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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018


Um pouco menos, s.f.f.

Rui Nogueira Fino

Não é embirração, acreditem. Nem nada de pessoal, convém sublinhar. Até porque sei demasiado bem que vivemos numa terra onde infelizmente o comentário político se confunde muitas vezes com o ataque pessoal. Não é nada disso, portanto. Asseguro. Mas a persona política que anda por aí a pavonear-se à garupa de uma máquina de propaganda cara e eficaz, ostensiva e sinistra, tem o condão de começar a irritar. Sim, falo de Paulo Cafofo. Sim, falo de alguém que parece evidenciar uma preocupante desconformidade entre a pessoa afável que dizem que é e o político impessoal e cínico que cada vez mais parece ser.
As declarações a que assisti no domingo no congresso do PS-M deixaram-me a pensar que estamos perante um indivíduo patologicamente treinado para dizer sempre o que politicamente convém, mesmo que as suas palavras não encontrem o mais leve suporte no que genuinamente pensa ou nas acções que, entretanto, tenha praticado. 

Ali na sala do congresso, bem no centro da acção e das luzes, dos abraços sedentos e dos sorrisos cúmplices, com a expressão leve e vagamente condescendente dos vencedores, o futuro ex-presidente acabado de eleger da Câmara do Funchal, sorriu para as câmaras, não sei se trocista, imodesto ou magnânimo, e proclamou lá do alto da mais rematada sonsice: hoje é o dia da afirmação do Emanuel Câmara. E o mundo socialista estremeceu incrédulo. Talvez de confusão. E o não socialista arrepiou-se. Certamente de gozo. Se calhar, de gargalhada. 
No fundo, terão todos percebido, socialistas e não socialistas, que o eleito autarca cessante estava, ardiloso, a caçoar connosco. Porque ninguém ignora, muito menos Paulo Cafofo, que o cavalheiro que citou tem a relevância política de um zero à esquerda. E porque toda a gente sabe que Paulo Cafofo sabe que o congresso do PS-M foi só uma pouco mais que inútil formalidade cénica. 
Não sendo propriamente ingénuo, pensava que mesmo em política o cinismo havia de ter limites. Ora não tem como se vê. A manhã do congresso do PS-M foi animada por uma entrevista de Paulo Cafofo (mais uma) ao jornal do costume, na qual o dito cujo aludiu a pedidos e súplicas da sociedade madeirense para uma sua candidatura à presidência do Governo. Nada mau para quem diz que quer dar espaço à afirmação de Emanuel Câmara. Mas houve mais. A forma como preparou e encenou a sua entrada na sala do congresso revela bem que na liderança socialista não há lugar doravante para mais ninguém que não ele, enquanto lídimo representante da oligarquia que o manobra. Mesmo estando de fora. Mesmo que o lugar tenha de ser perigosamente ocupado por um delegado sem discurso, sem ideias, sem substância. Não obstante, no tom farisaico que parece ser agora a sua imagem de marca, o futuro ex-autarca acabado de eleger lá gracejou com os jornalistas, lá troçou de quem o ouviu, lá escarneceu do próprio figurante que circunstancialmente sentaram na praça amarela: hoje é o dia, disse quase sem rir, da afirmação do Emanuel Câmara. Com franqueza…! 
Cafofo, um pouco menos, por favor. Até porque sabe muito melhor do que nós que o êxito da estratégia política montada depende muito mais do silêncio de Câmara do que da sua inconveniente afirmação. Já viu se o homem desata a dizer coisas….

6 comentários:

Anónimo disse...

O Emanuel Câmara fez um papel que ninguém deveria aceitar, tenho pena do Emanuel que até é boa pessoa. Ser líder e não mandar nada é triste. O Cafofo ainda goza.

Anónimo disse...

Paulo Cafôfo é um mentiroso compulsivo!
É um produto do marketing político!
Uma marioneta de plástico mas de explosivo plástico!
Um perigo que já por diversas vezes explodiu na sua hipocrisia e covardia!
Pior do que um subproduto do jardinismo é um produto do dito Grupo do Éden/Blandy/Largo do Rato!
A Sociedade Civil que não se revê nem no PSD nem no PS tem de se erguer RAPIDAMENTE e em FORÇA!

Anónimo disse...

Irrita-se com pouco. Durante décadas, imagino o que não foi!

Anónimo disse...

A maçonaria a manifestar-se...

Anónimo disse...

Falta completar a ultima frase...deixou antever conteúdo de gravidade

Anónimo disse...

O presidente da Câmara do Funchal? vive da propaganda e se existirem problemas é assobiar para o lado. Está montada a estratégia.