11 de Fevereiro 2019

A semana começa bem...

1. A Madeira sai atordoada dos tremores de terra ocorridos num fim-de-semana futebolístico horrível, mas os políticos com as suas raras qualidades para surpreender pela negativa vieram esbater as desgraças que aconteceram ao Marítimo e ao Nacional.

Segundo transcreve o DN de hoje, Miguel de Sousa voltou à carga com críticas ao governo jardinista que dão continuidade ao seu artigo sobre uns famosos 10% de 'abotoanço' do aparelho PSD à pala das obras realizadas nos tempos loucos do desenvolvimentismo. 

Miguel, num programa da TSF, voltou a vilipendiar os governos de Jardim porque, em suma, gastaram 15 mil milhões de euros e ficaram a dever 6 mil milhões, por conta de obras que não serviram para nada, enquanto por outro lado não resolviam o problema da Saúde.

No seu acutilante discurso '100 à hora', condizente com a frequência do FM onde 'lavava de cima a baixo', o actual deputado social-democrata utilizou a linguagem que a oposição popularizou durante o jardinismo, diabolizando também as inaugurações dessa época, pintalgadas "com banda, com o povo todo, uma vaca assada, espetada". 

Depois, já em tom decalcado dos actuais PSoas embevecidos pelos lisboetas, Miguel de Sousa aplica uma valente 'vergalhada' na velha governação, que não arranjou 500 milhões para ampliar o Aeroporto de Santa Catarina, pondo-se de mão estendida - diz ele - em Lisboa e no BEI, a pedir esse dinheiro. Mas - aguenta, Laranjal! - logo nos anos que se seguiram gastaram-se mais 15 mil milhões! Parecendo que "do nada saiu o euromilhões". Consequências? Miguel de Sousa explica: "Agora não temos crédito, não temos dinheiro e temos esses problemas [na Saúde] que deixaram arrastar de forma irremediável." Segue-se o murro do bravo Miguel na degradação dos Marmeleiros, à moda de Trindade, sob os entusiásticos aplausos do PS/Cafofo.

O festival não acaba por aqui, mas deixamos o resto para o Leitor desfrutar nas páginas do DN desta segunda-feira. Não perca de vista a coerência da coisa.

Bom.

Lidando neste vale de lágrimas tabanqueiro desde 1974, começo a temer que alguma daquelas doenças que a gente sabe me esteja a toldar os fusíveis, passe a vulgaridade. Será que estarei a memorizar correctamente a história do jardinismo se disser onde julgo ter Miguel de Sousa vivido, participado, governado, colaborado, acertado, errado, encabeçado, idealizado, executado, construído, reconstruído, destruído, orçamentado, desorçamentado...? Francamente, não sei o que diga. Estarei a ficar cheché ou Miguel bateu com a cabeça na porta e perdeu a memória? Interpretei o tal primeiro artigo do homem como um desabafo em dia de negócios a correr mal. Mas agora o caso dá que pensar mesmo na nossa sanidade mental. Até porque só vamos ter 'mais e melhor saúde' a partir de Setembro, se o povo escolher Cafofo, Victor, Pedro Picareta, Miguel, Avelino e Sofia. 

Sempre quis perceber o que dizia Miguel de Sousa naqueles permanentes cochichos com Jardim, quando sentados lado a lado no congresso laranja de Janeiro. Agora deduzo que o antigo chefe ouviu das boas da boca do Miguel. E julgo também que a conversa de ontem com Luís Filipe Vieira no camarote vip da Luz, durante o 'Benfica, 10 - Nacional, 0' não foi nada agradável. Pelo que se tem bebido ultimamente do seu instável pensamento, Miguel de Sousa é homem para ter dito a Vieira, no conforto do camarote: "Anda o governo regional a empatar fortunas com o futebol profissional para termos estes resultados e o Hospital dos Marmeleiros continuar sem fraldas e sem tampas das sanitas."
Coerência, sempre!

Por mim, não vejo problema nestas surpresas da vida. Até gosto, palavra. Quem deve tomar cuidado com estas viragens no Laranjal são os senhores da oposição, porque os seus postos de trabalho ficam em risco.

2. Com grande impacto de 1.ª página inteira, o JM anuncia (de anúncio) que a câmara do Funchal vai deitar uns pequenos remendos em dez estradas lá mais para o Verão. Diz o mesmo jornal que nos últimos 3 anos a dita edilidade investiu milhão e meio de euros "na melhoria de arruamentos [obviamente] em mau estado".

Aqui vou ser muito sincero com o Cafofo - e com o vice Miguel, que é quem vende o peixe nesta referida edição. Se gastaram esse dinheiro a melhorar arruamentos, por que não os melhoraram mesmo? Aquilo vai de mal a pior. O que o cidadão sente é uma volta no estômago ao sair de casa só de pensar na chatice em que vocês transformaram uma cidade que já foi agradável. Vocês falam em melhoramentos quando o que gramamos é um manto de deprimência viária citadina que nos põe a pegar com as pedras! Semáforos verdes para carros e peões ao mesmo tempo, no mesmo cruzamento. Lombas mais altas do que o Pico Ruivo. Poluição sonora e atmosférica de enlouquecer. Trânsito que permite atravessar a cidade em 10 minutos, mas se a vítima se deslocar a pé, como já ironizam por aí. Adufas, muito acima do nível do asfalto, que nos fazem fugir a umas para rebentar os pneus nas outras. Ruas cortadas e espremidas que Fernão de Ornelas abriu largas e arejadas. E o resto que todos os munícipes sabem de cor.

Embora o Fénix seja um espaço amaldiçoado pelos políticos a quem garantimos o tacho, atrevo-me a fazer um pedido: essas obras em estradas que anunciam hoje no JM para o Verão, antecipem essa porcaria. Garanto que se o fizerem levam o meu voto. Não se esqueçam de que por um voto se ganha ou se perde. Aliás, mesmo sem me perguntarem nada, declaro desde já que votarei na candidatura PS/Cafofo. É para ajudar a levar aquela equipa municipal todinha até às Angústias. É a maneira de me livrar por uns tempos dos que infernizam o nosso quotidiano citadino.