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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019





21 de Fevereiro 2019



Réplica do 20 de Fevereiro
arrasta governo na enxurrada



Que semana negra!

O 9.º aniversário do terrível 20 de Fevereiro de 2010 despejou nova enxurrada que arrasta consigo o governo regional. Nem sequer se trata da evidência de que, tantos anos depois, há recuperações por fazer em quantidade inadmissível, já que a lei de meios continua praticamente no papel. Não falo também da incrível situação de algumas famílias vitimadas em 2010 e ainda hoje por realojar.
O governo regional gastou nos últimos dias o precioso gás do congresso laranja. Assim, o PSD-M depara-se com uma cada vez mais difícil corrida de obstáculos para o 22 de Setembro.

Alguns desses obstáculos resultam do azar. Emergem de factores exógenos impossíveis de evitar ou sequer controlar. O problema da Venezuela condiciona o dia a dia da Madeira, pelos problemas que vemos afectar drasticamente centenas de milhares de conterrâneos nossos, incluindo os que regressaram à Região. É um peso que incomoda o governo. O Brexit é outra ameaça de que propositadamente se fala pouco, mas que nos deprime a todos por razões óbvias. O problema do BES é outro drama para os lesados e que faz muito mal a nós todos. Obviamente que o executivo sente esta carga toda. Mas mesmo aqui se nota uma inépcia preguiçosa nos governantes. Relativamente a todos esses fenómenos, ouvem-se umas promessas avulsas, fazem-se umas reuniões para o boneco e depois nem um plano que alimente esperanças.

Outros obstáculos que embaraçam o governo regional são menos do que azar, são 'galo'. No início da governação, atiraram-se foguetes ao ar com uma girândola do promessas, que depois chocariam contra a falta de fundos para as cumprir. Inabilidade política que obrigou a desviar as responsabilidades apontando para Lisboa. Casos do novo hospital, mobilidade, ferry, juros exagerados, dívida. Pedro Calado vai sempre dizendo que há plano B para aqui e para ali, mas os berbicachos não atam nem desatam. Para Miguel Albuquerque foi 'galo' deparar-se com um governo socialista em Lisboa que, mais ou menos descaradamente, promete ajudar naqueles itens da coesão mas quando houver mudança nas Angústias. 
E estamos nisto.

Mas há pior. Disparates do governo que nem uma bruxa encartada consegue exorcizar. Desses disparates, alguns são grosseiros e impactantes; outros menos vistosos mas que não passam sem reparo. 
A semana está a ser negra.
Para atalhar, a tragédia da Calheta. A falta de prevenção nas arribas roubou a vida a uma jovem, a cozinheira Carina, de 22 anos, que foi a enterrar ontem. No próprio dia do desastre, ainda com o cadáver por resgatar da derrocada, já a câmara da Calheta, o governo regional e o proprietário do restaurante atingido, o Rocha Mar, sacudiam responsabilidades de uns para os outros. A reacção do secretário regional Amílcar Gonçalves nessa ocasião, e mesmo depois, foi surpreendente. Disse ele que já desde 2011 havia um processo "complexo" de expropriação, com uma intervenção preventiva subjacente, mas que o proprietário inviabilizou tudo, com ameaças à integridade física dos técnicos. 
O quê?! 
Então um cidadão qualquer que pretenda evitar uma acção determinada pelo governo faz ameaças e o projecto é sumariamente abandonado?! Que autoridade é esta? Há uma situação de segurança pública em causa e o procedimento faz-se com essa ligeireza? Os governos são eleitos para executar e devem fazê-lo seja contra quem for ou contra o que for, obviamente dentro da legalidade. No fim do mandato, lá estará o eleitorado para os julgar politicamente.
Não. O cidadão não queria, ameaçou e o governo mete o rabo entre as pernas e vai-se embora.
Inclassificável. Mas agora é que vai ser. Já se anunciam 270 milhões para consolidar escarpas, para meter trancas à porta da casa roubada. Carina já não verá as benditas obras.

