12 de Fevereiro 2019
Os
ventos de Espanha
e
os penetras da política
Pode ser verdade que de Espanha nem bom vento nem bom casamento. Mas, mesmo aqui na Tabanca, precisa-se de estar de pé atrás, porque às tantas chega aí qualquer coisa desagradável da península com pronúncia espanhola.
De momento, agoniza o governo de esquerda de Pedro Sanchez. Muito mais cedo do que o costume. Além da situação explosiva referente ao julgamento dos independentistas catalães que começa hoje terça-feira em Madrid, o presidente do executivo tem até amanhã para convencer os partidos também independentistas a viabilizarem o orçamento. A manifestação hostil a Sanchez no domingo defraudou as expectativas, mas o descontentamento está no ar. Pedro pode cair num chumbo ao orçamento, numa moção de censura ou numa derrota eleitoral, pois deverá antecipar a ida às urnas. É o que se chama rezar o terço entre três fogos.
O chefe do PSOE está no poder por um fio, portanto. E a fragilidade decorre da forma como lá chegou acima: sem eleições. A sua moção de censura a Rajoy funcionou e lá foi Pedro para o governo com o estigma de 'Penetra da Moncloa', como já o chamam por lá.
Isto faz lembrar uma situação qualquer não longe de Espanha, mas vou ficar por aqui, numa Tabanca especialista em 'penetras' da política. Desde 1976 que o esquema é escolher o cartão partidário adequado e arranjar uma vida regalada para o espertalhão e para os seus. Porque de política não vimos entendidos na matéria, nestes anos todos. Sem irmos mais longe, recordemos a decisão de Jardim, a determinada altura do processo, de fazer campanha sozinho, porque ele mesmo escolhia os colaboradores que não fizessem sombra e se submetessem à política do eucalipto. Meros penetras da política.
Vamos dar um curto saltinho a Castela Ocidental para lembrar a extensa lista de militantes do PS nomeados para altos cargos do país publicada há pouco pelo Jornal Económico. Os militantes socialistas já enxameiam o aparelho do Estado, mas o Sargento sente-se na obrigação de encarreirar uma caterva deles antes que haja um azar nas eleições de Outubro. Um batalhão de amigos que entram à pressa para administrações de Portos e de Saúde, Emprego, Formação Profissional, Segurança Social, Misericórdia e tantos outros tachos dos cozinhados à Costa.
Aqui no lugarejo, sempre foi assim, desde as cúpulas da administração aos sítios mais básicos, porque os votos valem o mesmo. E agora ninguém ignora como os PSoas aprenderam tão depressa o esquema. A tacharia impera no partido das 'Mudanças'. Todos os dias há penetras a chegar a cargos de que não percebem patavina. Na Câmara Policial do Funchal e arredores, eles salivam de gula perante o que julgam estar à espera.
De Espanha nem bom vento nem bom casamento, diz o povo. Mas de repente pode vir a inspiração para uma limpeza geral de penetras. Aquilo por lá não está nada seguro. E sabe-se como as mudanças de situação política contagiam a vizinhança.
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