23 de Fevereiro 2019

Obrigado aos nossos bombeiros

e um abraço a Éolo

Em primeiro lugar, os nossos cumprimentos, parabéns e obrigado aos abnegados bombeiros da nossa terra e seus chefes, que com bravura e competência mais uma vez dominaram um fogo que poderia assumir proporções e consequências inimagináveis. É pensarmos por exemplo nas geringonças montadas pela câmara na Fernão de Ornelas. Se Éolo não estivesse de maré e resolvesse mandar um dos seus endiabrados ventos soprar com alguma violência na zona do sinistro, primeiro que alguém conseguisse retirar aquelas cangalhas dacolá, muitos edifícios haveriam de fazer companhia ao da antiga Insular de Moinhos, que estava a ser consumido pelas devastadoras labaredas. 

Os profissionais e entendidos do combate a fogos bem avisam, mas os 'políticos' a quem a população entrega os seus destinos acham que a prioridade é deixar livres os melhores ângulos para as suas vomitórias fotografias, e depois é que são elas.

Ainda ontem à noite, estávamos a seguir a reportagem do incêndio pela RTP em directo quando metem à nossa frente um tal de vereador cheio de ares afectados, como se fosse o mayor de Nova Iorque em dia de acontecimento mediático. Lá começou ele a debitar uma série de disparates que nada acrescentavam ao momento que se vivia, banalidades que levaram uma eternidade sem dizer nada.

Claro, salto para outro canal que estivesse mais interessado em informar do que satisfazer egos indigestos.

É a moda. Em cada tragédia que desaba sobre o Funchal - ou sobre qualquer outro ponto da Madeira, por infelicidade - somos obrigados a gramar uns emplastros que não percebem nada de nada e que se julgam sumidades em qualquer matéria, lá na realidade virtual onde vegetam - que se há-de fazer! Então, em vez de serem os profissionais da área a explicar o que se está a passar e a fornecer as recomendações que podem valer vidas e a defesa de bens, 'prantam-nos' com aqueles purgantes de magnésio, como diria Olim Marote.

Ontem, foram aqueles intermináveis minutos de palavreado sem nexo, sem relação com o que se estava a passar, um auto-elogio de princípio ao fim sem o menor fundamento. Nauseante. Uma tristeza. Mas é o que temos. E é o que teremos no 'futuro para esquecer' que a triste sina nos reserva. Seja lá qual for a solução de 22 de Setembro. Li pr'aí o seguinte: gato preto, gato branco, o importante é que cace os ratos. É o vale tudo. Mas no caso da Madeira, é trágico: nem gato preto nem gato branco nem ratoeira. 
Não percebemos o porquê de a 2.ª mangueira estar sem água, deixando uma grua inactiva até à chegada do tanque cisterna. Um espaço de tempo que poderia ser fatal. E os sem-abrigo mais os drogados que 'habitavam' a Insular de Moinhos? Sorte que os seus haveres estão guardados nos cacifos que o Mentiras lhes ofereceu...

Ainda e mais uma vez, obrigado, homens de todas as corporações intervenientes no combate ao monstruoso sinistro de sexta-feira. E uma jaculatória merecida ao deus Éolo, por não se aproveitar do barril de pólvora que edis vaidosos e irresponsáveis montaram nesta escabaçada cidade.

Finalmente, deixo-vos mais uma cena de ontem à noite e outras do rescaldo, ao amanhecer deste sábado. Com uma recordação a fechar, como fechada está a Fernão de Ornelas.