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quarta-feira, 8 de maio de 2019

(Actualizado)




8 de Maio 2019






O ilusionista e o pianista











...Dois cremalheiras 
incomodam muito mais



Miguel Albuquerque - a sério - passa meia hora de cada manhã tocando piano em pleno Palácio das Angústias. Não estará suficientemente ensaiado para Cafofo lhe dar palco no 'Fica' deste ano?

1. Os sucessivos truques burlescos do Profe Mentiras fazem-me lembrar certo número apresentado pelos palhaços do Circo Royal antes de Miguel Albuquerque, quando presidente da Câmara, nos ter surripiado a grande tradição natalícia do Almirante Reis. Dizia o palhaço vagabundo para o cara branca: vou passar esta bolinha de baixo deste prato para debaixo daquele sem tocar em nada. O cara branca respondia: aposto que não consegues. O outro: então lá vai! Um, dois, três, já está! O cara branca: vou virar o prato a ver se a bola chegou mesmo. Intervém o vagabundo: espera, 'palherma', isto foi muito fácil, agora vou fazer mais difícil que é fazer a bola voltar ao primeiro prato, um, dois, três, já está! 
O público aplaudia entusiasticamente.


Cafofo é mestre neste tipo de truque: anuncia com tambores que vai fazer uma obra-prima e depois volta tudo à estaca zero sob os aplausos da assistência. E ninguém viu nada. Entretanto, saiu a manchete sobre a obra-prima, que é o que interessa. Muitas vezes, o truque dá para duas manchetes nos jornais arrendados pela Câmara: uma para dizer que Cafofo vai fazer isto e outra para dizer que Cafofo já não vai fazer isto. 
O público continua nos seus aplausos.
Um pestezinho, Profe Mentiras, que mete ilusionismo em tudo o que faz. Num ápice, ele transforma um não-assunto num assunto. E com a mesma facilidade faz de um assunto um perfeito não-assunto. 
O papel de 'partner', decisivo para garantir o sucesso do engano à plateia, fica a cargo dos "jornalistas" escolhidos.
Vejam como o nosso ilusionista ganha intermináveis tempos de antena para - no papel de presidente de uma capital - ler de cima a baixo os horários e os nomes dos não sei quantos escritores convidados para a Feira do Livro. Sem se esquecer de mencionar a simpatia clubista e o número do sapato de cada um dos artistas. 
Vejam como ele transforma em assunto pormenores de cará-cacá como a evolução do número de palcos do 'Fica', e os tipos de música urbana do 'Fica', e os objectivos do 'Fica' que são os munícipes ficarem na cidade - os quais por acaso até não ficam no 'Fica'.
Vejam os artigos de "opinião" que o homem escreve: aquilo que ele diz ter obrado deve ter acontecido em sonhos, porque ninguém vê nada daquilo à luz do dia. 
Ninguém vê praças cheias a ouvir música nos dias do 'Fica' (expressão dele); ninguém vê uma única imagem do murro na mesa; ninguém vê os convites que o levam às comunidades, porque se faz convidado; ninguém vê resultados das excursões aos Açores pagas por nós; ninguém ouve ou lê alguém a pedir-lhe que se candidate ao governo, ao contrário da sua presunção. 
Mas para ele todas essas fantasias existem.  
Em contrapartida, o ilusionista transforma os assuntos dolorosos em não-assuntos. Assim, não enxerga nem ouve nada sobre assuntos reais como as mortes do Monte; sobre a proposta de apoios às famílias das vítimas; a chamada para responder ao Parlamento; as perguntas do MP; os salários da Frente Mar, em contraste com as despesas que faz em viagens, propaganda nos jornais, músicos forasteiros às resmas para o 'Fica' e escritores idem para a Feira do Livro (centenas de milhares ao todo); não enxerga os derrames de água na cidade; o trânsito insuportável; a cidade fantasma depois das 6 da tarde; as esplanadas que já não cabem nos passeios; a teia de primaços que ocupa o organograma municipal de cima a baixo. 
Nada disto se vê nos artigos de opinião dele, que continuam os xaropes de sempre escrevinhados com os pés. 
Mais difícil: de uma penada só, o ilusionista fez desaparecer os activistas que o puseram na Câmara em 2013; eliminou os socialistas que lhe podiam fazer frente na caminhada; parece já ter eclipsado o próprio líder do PS-M, que ninguém o vê mais gordo ou mais magro. 
Os adeptos de Cafofo não têm que me azucrinar os miolos. Não estou a dizer que o homem anda errado. Para o tipo de eleitorado que temos, danado pelo folclore, a palhaçada em cartaz há muito tempo visando o 22 de Setembro é a mais certa. Sem ironia. Se antes era vinho seco e espetada com bailnho, agora é espetada com vinho seco e Anselmo Ralph. 


