Debate na RTP-M acabou mal

Pedro Vieira do PS sentiu-se injustiçado; depois do genérico final, Paulo Jardim passou meia hora difícil 

Desde cedo se percebeu que o debate foi organizado com os pés. Ou pior ainda: nem sequer foi organizado. Como um dos presentes no 'público', o Dr. João Lizardo, bem observou logo no princípio das hostilidades.

Realmente, ninguém sabia que papel teria naquela feira em directo. Com critérios de convidados que ninguém conseguia perceber.

O debate era sobre as eleições para o Parlamento Europeu. Mas os convidados não eram actuais, antigos ou futuros eurodeputados. Eram representantes dos partidos representados... no Parlamento Regional!

Que tem o dito-cujo parlamento regional a ver com as calças? Já não há debates suficientes entre deputados regionais e até nacionais?

Então, aquilo eram representantes dos partidos com assento na 'casa de loucos', mesmo de outras áreas que não a parlamentar, a debitar análises, críticas e propostas para a Europa. 

Como é que aplicarão essas teorias na Europa, se não passarão do Ilhéu de Cima para lá, porque não são candidatos sequer?

Então, foi ver-se o JPP, que anda noutra onda diferente da Bruxeliense, a falar da Europa só porque tem representação na tal 'casa de loucos'.

E a tribuna de destaque: Nuno Teixeira, PSD, e Pedro Vieira, do PS. Por pertencerem a partidos com gente na Europa? Bom, também estava no estúdio da RTP gente do BE, do PDR e do PCP, que estão na Europa.

Uma confusão do arco-da-velha. Com os tempos de intervenção a escorregarem mais para uns partidos do que para outros. Sabe-se como são debates. Por coincidência, o PSD não se pode queixar, porque falou, falou e disse.

O problema foi que, mesmo no fim, Bruno Pereira interveio resolvendo chamar a atenção para o que considerou umas incorrecções de Pedro Vieira, ao nível da nomenclatura daquelas ultraperiferias todas. Bruno foi falando, com o moderador a pedir que acabasse, porque o programa estava no fim. E Bruno falava.

Pedro Vieira pediu então uns segundinhos para rebater as supostas correcções que Bruno lhe fez ao discurso anterior. O moderador Paulo Jardim que não, que não podia ser. Vieira inconformado insistia, até porque a candidata Sara Cerdas - segundo nos contam, porque não vimos essa parte - já teria sido criticada por supostas incorrecções produzidas na campanha.

Viu-se que o secretário-geral do PS-M não encaixara a recusa dos segundinhos. 

Caldo entornado.

Ao que nos contam participantes, que trataram de se pilotar dali o mais rápido possível depois do programa, para fugirem a confusões, Pedro Vieira atirou-se a Paulo Jardim, protestando com um discurso agressivo, não se dispensando de maus modos quando o técnico se preparava para desmontar o microfone de lapela. 

Dizia Vieira que tinha sido discriminado, porque o PSD teve direito a tantos intervenientes, que aquilo não passava de um frete ao PSD, e que isto mais aquilo e que acontece e vai acontecer.

O rapaz esteve uma meia hora a produzir insultos. Confirmando as notícias de que o secretário-geral do PS, ele próprio, quando entra na sede socialista da Praça Amarela trata tudo ao pontapé.

Valentão!

Ontem, foi pena aquele final e pós-final. Na realidade, não custava nada o programa conceder uns segundos para o socialista explicar o porquê de tanta insistência para mais uns segundos. E assim o dirigente PS, também vereador, ficou com um rótulo de não conhecer a modo as coisas da Europa. Teve razão nesse pormenor. E aconteceu logo numa noite em que ele tinha sido igual a si próprio, produzindo boas intervenções sem os tiques que a LPM impõe aos súcias (para justificar os balúrdios, claro).

Fica tudo avisado: quando isto mudar, parece que voltará o tratamento musculado que antigamente outros poderes dedicavam às televisões, jornais e rádios.

Deste lado, caso os blogues façam parte dos planos do pingarelho, cá na casa vão bater à porta errada e cavar a toque de caixa para se esconder debaixo da cama. Como aconteceu outrora. 

É ameaça mas sobretudo uma promessa.

Se é essa a democracia à europeia que pretendem impor, venha ela!