Albuquerque vai a Belém fazer queixinhas de Cafôfo

Marcello metido 

na zaragata do 'murro'

Se o Leitor julgava que o episódio grotesco da viagem de Cafôfo a Lisboa estava na fase minguante, é porque não conhece as potencialidades da demais classe política aborígene em matéria de ridículo.

Peço autorização aos Leitores para uma vez mais vir aqui gaguejar sobre um assunto batido e rebatido. Prometo hibernar um par de dias, para vos dar descanso. Mas a reacção do presidente do governo regional à pseudo-audiência de Cafôfo com o primeiro-ministro é de um assombro que me leva a deduzir que a LPM das Angústias é tão incompetente como a da Câmara.

Não é que Miguel Albuquerque afirmou diante das câmaras, ainda há bocado, que é preciso 'meter ordem nisto' e que então vai fazer queixa de Cafôfo ao Avô Cantigas de Belém?! Ora, se Albuquerque está carente de uns afectos no carrolo, de umas palmadinhas nas costas, não precisava de fazer a figura que fez nestas declarações.

Ele diz que o governo e o parlamento da Madeira foram eleitos para representar a Região e que é uma 'palhaçada' ser o presidente de uma câmara a ir a Lisboa tratar de temas regionais. Isso é verdade. Mas, ainda assim, em que é que Marcelo lhe pode valer? Se calhar, Albuquerque das Roseiras quer que o Avô Cantigas chame Cafôfo a Belém para lhe dizer: "Homem, deixe lá o Miguel em paz, que o rapaz está a passar por um momento de muita insegurança. Não pegue com ele, deixe aproximar mais 2019 para lhe cair em cima." 

Ora, caro Miguel, ser chamado a Belém é que o Cafôfo desejaria para um número à sua maneira. Aí haveria televisões nacionais à saída, coisa que não aconteceu ontem na 'audiência' Costa-Paulo Cafôfo pela simples razão de que não aconteceu nada, e as televisões não vão falar do que não aconteceu - a não ser a RTP-Espetada do Miguel Torres e do Luís Miguel Sousa, claro.

Cafôfo é livre de dizer que terá audiências nem que seja com o Papa, mesmo anunciando que vai levar ao Vaticano temas como os cabreiros das serras de Santo António. O Papa é que nem saberá da rábula, porque tem benzeduras de sobra para distribuir na Praça de S. Pedro e dívidas do Banco Gregoriano para pagar. Cafôfo pode anunciar audiências com Putin, para dar um murro na mesa do Kremlin com o aviso de que não admite políticas que se reflictam nos preços do crude e logo na economia da Madeira. O homem pode dizer o que quiser, sujeitando-se, obviamente, à chacota de que tem sido alvo nas últimas horas, desde aquelas fake-news 'exclusivas'. 

Albuquerque dirá: mas a opinião pública está intoxicada de tal maneira que Cafôfo passa por um salvador, sem estar mandatado para falar em nome da Madeira.

É capaz de ser verdade, e não vale a pena explicar agora por que diabo se chegou a esse ponto. Importa antes ver a reacção que muita gente esperava do chefe das Angústias. Cafôfo diz à boca cheia que foi com o nosso Primeiro Costa fazer andar os assuntos pendentes da Madeira. Sim? Está tudo louco? - devia insurgir-se Albuquerque - Afinal, que ultrapassagem grosseira às instituições autonómicas é essa? Não há respeito? Pois então o nosso Primeiro Costa tem de esclarecer: recebeu mesmo o Cafôfo enquanto presidente do Funchal e para falar de assuntos do governo regional? Se responder que o fez nessas circunstâncias, não há reunião segunda-feira, nem haverá mais reuniões com o presidente da Madeira enquanto o nosso Primeiro não der garantias de que deixará a má-criação e respeitará doravante os órgãos da Autonomia Regional.

Perante o chinfrim nacional - atenção que a opinião media por lá chega a dentro -, claro que o Sargento diria a verdade, ou seja, que, enquanto primeiro-ministro, nunca recebeu presidente de câmara funchalense nenhum e que nunca disse que o fez.

E Cafôfo ficava mais uma vez desmascarado.

Não. Albuquerque não pede satisfações a Costa, que é o primeiro-ministro apontado como mal-educado nas relações com a Madeira. Ou seja, Miguel não dá um 'murro na mesa' a sério. Prefere passar uma imagem ainda mais frágil do que aquela que está à vista de todos: mete-se no avião a soluçar para entrar em Belém num berreiro à espera que o Avô Cantigas prometa dar umas palmadas no rabichol do menino Cafôfo.

Será que isto está a acontecer?

Está. E pelo andar da carruagem, as situações burlescas 'made in Tabanca' continuarão em cena nos próximos dias. 

Ai ai! Começo outra vez a duvidar de que tenha ouvido bem. Um presidente de governo regional ir ao Palácio do Presidente da República fazer queixinhas de um presidente de câmara que diz ter-se encontrado com o primeiro-ministro?!