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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019





4 de Fevereiro 2019



Duas entrevistas, 6 páginas,
um programa de rádio e uma boa soneca













Os madeirenses mais entradotes recordam-se do futebol nacional que nos era permitido ver quando a televisão dava os primeiros passos na Madeira. As bobinas do jogo de domingo chegavam de Lisboa no avião da segunda-feira e toca a 'comer' a encomenda requentada. Imagine-se o que era assistir a um Tirsense-CUF, a preto e branco, em diferido e sabendo-se antecipadamente que o resultado foi zero-zero! Lindo xarope! 


Entrando no tema que me traz aqui, adianto que li duas entrevistas, um pouco a correr, publicadas sexta-feira pelo JM e pelo Económico Madeira. Após o que voltei à minha vida, um pouco preocupado. Concluí que têm razão quantos prevêem um ano político mais morto do que vivo, apesar das três eleições calendarizadas pelo Cantigas de Belém.



Num dos casos, o JM aplicou o 'dois em um', levando José Prada à rádio para depois transcrever a conversa na edição em papel. Parecia-me uma entrevista oportuna. O secretariado tradicionalmente sempre teve mais influência na vida do PSD-M do que o mesmo órgão nos outros partidos. Basta recordar as décadas de Jaime Ramos. Agora, depois de um mandato fugaz de Rui Abreu, o Dr. Prada foi chamado ao cargo numa hora difícil, em que o Laranjal se debate desesperadamente pela conservação do poder na Região. Interessava saber se o novo titular traçou o plano certo para o explosivo cargo e se dispõe de lenha em qualidade e quantidade para alimentar a locomotiva partidária. 
A entrevista era uma oportunidade para o recém-eleito demonstrar aos militantes social-democratas e ao eleitorado em geral que o novo secretariado da Rua dos Netos tem um projecto eficaz para voltar a ser o sistema nervoso do partido.
Lemos a entrevista. Da máquina partidária ficámos a saber muito pouco. Só demos pelo cuidado de manter contactos com os simpatizantes, sem descanso. Normalíssimo. Extraordinário seria afirmar o contrário. Assim, quanto à programação de não dar um palmo de terreno aos adversários, na pré e na campanha, valem as ordens transmitidas pelo presidente honorário no congresso. Daí o regresso aos adros e à evangelização social-democrata de terra em terra, como aconteceu ontem no Porto Santo.
É verdade que os entrevistadores encaminharam a conversa para terrenos de onde pudessem arrancar cachas político-partidárias, como por exemplo o nome do candidato ou da candidata às eleições europeias. E neste capítulo as coisas também não correram bem. Porque o secretário-geral não se iria atrever, nessa e noutras questões colocadas, a substituir-se ao líder.
Em resultado, foram duas páginas de lugares comuns sem pitada de interesse ou novidade: o partido tem de se adaptar aos novos dias, o partido deve contar com todos os militantes, o partido está unido. 
Francamente, duas páginas que não moveram, não motivaram, muito menos mobilizaram quem quer que fosse. Albuquerque precisa de libertar a opinião dos quadros fundamentais do seu partido.  