2. Vem a talho de foice comparar a cabecinha do actual presidente do Governo, um intelectual de escala, com a do seu émulo, cabeça árida por dentro e por fora. Albuquerque foi beneficiado pela Natureza com mais um bocado de massa cinzenta. Só que não a sabe utilizar. Aliás, não a quer utilizar. Porque pôr a cabeça a funcionar dá trabalho. 
Trabalho? Estamos a falar de Albuquerque e de trabalho no mesmo raciocínio? Disparate. 
E a comparação vem a talho de foice porque ultimamente andam alguns comentadores do Fénix a pôr em causa precisamente a vocação do chefe das Angústias para 'avergar o serrote'. Os comentadores fazem aquela conhecida acusação: ele não dá bom dia a ninguém. Porque dorme até altas horas e sai da cama dia alto - insinuam. 
Fui investigar. Quanto à parte da tarde, não me quiseram confirmar se ele imita o antecessor com a sesta pós-almoço, nas Angústias. Mas daí para o fim da tarde, é vê-lo em cocktais, visitas e inaugurações, iniciativas partidárias - tudo propaganda política. Isto é trabalho, embora não propriamente de um presidente de executivo.
Consegui entretanto apurar o que é uma manhã típica de Albuquerque. Não vou fazer humor. É a verdade.
O chefe do palacete chega ao trabalho - digamos assim - pouco depois das 9 e meia da manhã. Salta do popó, acende um cigarro e arranca pelos carreiros ajardinados, às baforadas. Do varandim ou da casinha dos prazeres, observa a baía lá em baixo e o movimento de paquetes, se está bom, se está fraco. Uma baga de olho para as hóspedes que apanham sol no terraço do 'Pestana-CR7'. 
Depois, lá vem ele por aí fora, direito ao edifício cor-de-rosa. Troca uns cumprimentos com o pessoal, sobe ao primeiro andar, senta-se ao piano e põe-se a dar às teclas. Os acordes são audíveis no exterior. Os turistas que visitam os jardins deixam-se embalar pela banda sonora. Quem entra nas Angústias em missão de trabalho fica de boca aberta, não pela qualidade da pianada, mas ao saber que o executante é o nosso presidente Albuquerque.
Depois de meia hora a viajar pelos clássicos, de olhos semi-cerrados, Blue King desce tranquilamente para o gabinete, com energias renovadas para trabalhar. Mas percebe que o Mercedes já está parado à porta. De facto, mais coisa menos coisa, anda não anda, está na hora do almoço. Já se comia qualquer coisa. Então, depois de duas ou três ordens rápidas ao Medeiros Gaspar e ao Miguel Ângelo, o homem entra na máquina preta e vai à sua vida.

Agora a brincar: não seria cartaz atraente se o Cafofo convidasse o rival para dar uns concertos no 'Fica' deste ano? Como pessoas, não estão assim tão distantes um do outro. Miguel Albuquerque até tratou de branquear também a sua cremalheira, quando da tal deslocação a Lisboa. Se Cafofo deixar crescer o cabelo ou Miguel cortar o seu número zero, 'Fica' tudo entre amigos.

Outra vez a sério.
Cantemos, Leitores, aquela melopeia dos tempos de escola: se um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam muito mais.
Ou melhor: se um cremalheira incomoda muita gente...


PS 1 - Se bem escrevia, melhor acontecia. Não é que, enquanto falávamos aqui da pancada de Albuquerque para tocar piano, o Presidente do Governo dava às teclas no instrumento que encontrou à mão em Machico depois da cerimónia do Dia do Concelho, esta manhã? Não é bem preocupação, mas estarei atento. Tanta música começa a cheirar a impeachment.

