22 de Maio 2019

PS à frente do PSD

para as 'regionais'

Sondagem confirma o que já se sabe: se não houver alterações palpáveis durante o Verão nos gostos do eleitorado, ninguém governará sozinho. E o CDS, apesar de perder 2 deputados, parece condenado a ter de lidar nos corredores do poder. 

Os socialistas ganharão pela primeira vez umas eleições regionais na Madeira se a sondagem encomendada por um dos partidos concorrentes - e que disputará a maioria - acertar nos resultados obtidos. 

O estudo de opinião foi realizado neste mês de Maio e os números colocam a candidatura liderada por Paulo Cafofo uns 2 pontos percentuais à frente do concorrente social-democrata Miguel Albuquerque: 33% contra 31%, aproximadamente.

O CDS receberia 10,5% das respostas afirmativas dos eleitores.

Quanto aos outros concorrentes - BE, CDU e JPP -, são 4% para cada um.

O PTP está na zona de risco: quando muito, um deputado.

Transformando estes dados em mandatos, teríamos 18 assentos para o PS, 17 para o PSD, 5 para o CDS, 2 para BE, 2 para CDU e 2 para o JPP. O mandato que falta para o total de 47 fica ao alcance do PS, do CDS ou do PTP.

Vejamos os resultados de 2015:

PSD - 24 deputados (maioria absoluta in extremis)

CDS - 7

JPP - 5

PS - 5

BE - 2

CDU - 2

PTP - 1

Independente (PND) - 1

Moral da história: a onda Cafofo, que crescia pelo seu pé, foi impelida pela onda nacional Costa, a tal ponto que o PS, caso as eleições regionais fossem este mês, conquistaria votos ao CDS, JPP e ao próprio PSD - em quantidade que não é despicienda.

Os social-democratas averbarão a sua primeira derrota em regionais na Madeira se esta sondagem - que publicamos sem garantia de exactidão nos números, embora com base em fonte fidedigna - se confirmar nas urnas dia 22 de Setembro.

Como já se via claramente, não há condições para a reedição de uma maioria absoluta. Uma geringonça 'ao Madeira' desponta no horizonte.

Com os resultados encontrados, aliás em nada surpreendentes, nem sequer o adiantamento consumado do PS, o governo regional poderá ser constituído ou com o PS ou com o PSD na vanguarda. O CDS terá papel importante na solução a encontrar. Só há um esquema de executivo liderado pelo PS que, na procura da maioria absoluta parlamentar de 24 cadeiras, poderia dispensar a participação do CDS: PS + BE + CDU + JPP. 

Mas é solução condenada à partida na Madeira, metendo a CDU e o BE. Um tabu tradicional. A própria CDU-M também nunca deu indícios de interesse num projecto de poder assente nesse modelo, pelo contrário.

Um dirigente de topo dos centristas concede ser-lhe indiferente a participação num governo com o PS ou com o PSD. 

Se nas hipóteses de coligação PS + CDS ou PSD + CDS não houver os 24 lugares necessários para maioria absoluta, como parece não haver, então seria preciso contar com o JPP.

Como se sabe, o CDS nunca entraria num governo integrado ou apoiado por BE ou CDU. O mesmo acontecendo com o PSD: o Laranjal não quer a companhia das esquerdas, como aliás as esquerdas jamais se juntariam ao Laranjal.

Se estamos a ver bem o imbróglio, a sondagem de que nos falam deixa tudo em aberto, com o futuro nas mãos de uma geringonça: PS ou PSD em aliança com CDS e JPP. Não sendo impossível um golpe de teatro de última hora: se o PTP entrar no Parlamento com um deputado, pode participar numa geringonça executiva, levando à dispensa do CDS ou do JPP. 

São estudos já com as regionais na cabeça. Entretanto, há europeias no domingo. Que poderão transmitir uma ténue ideia das tendências de voto, mas nunca serão umas primárias relativamente a Setembro. Os resultados das duas eleições até poderão coincidir. Mas no próximo domingo aquilo que constataremos é qual o segmento eleitoral mais preguiçoso e vocacionado para a balda eleitoral - se o de direita, se o de esquerda. Acredito mais nas sondagens - as confiáveis - do que nos resultados das Europeias. O povo nem sequer conhece os candidatos, nem lá nem cá. Quem for às urnas, votará na sua cor, obviamente. Mas não haverá muitos a levantar-se da cama por um ímpeto partidário.