21 de Maio 2019

O Livro do Desassossego

Al-Sahaf foi sossegado apenas há uma semana pela comissária europeia, mas afinal ainda hoje há motivos para desassossego.

Há uma semana e pouco, li uma notícia que sossegava os madeirenses na medida em que por sua vez Paulo Cafofo tinha sido sossegado pela comissária europeia Margrethe Vestager com esta feliz certeza: Bruxelas não ia fechar o CINM. 

Cafofo escrevera à comissária na qualidade de presidente da Câmara do Funchal. Não percebi que motivos encontrou Profe Mentiras para se pôr em bicos-de-pés num tema que é de âmbito regional. Mas pronto, o resultado da carta que escreveu à comissária era bom, deixá-lo.

Hoje, vejo a imprensa e cai-me uma tremenda manchete em cima: uma investigação ordenada pela CE à Zona Franca é capaz de ser fatal para o emprego na Madeira.

Em que ficamos? A senhora comissária sossegou o Almocreve-das-petas e agora apanhamos com esta bomba? Ou temos de nos contentar com o facto de a Comissão Europeia não fechar o Centro Internacional, mesmo que uma acção da mesma Comissão Europeia imponha à Região a mais alta taxa de emprego que já tivemos?

A comissária não falou de emprego, mas sossegos desses, ora adeus.

...Tanta é a importância da resposta com que uma comissária despacha o regedor de um lugarejo nos arrebaldes da Tabanca.

Falando a sério, interessa é meter as notícias nos jornais. Para que se fale da pessoa, no caso do Profe Mentiras. Se o homem ficou sossegado, é bom que os leitores ilhéus saibam. E se o homem ficou num desassossego, tem direito a uma machete, como aconteceu com o famigerado 'murro na mesa'. Aliás, o tema rendeu em manchetes. 

Recordemos: incomodado com aquilo que via, o Almocreve prometeu ir a Lisboa partir louça desde Vista Alegre a Alguidares de Cima, com zaragata pelo meio na mesa de António Costa. E lá foi ele de avião por aí para lá, com dinheiro nosso na passagem e nas ajudas de custo. Para esmurrar mesas. Porém, a não ser o espavento na imprensa do campanário, não vimos estardalhaço nem estilhaços em lugar nenhum. O 'murro na mesa' destinava-se a obrigar os governos de cá e de lá a falarem um com o outro com diplomacia, e não aos impropérios como no caso TAP. Ora, vai-se ver e a situação do contencioso é bem pior hoje do que estava nessa altura, com Albuquerque a fazer festa quando Costa ameaçou demitir-se por causa dos profes. Para não falar do que está nos mais recentes registos da ALM, em matéria de intervenções emergentes da bancada do Laranjal.

Já estamos acostumados. Cafofo promete medalhas ao homólogo de Saint Helier a troco de ser convidado mais uma vez para fazer umas selfies no Spring Festival de Jersey - o que para ele é criar afectos com a diáspora. Pois só vemos esses afectos quando o PS paga aviões para os madeirenses lá residentes virem cá votar no partido.
Adiante.

Ele prometeu há tempos um regulamento para disciplinar as esplanadas, que ao contrário do que ele dizia afinal continuam indisciplinadas. E agora vem, dizer que ainda vai controlar o sector. Ou seja, disse que ia disciplinar e não se mexeu.

Também prometeu requalificar o Monte à volta do Largo da Fonte - e nada.

Anunciou tratar da estação do comboio, lá em cima - e nada, pese ter exibido desenhos do projecto e tudo na imprensa.

Prometeu ajudar as famílias das vítimas mortais do carvalho que ele destratou. E há pouco mandou votar contra o estabelecimento de uma reserva monetária para o efeito.

Prometeu requalificações a eito no Funchal. Continuamos a viver na Beirute do tempo da guerra OLP-Israel. Temos uma aldeia-fantasma que mete medo ao mais destemido, especialmente a partir das avé-marias.

Jurou ele a pés juntos que não havia projecto nenhum para o Lazareto. Um quarto de hora depois explicou que o projecto para o Lazareto era um prédio de 5 andares.

Os seus capatazes elogiam o trânsito na capital. Temos os mais desesperantes engarrafamentos, obstáculos e deficiências viárias dos últimos 40 anos.

O homem gabou-se de ter na Câmara umas finanças recuperadas e sem problemas. Logo surge o TC a vetar empréstimos pedidos pela edilidade. E ainda há pouco ele, Mentiras, viu-se e desejou-se para resolver os salários em atraso na FM. Ainda aqui vamos.

O castiço Profe de vez em quando indigna-se com os seus detractores, a quem chama 'vampiros' que anseiam por ver as coisas correrem mal para caírem em cima da sua imagem. E depois ouve-se o sujeito criticar a "degradação" do Sesaram e culpar Albuquerque da "calamidade" na Saúde. Não é fazer também o papel de Drácula? É. Literalmente.  

Ele candidatou-se duas vezes a presidente da Câmara; duas vezes ganhou o lugar (em coligação); e ainda hoje, 6 anos depois de 2013, não exerce o cargo de presidente da Câmara. 

Ele já disse que ia desamparar a câmara amanhã; depois esqueceu-se de se 'pirar' e adiou a saída mais umas semanas; depois já não sabia quando ia embora; e agora promete que vai deixar outro trabalhar, mas só no dia de são nunca.

O homem afirmou solenemente que o PS é um "partido unido e de poder". Ele, que é um desalinhado, desestabilizador que marginaliza os camaradas que lhe fazem sombra, desunindo mais o 'saco de gatos', e não se quer comprometer com a própria filiação. 

Um PS de poder? Com 5 deputados? Com a câmara do Funchal a meias, a Ponta do Sol pelas peles, Porto Moniz com aviões de Inglaterra e apenas Machico de corpo inteiro? 

Hoje deu-me para matar saudades da Guerra no Iraque. Estamos em época de informação, contra-informação e fake-news a potes.