Continuando a atalhar. Faltava uma bronca no Sesaram para animar ainda mais a semana. Ontem, não se falou de outra coisa. O Hospital com equipamentos caríssimos, pessoal destacado para a especialidade e os exames de medicina nuclear a serem desviados para uma clínica privada, a troco de milhões de euros. Pedro Ramos já tratou de desmontar a investigação da TVI. Disse, por exemplo, que o recurso ao outsourcing na matéria em causa sai mais barato. Então por que diabo se fez o investimento no hospital?
O assunto terá de ser esclarecido. Seja qual for o resultado, esta bordoada no contexto de forte contestação a vários níveis ao sistema regional de saúde, justa ou injustamente, desfere mais um golpe no moral do executivo, já de si encurralado pelo governo de Lisboa no famigerado caso do novo hospital. 

Que fazem os protagonistas da governação para suavizar o incêndio quer lavra nestes dias? Lançam achas para a fogueira. Desnecessariamente. Ingenuamente. Por amadorismo. Com novas calinadas mais de forma do que de conteúdo, mas sintomáticas.
Por exemplo, generaliza-se a ideia de que a saga do 'Compromisso Madeira' - reuniões por esses concelhos para mostrar a suposta unidade PSD - se alimenta de audiências artificiais, à custa de pessoas 'mais do mesmo', transportadas de um lado para outro como claques da récita. E o esquema continua.
Ainda agora corre nos sítios da freguesia de S. Jorge um mexerico a denunciar que os agricultores locais foram contactados pelo governo para comparecerem sem falta a uma inauguração presidida por Miguel Albuquerque. Uma presença que em certa medida paga os subsídios de 100 euros atribuídos aos referidos agricultores - diz o mexerico. 
E, por falar em saúde, há o caso que aqui aflorámos da deslocação a Lisboa do presidente do governo regional, no fim da passada semana. Albuquerque trocou o serviço de saúde que afiança ser o melhor do país por uma consulta em Lisboa. Foi a informação que ele próprio deu ao novo bispo para explicar a sua falta na Sé, domingo, quando da tomada de posse de Nuno Brás.
É uma ocorrência irrelevante, um mero fait divers.  
Pois, mas estamos a falar de política, de partidos, de governos, de eleições. 
Não há bruxa que dê conserto a certas mentalidades. A certas estratégias.

14 comentários:

Anónimo disse...

Infelizmente nao ha estrategia que resista aos interesses instalados, ao compadrio, ao jogo partidario.
A poltica passou a ser um jogo que com o tempo se vai tornar perigoso.

Anónimo disse...

Vão entregar o poder ao prof. mentiras, que é pior do que eles mil vezes, por pura azilhice. Na gíria popular diz-se que não tem dedo para o anel (brasonado), ou não tem unhas para a guitarra!

Anónimo disse...

Calisto,

Das diversas situações que refere, passa desde logo a imagem da péssima comunicação deste governo. É de uma falta de jeito de bradar aos céus. Têm montes de assessores de imprensa e comunicação, mas não dão uma para a caixa. São uns nabos, uns incompetentes. Servem apenas para tirar fotos dos seus governantes para colocar no facebook das respectivas secretarias, para chatear os serviços querendo saber as iniciativas em que os seus chefes podem "aparecer", ou para mandar comunicados à imprensa e afins. São uns nabos.
E, quando se esperava que a entrada do vice Calado viesse pôr na ordem a comunicação governamental, nada. Nicles. Continua tudo como dantes. Uma tristeza.
Veja-se este caso que a LPM de forma muito assertiva encomendou à TVI, o secretário da tutela faz tudo errado. Dá explicações patéticas à jornalista "investigadora", e depois de sair a reportagem, reage novamente com meias palavras.
E, num problema que é simples de explicar, meteu os pés pelas mãos. Até parecia a ministra da saúde a falar sobre a ADSE.
Menos mal esteve Albuquerque, que mesmo assim respondeu com eficácia.
Na política é também precisa a arte de explicar as coisas de forma simples. Quando isso acontece o povo percebe, a oposição fica sem argumentos, e a polémica morre à partida.
Mas, assim não.
E, diga-se, do lado da oposição a situação não é melhor.
Pede-se a demissão de um secretário. Como? Ó suas luminárias, então se o fulano é um nabo, não é melhor estar no governo em ano eleitoral para ser semanalmente flagelado? Querem que seja substituído por um bom?
Outros querem a intervenção do MP, que já interveio e arquivou o processo. É uma intervenção 2?
É tanta a nabice que estes amadores da política fazem que brada aos céus.
Meu Deus. Entre uns e outros....escolho nenhuns.

