Bagunça Rumo a 2019

VINTE E OITO

A uma semana das eleições internas no PS-Madeira, já que a luta final entre Carlos Pereira e Paulo Cafôfo está marcada para dia 19, a ala que apoia o Mayor do Funchal ainda não atinou com a maneira de ao menos disfarçar a envergonhada e vergonhosa fuga aos debates públicos com a parte adversária.

Agora é a minha Amiga Célia Pessegueiro a patinar desamparada na incoerência de um discurso que de repente perdeu a cor do socialismo. Não será o socialismo a vanguarda da democracia, das igualdades, da transparência - numa palavra, a luta contra o obscurantismo alimentada por Célia nos seus tempos de líder da JS e de flamejante lutadora contra as 'trevas do jardinismo'?

Foram muitos anos na oposição e agora é um problema doloroso Célia, eleita executiva, interiorizar a sua passagem para o lado do poder. Mas o seu tempo já não é de criticar quem faz, é de fazer e ouvir críticas de quem não faz. Pior: os tiques de opositora extravasam a gestão municipal da Ponta do Sol para agitarem o processo interno do PS. Célia não despe o registo de oposição quando chamada a explicar, como acontece hoje no DN, o porquê de também ser contra os debates. Melhor: de parecer que é contra os debates. Uma vez que é impossível justificar o porquê de os socialistas locais adoptaram de repente uma idiossincrasia hermeticamente fechada que merece expulsão da IS, a mandatária de um dos candidatos - Emanuel Câmara, heterónimo vivo de Cafôfo - faz aquilo que condenou durante duas décadas de poder laranja, que é dizer uma asneira e bater-se por ela, chamando os outros de tontos.

Primeiro, a clique de Célia era contra os debates porque a vida do PS deve ser apenas comentada entre militantes, não em público. Agora, os debates não prestam mas porque o outro concorrente é um malandro e um caluniador.

Por um lado, Célia diz-se a favor do "debate público político-partidário, não apenas para esclarecimento dos militantes, mas da população em geral" (DN de hoje). Mas por outro lado, e de enfiada, Célia diz-se contra o debate público político-partidário na praça pública. Se é para a população em geral, como deve ser o debate, sra presidenta?

Célia Pessegueiro, contra o que sempre defendeu na linha do socialismo genuíno, acompanha hoje a peregrina teoria de correligionários cafofistas segundo a qual as eleições no PS-M são assunto privado, exclusivamente interno, para evitar chicana pública. Mas ao mesmo tempo a rebelde activista faz chicana pública denunciando, via imprensa e não dentro de portas, dois anos da direcção actual do partido em que o debate foi "medíocre para não dizer inexistente".

Célia diz preferir o recato das reuniões de militantes para tratar dos assuntos internos e simultaneamente ataca publicamente a direcção de Carlos Pereira por ser de uma liderança que "poucos reconhecem".

Célia Pessegueiro faz chicana para condenar a chicana. Acusa os partidários de Pereira de insultarem e difamarem o heterónimo de Cafôfo, o que, no ver da antiga chefe da Jota, "não engrandece a história e os valores do partido Socialista". Anexada a essa denúncia - feita em público -, Célia esclarece que a candidatura não está disponível para "prejudicar o PS na praça pública".

Tem dito a socialista - bandarilhada para Carlos Pereira - que a existência de mais de uma candidatura no PS é a democracia a funcionar. E o debate o que será?

Cabecinha de alho chocho, é o que nos saiu Célia Pessegueiro nestes dias de excitação político-partidária! Agora a fazer os outros de parvos!... Ai ai que a gatinha quer água!

Que o processo eleitoral chegue depressa ao fim, para Célia se dedicar um pouco à gestão do concelho que ganhou prometendo melhorar - mas continuando até aqui tudo na mesma como se não tivesse havido eleições autárquicas. A propósito, saberá Célia que as dívidas da sua câmara, à medida que as autoridades avançam nas auditorias, já ascendem aos 2 milhões de euros? Vá lá deitar cuidados ao assunto, de modo a não respingar nada para o seu mandato. E, a sério, evite falar de debates, porque essa posição que a faz gaguejar é como a do outro que punha em causa a rosa dos ventos, quando dava jeito para uma obra.