PS 2 - À última hora, sugere-nos uma militante socialista que transmita um pedido a Sara Cerdas, candidata a eurodeputada pelo PS: que estude os assuntos e apure o seu discurso. Diz a mesma militante ter sentido vergonha de uma entrevista que Cerdas deu muito recentemente, sem nexo, sem conteúdo, sem piada nenhuma. E a militante garante não ser a única envergonhada entre os militantes do partido.
Que posso eu fazer?
Olhe, fica o registo. 
Cá para nós, o vazio da candidata não é de estranhar, uma vez que tem por ídolo político ninguém mais se não Paulo Cafofo, outro que tal. 

13 comentários:

Anónimo disse...

Rico texto!!!!

Anónimo disse...

Prosa tão escorreita parecia estava a ler uma crónica de Vasco Pulido Valente.

Anónimo disse...

Realmente, temos duas personagens muito similares quanto à forma de estar na política e honrar o voto de quem os elegeu

Anónimo disse...

Dois grandes actores sabem representar bem. O Blue King foi a Machico tocou piano enquanto uma donzela cantava uma música estilo Bossa Nova. O presidente da Câmara de Machico ficou amuado e surpreso com a atitude do pianista que não se coíbe de mostrar as suas maiores (?) aptidões. Cafôfo perante a polémica dos professores manteve um silêncio sepulcral sobre o mesmo deve ter sido ordem emanada da LPM.
Se um vai a Londres se exibir o outro vai a Jersey.
O Cafôfo dizem os entendidos vai gastar milhares de euros com o festival Fica na Cidade. Não há dinheiro para investimento público dizem eles não vão fazer investimentos para deixar dívidas monstruosas para o próximo executivo camarário. Pra festas e festarolas há dinheiro de fartura (...)

Anónimo disse...

Das coisas que mais confusão faz no Funchal é o excessivo número de estradas esburacadas.
E quando é de mais, tapam buracos, em vez de pavimentarem as estradas que já não aguentam mais remendos.

Anónimo disse...

E um bando de tontos ainda vai votar nestes dois traquinas!

Anónimo disse...

Venha o diabo e escolha. O ilusionista ou o pianista.
Se for diabinho como eu a escolha cairá sobre o pianista porque sempre alegra a vida ao contrário das mentiras e ilusionismo fraco.
Agora a sério,se há políticos que não fazem falta a esta terra são estes dois. Cafofo mentira atrás de mentira. Albuquerque hibernou nos primeiros quatro anos e quer agora em seis meses mostrar trabalho,lembro que este mandato são de quatro anos e meio.
Vamos lá ver, Cafofo tem-se aguentado graças às suas sucessivas mentiras, graças ao DN e á LPM.
Albuquerque aguenta-se porque ao contrário do outro não tem nada daquilo, mas, tem um preto ou um burrinho de carga caladinho.
Tirando estas benesses os dois valem zero.
Continuando a falar a sério,o meu voto não vai para nenhum desses dois,porventura poderá ir para o PSD se o candidato do mesmo for o burrinho de carga caladinho.

Anónimo disse...

Parabéns Calisto, excelente texto, e como dizes a viloada adora festa, é por isso que a populaça adora estas cremalheiras sorridentes.

Anónimo disse...

Ó das 01.06
Então me diga em que partido politico concorre para eu vilão assumido votar. Era melhor se dirigir a um muro crespo e dar asas a sua frustração.

Anónimo disse...

Votem na coelhinha que vão ver como ela rebenta com estes dois irresponsáveis e incompetentes! A máfia no bom sentido que se cuide!

Anónimo disse...

Estes dois labregos não levam o meu voto, não estou para engordar maiorias.
O das 09:08 que decida pela sua cabeça, a menos que tenha interesses

Anónimo disse...

Sim - mas estragar o meu voto em partidos pequenos nunca. Pois agora temos uma grande oportunidade de tirar a maioria aos renovadinhos do PSD e essa oportunidade não vai ser desperdiçada em partidos de caca que depois por meia dúzia de lentilhas se vendem ao PSD conforme o PTP fez e está fazendo.
Agora mais do que nunca tem de haver bipolização e não dividir os votos por lebres.

Anónimo disse...

Olha o cafofiano das 21:19 com medo dos partidos pequenos que não alinham com estes vendedores do templo PÊPds e Cafofos.