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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Bagunça Rumo a 2019






QUARENTA E SEIS




Congresso Districtal
do PS-M




"Vae organizar-se brevemente o partido socialista neste Districto. Para esse fim, é esperado de Lisboa um conhecido paladino d'aqueles ideais."

O Leitor acaba de tomar conhecimento de uma local do DN edição de 17 de Abril de 1913. 
Outra informação: o trabalho daquele 'paladino' redundou num insucesso, tal como, à época, o do próprio Partido Socialista ao nível nacional, que tinha nascido em mil oitocentos setenta e troca o passo. Em 1913, os republicanos madeirenses começavam a dividir-se em democráticos puros, evolucionistas, unionistas, fusionistas, esquerdistas e tanta versão político-partidária que os sonhadores com o tal Partido Socialista não deixaram o menor traço de História. Apesar da vinda de comissários ao 'Districto'. 

Depois, sabe-se como é que foi: com o Botas no poder, bem protegido pelas suas polícias, legiões, mocidades, grémios e sindicatos corporativos, os socialistas do tal partido que nunca riscara nada desapareceu de vez, em 1933. Partido mesmo, para enfrentar a Ditadura, continuou o Comunista, constituído anos antes assente em sindicalistas revolucionários e não nos burgueses acoitados no tal Partido Socialista.
Lá para 1973, Soares, amigos e parceiros do exílio dourado fundaram um novo Partido Socialista. Que, depois do 25 de Abril, chegou à Madeira hesitantemente - para não dizer desastradamente. Um zero em impacto junto dos trabalhadores activistas, que se identificavam muito melhor com a UPM de Paulo Martins e outros operacionais de extrema-esquerda. As massas deixaram-se bipolarizar naquela esquerda radical forte e no laranjal estribado no conservadorismo político e na religiosidade do antigamente. Muito graças ao vazio do PS, que não conseguiu melhor do que arranjar sede na Rua Câmara Pestana pelo processo das 'ocupações selvagens'.
Chegadas as primeiras eleições, as Constituintes, dia 25 de Abril de 1975, os socialistas madeirenses fazem eleger um deputado em S. Bento, Monteiro de Aguiar, contra cinco do PSD - situação oposta à do Continente, onde o PS de Soares bate o PSD à vontade. Que acontece aos indecisos e hesitantes socialistas de cá, quando das primeiras legislativas, exactamente um ano depois das Constituintes? Pois dá-se que Lisboa manda um 'paladino' do PS nacional, Jorge Campinos, encabeçar a lista do PS-M. Como algumas vezes fizerem os partidos Regenerador e Progressista com os nossos vilões do século XIX. Esta 'questão Campinos' já deu polémica entre socialistas regionais, dizendo um 'histórico' ter sido ele mesmo a ir a Lisboa convidar Campinos para o efeito, teoria logo desmentida pelo saudoso Ângelo Paulos, o quadro melhor documentado do partido até há bem poucos anos. Se bem que a primeira versão ainda fosse pior: se os de cá se viram obrigados a ir lá fora buscar um 'reforço', por incapacidade doméstica, pior a emenda. Assim percebe-me mais facilmente o novo banho do PS-M em 1976, outra vez contra os resultados nacionais, que levaram Soares a primeiro-ministro. O PSD meteu 4 deputados, o PS um e o CDS outro.
O resto toda gente sabe: o PS nunca se implantou na Madeira porque interessava aos caviares rosa participar no desenvolvimentismo que enriqueceu muitos laranjas mas também muitos rosas. Aos verdadeiros socialistas de cá restava lutar por um lugarzinho no parlamento. E assistir de mãos atadas aos elogios que os seus camaradas nacionais, quando governo, faziam às 'maravilhas' do governo regional jardinista, quando cá vinham de visita. Ou seja, 'paladinos' de lá vinham cá fazer a corte a uma seita de trogloditas que passavam a vida a enxovalhar o PS-M. E quando fosse preciso amarrar o PS da Rua do Surdo à cepa torta, era perdoar dívidas astronómicas, nem que fosse de uma centena de milhões - de contos, atenção -, aos algozes tabanqueiros despesistas que se divertiam com um bullying interminável aos que levavam a militância do PS a sério.

