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O histerismo dos subsídios
O Presidente da Assembleia da República veio baralhar a situação criada pelo Expresso a respeito dos deputados das Ilhas que se andavam a 'abotoar' com um subsídio a que supostamente não teriam direito, uma vez que não são eles, e sim o Estado (nós), a cobrir financeiramente as suas deslocações de avião. Pois na estrábica óptica do cinzento Ferro Rodrigues, não há ilegalidade nem imoralidade no 'abotoanço'. Ou seja: os deputados não pagam a viagem, levam ainda um subsídio em dinheiro para casa e está tudo nos conformes.
Pode não haver ilegalidade, por distracção dos autores dos regulamentos, sim. No resto, veja-se a 'ética' e a 'moralidade' que irradiam daquela Presidência parlamentar. A atitude corporativista de Ferro é de bradar aos céus.
Admiração! Pois se são os deputados a promover subrepticiamente os aumentos de vencimentos para si próprios!
Admiração! Pois se são os deputados a promover subrepticiamente os aumentos de vencimentos para si próprios!
Mas também é de espantar que aqui na Madeira o Carmo e a Trindade tenham caído precisamente sobre o único deputado infractor que apresentou a renúncia do cargo, como auto-punição pela falta. Pois sim, Paulino Ascenção, garantem-nos, foi chamado à pedra pela irredutível Direcção do Bloco de Esquerda. Como as beldades que mandam no partido não estão para brincadeiras, exigiram que o deputado desamparasse a loja e marchasse para o seu BE-Madeira. Também é certo que Paulino já ponderava deixar o hemiciclo para trabalhar no partido cá na Tabanca, o que desvaloriza grandemente a sua atitude "desprendida". Mas ao menos manifestou arrependimento e pediu desculpa. Não foi sincero, dizem alguns. Mas as interpretações são livres. Uns dizem que foi sincero, outros que não, outros que pelo contrário. Agora: até os tribunais tomam o arrependimento como uma atenuante; e Paulino fez algo que não é frequente, pedir desculpa. É olhar para a situação política regional e ver a arrogância de certos cavalheiros que nunca erram, que têm sempre desculpa para todas as suas borradas e burradas, que negam o óbvio chamando estúpidos a 250 mil. E entre estes estão os que não querem reconhecer o mérito - embora relativo - de Paulino ao pedir desculpa aos eleitores.
Curioso serem esmagadoramente anónimos e secções de jornal apócrifas a 'bater no ceguinho' - ou seja, no único deputado faltoso que pediu desculpa, já que os outros deputados do subsídio andam estranhamente no meio dos pingos da chuva. Desconfiamos que entre esses anónimos e apócrifos vagueiam uns santarrões com um currículo prenhe de vilanias, negócios nojentos, oportunismos e cabronices do tamanho da sua sem-vergonha. Até neste trabalho de sapa da má-língua incógnita são ratos de esgoto que nem coragem têm para virem à superfície atirar a primeira pedra.
Os críticos honestos, que atacam a condenável prática dos deputados com sentido moral e com toda a razão, justificando a sua posição, sabem a quem nos acabamos de referir. A uns quantos que julgam que o crime vai compensar a vida toda. Muitos exemplares desta casta de puritanos devem ter ficado perplexos e sem saberem que fazer ao ouvirem a peregrina posição do seu amigo cinzentão de São Bento, à qual só falta o anúncio de um voto de louvor aos deputados que costumam ir aos CTT levantar o 'prémio' da viagem à borla, apesar de estarem bem de vida, como é o caso do açoriano que depois de duas décadas a paralisar os Açores garantiu tachos eternos para si e sua afortunada Família.
10 comentários:
Calisto,
Eu vou a Lisboa todas as semanas por razões profissionais. A empresa para a qual trabalho paga a passagem. Eu levanto o subsídio de mobilidade, e entrego à empresa. Não me passa pela cabeça outra alternativa. Se eu ficasse com o subsídio, poderia até incorrer no princípio de acção danosa, o que é matéria para despedimento com justa causa.
Paulino Ascensão pediu desculpa. Fica-lhe bem, ao contrário de outros que não o fizeram, e até de alguns que acham correcto ser a AR a dar (pagar) aos deputados o dinheiro para a passagem e o subsídio ficar para os próprios, como defende Carlos César, e outros que acham que está tudo bem, Ferro Rodrigues.
É gente que não diferencia o legal do moral, a ética da chico-espertice.
Mas Paulino Ascensão usou o expediente, e apesar de ter pedido desculpa, e de ter anunciado a devolução, como Sara M. da Costa, isso não é uma esponja passada e nada aconteceu.
Paulino Ascensão errou, assumiu o erro, mas tem que ser penalizado pelo mesmo, à face da opinião pública, porque da lei...pode estar tranquilo.
Caro Comentador
Subscrevo a 100%.
Deixem ver se percebi:
Os deputados recebem 500 euros por semana para viajar.
depois se conseguem uma viagem por 100 euros, vão aos correios levantar 300 euros.
Será correto dizer que o Estado (contribuintes) desembolsou 800 euros?
Senhor Presidente da AR, ainda está aí para me responder?
O Paulino e os outros deputados que estiveram na teta das viagens, a "mamar" só têm uma saída para esta pouca vergonha, que é abandonar a vida pública e política e se demitirem de todos os cargos partidários! Nas próximas eleições eu não voto em nenhum destes tipos, nem nos seus partidos! Eu quero gente séria na política, sem estas maroscas! Vão todos para o trabalho! Sabem o que isto significa? Não é verdade?
Essa conversa do Presidente da Assembleia o Sr. Ferro Rodrigues é só para defender a pele do seu amigo Carlos César , porque na realidade isso é uma vergonha tirar proveito do um subsidio, já não bastava a vergonha dos deputados terem 500 € para viagem semanal.
Quanto a mim os deputados deviam pagar do seu bolso, depois receber o reembolso nos CTT então depois enviarem os restantes 86€ para à Assembleia os reembolsarem,..... e só isso já era um grande privilegio.
Precisam-se políticos sérios .... Assim não contém mais com o meu voto... É o palerma do Ferro ainda nos quer tomar por parvos....
Tenham um mínimo de decência e deixem de nós tentar enganar .
anonimo das 14:11
Esta correto o seu pensamento, mas com uma ligeira correçao. Recebe na conta 500.
depois compra passagem de 400 euros que é o preço corrente e vai receber 314 euros.
o Estado pagou 814 euros por semana.Pagamos todos nós.
Vem Ferro Rodrigues e esse Carlos Cesar dizer que eticamente está "um brinquinho"
O que é mais triste é que vai tudo continuar assim, NÃO É?
Ver o Carlos César justificar o injustificável, dá-me vómitos.
E ele diz aquilo sem pestanejar sequer.
Que escória esta gente.
Noutros escândalos certas elites ficaram sem castigo e não devolveram o saque, nesta situação o caso é mais grave pois não reconhecem o erro e mantém o comportamento ilegal e imoral!
E depois quem aperta o cinto é o ze povinho para engordar essa cambada de ladroes. Para quem nao sabe, o saudoso salazar pagava do seu proprio bolso para deitar combustivel na viatura oficial. Quem é que hoje em dia com esse cargo faz isso. São capazes de pedir a fatura do cafe para depois serem reembolsados pela AR
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