Anónimo disse...

Grande Calisto.
Palavras sábias...
Só deve falar quem sabe e quem é bem formado.
Com a subtileza que tratava a bola no alcatrão da Escola Salesiana e nos relvados dos Barreiros, trata estes assuntos do quotidiano Madeirense com pinças e com mão de veludo.
Sem rabos de palha, diz a verdade e revela que defende valores.
Está ao lado de todos, mas sabe distinguir o trigo do joio
Bem haja....
Faço votos que na tua caneta nunca falte tinta---

Anónimo disse...

Essa da consulta em Lisboa, tá boa…
Não terá sido uma consulta de caça ali para os lados do Alqueva?
O compadre, sempre vaidoso e inconveniente, todos os dias coloca fotos da Herdade …
Será que não teve uma visita de sua excelência?

Anónimo disse...

cafofo pode estar a cantar de galo nos Açores , mas para ele também vai chegar e não vai haver LPM que o salve

Anónimo disse...

Podem carpir aqui justificações mais absurdas que entenderem mas a máquina ADMINISTRATIVA regional, seja a do Albuquerque seja a do Cafofo, estão feitas para satisfazer os grandes grupos privados... o resto é conversa. OUVIRAM VILÕES?

Anónimo disse...

Como disse o das 09:36 -
É tudo muito amador. Mas até podiam ser amadores e estudar os assuntos. Mas nem isso... só demonstra a fraca qualidade destes pretendentes ao tacho. Gestão corrente dos assuntos: acontece e lá estão eles a criticar.
Veja-se os tiros nos pés que a Rubina deu ao apregoar que o Cafofo andava a faltar muito, sem se lembrar do que se passou no seu tempo!
No caso do Monte, todos criticaram o Cafofo por culpar o proprietário. No caso da Calheta, fizeram o mesmo... com a agravante de que o poder local culpou o governo do próprio partido. Nesta altura, é feio fazer um aproveitamento político. Nas últimas autárquicas, a única estratégia do PSD passou por isso.
"Meu Deus. Entre uns e outros....escolho nenhuns"
É tudo muito fraquinho...


Anónimo disse...

Xafofo colocou à pouco no Instagram fotos de visitas ao Centro de Saúde na Madalena-PICO e Centro Interpretativo da Vinha no Pico. Ou seja anda a estagiar para Candidato e todos nós a pagá-lo como Presidente da Câmara.
Aldrabice. Falta de ética.
Devia se demitir e assumir a campanha

Anónimo disse...

texto brilhante mas faltou abordar as ameaças feitas ao Dr. Macedo da medicina nuclear por ter metido a boca no trombone da TVI, essas ameaças de processos é um regresso ao passado e uma grave forma de ver o regime democrático.

Anónimo disse...

Ó das 15.16, não precisam de ser ameaças. Podem ser muito no concreto.
O funcionário público não pode fazer declarações públicas sem ordem superior. É uma norma em vigor que nunca foi revogada.
Por outro lado fica sob alçada disciplinar qualquer funcionário público que ponha em causa as ordens dos seus superiores.
Ora, o Dr. Rafael Macedo fez tudo isso, e ainda caiu na ingenuidade de fazer as suas declarações à TVI nas instalações do serviço que dirige. Pôs-se mesmo a jeito de um processo disciplinar. Vejam lá se o Miguel Ferreira não falou no seu consultório privado. Sabe muito.
Mas para o director do serviço de Medicina Nuclear, o mais grave é ter que provar a sua afirmação de que morreram 1200 pessoas devido à situação existente. Muito voluntarioso, mas muito cheio de si, muito ingénuo. A vida irá ensinar-lhe.
No fundo reflecte um pouco da sua personalidade, e da tentativa que fez para entrar na política através do JPP.

Anónimo disse...

Quero sair da ilha...hahaha, porque aqui as radiações são lixadas.

Anónimo disse...

Não é que o médicos recorreram ao Vice Pedro Calado por não confiarem no Pedro Ramos. Nem no Miguel Albuquerque pelos vistos.

Anónimo disse...

Das 00.12,
Não só o vice já desmentiu ter recebido qualquer abaixo assinado, como aquilo que se leu desse abaixo assinado no DN de ontem, é um monte de baboseiradas de médicos de centro de saúde, mal habituados a terem que vergar o serrote.