MURROS NA MESA 

E OUTRAS IMPRECAÇÕES

 José Vicente Gomes

Lendo a edição matutina do JM, fiquei francamente preocupado, quer com a salvaguarda do património nacional afeto à Presidência do Conselho de Ministros da República que se encontra presentemente no Palácio de São Bento, quer com a fatura, eventualmente a deduzir nas transferências para a Região, dos eventuais estragos que, à boa maneira salazarista, não deixará de ser apresentada aos madeirenses.

Então não é que, provavelmente ainda inebriado pelos vapores da concentração de motards a que presidiu (?!) em Machico, o nosso mayor anda a prometer murros na mesa para obter, diz ele, as respostas que de Lisboa tardam. Suponho que, à cautela, o nosso “premier” Costa já tenha requisitado a Centeno as verbas necessárias para substituir a sumptuosa mobília de São Bento pelos conjuntinhos de sala de estar em promoção no IKEA ou na Conforama, antes que a horda chefiada por Cafofo (presumivelmente na escala em Lisboa, a caminho da distribuição de afetos em Londres) lhe parta a mobília toda. Melhor seria, até, que se mandasse vir dos antigos estúdios da RTP ao Lumiar aquelas antigas mesas e cadeiras de cenário feitas para se escaqueirar ao primeiro toque. Sempre se poupavam uns trocos ao défice e o efeito era mais espetacular…

Por outro lado, confesso que estou desejando ver o nosso indomável prefeito, qual Telly Savallas da Madalena, irromper pelo palácio dos centralistas de Lisboa e fazê-los vomitar, à conta de muita loiça partida e voz grossa q.b., os aviões a preços módicos para irmos à capital do Império, quando bem nos aprouver, em negócios ou para lazer, o ferry para a malta que tem cagunfa de andar de avião, o “papel” para o hospital de Santa Rita e os juros abaixo de zero que o BCE deu a toda a gente, menos a nós!

Gostava de ver! Gostava!

Quer-me parecer, porém, que esta é mais uma reedição da velha pantomina do tipo, com mais farronca que músculo, que alardeia para o basbaque a valentia que não possui e que, perante um adversário que nem sequer tomou nota da sua presença, vai gritando “deslarguem-me que eu vou-me a ele!” enquanto se agarra desesperadamente aos braços dos companheiros para que, precisamente, não o largem.

Possa ser que o bisneto da leninista choramingona e neto do marcelista caritativo vá a tempo de lhe deitar a mão antes que vá fazer figuras tristes para Lisboa. “Em mentes” era bom que as ganas lhe dessem para governar o descalabro que grassa na cidade do Funchal em vez de dar murros no que quer que seja.