Situação ainda pior fomos encontrar na entrevista de 4 páginas que o Económico Madeira fez a Paulo Cafofo, candidato a presidente do governo pelo PS.
Esperava-se também muito mais. Paulo Cafofo é rei e senhor da candidatura e pode adiantar ideias constantes do seu projecto de governo, para tornar interessante os seus contactos com os madeirenses e mostrar que tem novidades para resolver os nossos problemas. 
Infelizmente, foram quatro páginas para deitar ao gato - coitado do bicho. O professor de História diz que a Região vive um tempo de viragem porque o poder dos 40 anos se "esgotou". Ou seja, a qualidade do projecto do PS é o esgotamento do PSD. Depois, metem-se pelo texto abaixo aqueles pensamentos com barbas: a estratégia para o turismo; um avião low coast nas ligações aéreas; a mudança de paradigma, do betão para uma economia diversificada; a sublimação do petróleo e dos diamantes que a Madeira não possui com recurso "à fibra que está em nós, madeirenses"; mais isto e mais aquilo; que nós sempre nos desenvolvemos quando estivemos abertos ao mundo; que o número de funcionários públicos deve ser adequado às necessidades da Região (a sério, professor?).
Umas lapalissadas sem jeito e caricatas num candidato a presidente do governo. Desses propósitos estamos fartos de saber. O que se pede ao campeão das sondagens é o 'como'. Como é que tenciona resolver os berbicachos. Como! Diagnósticos à vida na Tabanca qualquer madeirense faz. Do que se precisa é de quem invente a terapia. Homem, parta dos cartazes do 'melhor saúde' e arranje cura para as nossas maleitas quotidianas. Lá falar por falar, também a gente. O Professor não é um candidato qualquer à procura de lugarzinho no parlamento. O professor quer sentar-se nas Angústias.

Pois, Leitor, é o que temos.
A entrevista prosseguia com a jura de que o pivot do PS é autonomista. Para depois o homem cantar hosanas aos artistas forasteiros que vêm preencher os arraiais do partido com lições aos aborígenes - continuando a populaça sem perceber quem são os quadros locais disponíveis para embarcar na governação fandanga dos PSoas.   
Considera o entrevistado que o PS é um partido unido. Pois, não é difícil manter 4 ou 5 pessoas unidas. E entende que o PS é um partido de poder. Mas o PS é um partido com 5 deputados. As vitórias no Funchal deveram-se, isso sim, aos montes de pepsodent gastos na campanha e ao empurrãozinho dos partidos pequenos. Onde é que esse PS dos 5 deputados se impõe como um partido de poder?
Em nome da mudança que demora nesta terra, faço votos para que o Professor não tenha, pelo menos até 22 de Setembro, um ataque intratável de cárie. O diabo seja surdo. O dentífrico que usa é mais decisivo do que os apoios que lhe dedicam alguns, aliás por interesse próprio e não como militantes e seguidores de uma ideologia que não existe, de todo. 

Candidato Cafofo não deve conceder entrevistas enquanto não meter um plano inovador na cabeça, que seja claro quanto às diferenças relativamente aos tais 40 anos que se esgotaram. Que raio de oposição faz este candidato ao poder vigente, a poucos meses das eleições, que o BE, o PCP, o PTP o CDS e até o residual PS não andem a fazer há que tempos?! 
Entretanto, está o Professor proibido de dizer que não encontra uma única ideia nos programas do PSD e do CDS. Nem sequer a ideia da farpa é nova. Só pode usar essa argumentação da falta de ideias quando apresentar uma ideia que seja sua. No paleio a que reduz as suas intervenções, pode dar uma entrevista de 10 páginas que dali não se arranca um título minimamente apelativo, gaita!

Para dizer adeus ao Leitor: depois de falarmos das duas entrevistas, já percebe o porquê de eu me lembrar daqueles velhos jogos chatos na TV, em diferido, a preto e branco e com resultado zero-zero?

3 comentários:

Anónimo disse...

Também li essas duas entrevistas.
Nenhuma ideia, nenhuma proposta, nada de importante ou interessante.
Como diz o Calisto, só diagnósticos ocos. Soluções e como as concretizar..., tá quieto.
E é de ficar preocupado. Espero que da geração dos que têm hoje 18/20 anos possam sair outras cabeças com interesse em abraçar a coisa pública. Porque estes são um zero. É só generalidades bacocas e avulsas.
A Madeira precisa urgentemente de uma nova geração de dirigentes.
Estes esgotaram pela sua mediocridade.

Anónimo disse...

O cafofo é um vazio de ideias, uma marioneta de Lisboa.

Anónimo disse...

Anónimo das 10:32

Assim como o miguel albuquerque (todos vazios e sem competência)