O PS-M vai este fim-de-semana para congresso, com as máquinas já ligadas, pela sondagem DN, que confirma o avanço de Paulo Cafôfo em popularidade sobre Miguel Albuquerque, e por um artigo de Miguel Iglésias, curiosamente na mesma edição da sondagem, a distribuir directrizes e tarefas a Emanuel Câmara e a Paulo Cafôfo.
Quanto à sondagem (bom resultado para Albuquerque, sem ironia): se falamos em eleições legislativas, a equação deveria ser entre os dois termos PS e PSD. Não se trata de presidenciais, mas de eleições para votação de novo parlamento de onde sairá então um presidente que escolherá governo. Mas para o PS ainda não é bem o tempo de encomendar as sondagens com o nome próprio do partido. Ainda é perigoso, e a LPM sabe disso. Afinal, não aconteceu nada de melhorias ao PS de 2015 para cá, que justifiquem os foguetes que troam nos ares da imbecilidade. Ainda temos ali o 'partido dos cinco', na ALM. Mesmo cantar vitória nas autárquicas de Outubro, como fez Carlos Pereira, que leviandade. O Funchal foi ganho por Cafôfo e o PS em nada contribuiu para essa vitória, pelo contrário, pelo contrário. Ponta do Sol foi um empate técnico. O Porto Santo foi-se. O Porto Moniz foi o Emanuel em 2013, ele mais os cidadãos do Porto Moniz residentes no Reino Unido. Só Machico é vitória mesmo vitória do partido.
O PS ainda não deu mostras de que quer mesmo deixar a imagem de 'saco de gatos'. O novo líder, que na campanha interna fugiu a debates dizendo-se contra a chicana, foi o primeiro a vir para a praça dar um raspanete em público no grupo parlamentar. E Jaime Leandro respondeu na mesma moeda, avisando que "assim não". 
O PS viciado em haraquiri está ali, continua ali. A briga latente, os grupos a tomar balanço para conspirar. A clientela que, se for esquecida, criará meia-dúzia de sensibilidades dissidentes. Pode é acertar o passo e impor-se no governo, com a original fórmula anunciada. Mas, para isso, Cafôfo precisa de se dominar quando lhe apetece comportar-se como um vulgar Almocreve-das Petas, porque, repito, o estado de graça não é eterno. Aquela Geringonça de Lisboa também acoita uma carga de loucos, 'democratas' mas impiedosos que num instante retiram o tapete ao freguês que escolheram para lhes devolver o poder sobre a Madeira.
Depois das aclamações, palmas e palmadinhas no congresso, veremos como é que o sol regressa na segunda-feira à Praça Amarela.
Se não estivesse instalado um clima de euforia pela ocupação dos lugares que os futuros desempregados políticos do PSD vão deixar aos novos-ricos da Bagunça regional, talvez estes conseguissem conceder que não é ao PS que está a acontecer alguma coisa, ou seja, não houve nenhum facto que fizesse do PS um partido capaz de ser alternativa; o que está a acontecer é Cafôfo. Acontecesse Cafôfo com JPP ou PAN e o 'saco de gatos' do PS voltaria mais depressa à normalidade. 
E o artigo de hoje no DN com as instruções para o PS? Pois, também fiquei intrigado com a curiosidade de o 'paladino' anunciado por aquele jornal em 1913 só agora se estar a revelar. Temos 'paladino' e vamos ter outra vez 'Districto'. Sem dúvida que, nos tempos modernos, este é o I Congresso Districtal do PS-M. 

7 comentários:

Anónimo disse...

Com Iglésias na Quinta da Vigia, acabou-se a Autonomia.

Anónimo disse...

E como a lebre do norte chegam à meta antes do "tiro de partida".

Anónimo disse...

Brilhante texto Calisto. Também acho que com o PS de Cafôfo e Iglésias vamos voltar a ser um distrito.

Anónimo disse...

Como uma grande faixa da população, também acredito que em 2019 iremos assistir a uma viragem história. E não é necessário sondagens, basta ouvir os comentários na rua. A questão é, e o dia seguinte? A população estará desiludida a meio mandato? Também foram depositadas muitas esperanças em Albuquerque e veja-se o estado a que isto chegou.

Anónimo disse...

Deus nos livre de alguma vez termos o Iglesias no poder. No artigo de hoje no DN "independente" vimos perfeitamente quem manda no PS e na Câmara do Funchal.

Anónimo disse...

Quem me dera ter o nível de vida que os meus colegas do Continente estão a ter neste momento. Isto contra factos não há argumentos apenas realidade que está aos olhos de todos.

Anónimo disse...

Deus nos livre e guarde dessa gente na Quinta Vigia.
Já na CMF ele faz o diabo às pessoas de lá, imagine-se na Madeira toda o que não fariam...
Éramos a Venezuela portuguesa