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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019




19 de Fevereiro 2019




Não somos atrasados em tudo



Uns diazinhos na Madeira fariam muito bem à cabeça de Gabriela Canavilhas, que foi ministra e deputada socialista e hoje vagueia pelo mundo académico desiludida com aquilo que encontrou na política. Numa entrevista que concedeu ao 'Sol' de sábado, seis meses depois de abandonar o grupo parlamentar do PS em S. Bento, a antiga ministra da Cultura no governo de José Sócrates confessa que não tem saudades nenhumas da política. Porque nunca se adaptou aos expedientes das carreiras pessoais e partidárias que marcam a vida no hemiciclo. 

Ser deputado é bom para quem não pode ou não quer fazer outra coisa - diz a ex-deputada, mais palavra menos palavra.
O pico do desencanto, porém, aconteceu depois de Gabriela Canavilhas se candidatar pelo PS à Câmara de cascais. Como o PSD ganhou, a candidata investiu-se no lugar de vereadora. Em má hora o fez, porque aquilo que encontrou nos corredores municipais depressa a levou à renúncia e à despedida definitiva da política.
Que bicho-papão a mordeu na câmara municipal da zona mais chique da Linha?
"A relação das câmaras com os contratos públicos e com a comunicação social" - eis a resposta da própria Gabriela. "São coisas muito graves", diz mesmo, denunciando que em dois anos a câmara de Cascais fez contratos de 400 mil euros com a Cofina (empresa de média detentora do 'Correio da Manhã, CMTV, 'Jornal de Negócios' e 'Sábado', entre muitos outros títulos). 
A então vereadora ficou para morrer ao ver aprovar em reunião de câmara contratos para organizar uma festa de Natal "quando sabemos muito bem" - notou a entrevistada do 'Sol' - "que essa não é a missão da Cofina, é com outros interesses, como é evidente". 
Antes de renunciar, Gabriela ainda conseguiu detectar "contratos com a dona do 'Eco' (jornal económico digital de Cascais) na ordem de dezenas de milhares de euros para [publicação de] artigos favoráveis à câmara".
Nesta linha de actuação, li também há pouco tempo no espanhol 'La Razón' um desabafo do consagrado colunista Alfonso Ussía sobre "os media dependentes das injecções de dinheiro público". Uma acusação aos procedimentos do governo socialista de Sanchéz, que como se sabe não chegou a aquecer as cadeiras da Moncloa.

Depois deste relance pelo que se passa lá fora, ocorreu-me que se Gabriela Canavilhas viesse uns dias ver o que se passa na Madeira no âmbito do tema em epígrafe, deduziria que a câmara de Cascais está ocupada por uns santos nas negociatas com os jornais. E talvez se capacitasse de que o carreirismo em S. Bento tem muito que aprender com o registo histórico do parlamento regional. 
Não seria mal pensado convidar também o icónico escritor e jornalista espanhol Ussía para uma experiência cá na Tabanca. Se o homem visse as doses cavalares de "inyecciones de dinero público" ministradas por aqui dia sim-dia sim, deixaria de implicar com os amadores que tratam da matéria em Espanha.
Nalguma coisa teríamos de ser bons.

5 comentários:

Anónimo disse...

Gabriela, vem a Madeira e vai aos corredores da CMf do teu ex camarada Cafofo. Não precisas pedir nada, tropeças em euros e mais euros dados ao Diário de Notícias e também a outros. Organizar festas? Estão muito atrasados em Cascais. Esse truque já não se usa na CMF.

Anónimo disse...

Será que a canavilhas conhece os bem vistosos cadernos de publicidade e as páginas coloridas que vemos nos jornais?

Anónimo disse...

Pelos comentários, vejo que a preocupação com o regabofe que se passa na Madeira deveria ser da açoreana Gabriela Canavilhas... Não! Deveria ser dos madeirenses que já não estranham nada e que continuam ou a votar nos mesmos três de sempre ou divididos em mil e um partidecos que nem programa de mudança deste estado de coisas têm!

Anónimo disse...

Há c'anos que a "máfia no bom sentido" compra a comunicação social aqui na mamadeira? Os jornalistas incómodos são afastados e silenciados. Quantos bons jornalistas tiveram de deixar a profissão ou tiveram de emigrar para outras paragens? Lembro-me assim de repente cinco ou seis jornalistas que foram "emparteleirados"!

Anónimo disse...

E a pianista Canavilhas há quanto tempo não vai à sua terra natal?
É que nos Açores estes expedientes também são muito utilizados.