarão uma rede de relações com os indivíduos “certos” (em vez de amizades e convívios desinteressados). Pertencerão aos órgãos sociais de associações desportivas, caritativas ou culturais integra-se nesta estratégia;
7) casarão “bem” e terão os “filhos” na idade certa. Os filhos terão uma vida delineada;
8) cuidarão de si para melhorar a sua imagem (necessária tanto por razões profissionais como partidárias);
9) comerão só o que é adequado para a imagem;
10) dormirão bem para maximizar o seu intelecto;
11) vestirão e agirão conforme a sua posição social e ocasião;
12) terão as atitudes próprias à da sua posição social, como por exemplo, na escolha dos seus destinos turísticos.
Alguns poderão dizer que já veem estas situações a ocorrer e que já na Antiguidade ocorriam. Sim… Mas alguém estava à espera que eu falasse de algo que não visse?
O que estou a dizer é que esta Alma de Escravo (dominada pela ambição de dinheiro e e pelas aparências) tem tendência a agravar-se e a influir em todos os aspetos da vida. Estou a dizer que o Novo Homem será uma mera Máscara por tanto a ser.
A solução para não ser uma mera Máscara é Carnaval: criar uma oportunidade, um tempo, um local, uma situação para experimentar ser o que não se é; viver o Aqui e o Agora como se não houvesse passado nem futuro nem deveres; procurar a Alegria em vez de uma busca de uma Felicidade inatingível que ninguém sabe o que realmente será para si próprio.
Teremos sempre que utilizar Máscaras… mas isso não significa que temos que utilizar sempre a mesma.
Eu, O Santo
P.S.1- A demonstração do que aqui digo é fácil. Os leitores abdicariam um pouco do seu livre arbítrio, das suas convicções para apoiar um individuo de notória virtude, combativo, resiliente e com elevada capacidade intelectual e cultural, e mais importante, com vontade e capacidade de destruir este ciclo que se está a agudizar? Vê algum auto-proclamado político defensor do Bem Comum a fazer isso?
No entanto, provavelmente já votaram e apoiaram algum individuo que o Sistema (poder em exercício e comunicação social) vos apresentou mesmo não tendo demonstrado as supracitadas qualidades.
P.S.2- Atualmente, recebo tanta publicidade para eu pedir empréstimo de dinheiro quanto antes da crise de 2008. E o leitor?
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