9 de Maio 2019

Homenagens comoventes

1. A famigerada medalha de honra para o Presidente da República foi motivo de votação no plenário municipal de hoje, no Funchal. Iniciativa aprovada por unanimidade. 

Percebe-se a unanimidade. Como diz um barão importante do Laranjal, "só um doido votaria contra qualquer coisa que fosse atribuída ao Marcelo quando se anda em campanha eleitoral".

Compreensível, pois, que a oposição municipal acompanhasse o voto da coligação no poder funchalense, favorável à ideia genial de Cafofo a respeito da medalha. Não há razão para uma pessoa saltar de contente com a homenagem ao castiço Avô Cantigas, mas também não vejo motivos para estragar a festa.

O que já tem alguma importância é a data para montar o palco da encenação. Para que dia marcar "tamanho acto oficial"? - expressão do "jornalista" que trabalhou com Cafofo a notícia sobre "tamanho acontecimento".

Juro que li direito, na informação publicada em papel material, que o Cafofo "quer condecorar o PR no Dia da Cidade". Mas a partir daí levantou-se um problema aborrecido: Marcelo negou-se a trazer o Dia de Portugal, em Junho, por este ser um ano de eleições legislativas. E então agora?

Daí que ou Cafofo iria ficar de cara à banda, apanhando tampa do Cantigas em vésperas de ir a votos nas legislativas, ou Marcelo viria mesmo no 21 de Agosto, contradizendo a decisão relacionada com o 10 de Junho e os 600 anos da Descoberta e entregando aos maldizentes de mão beijada assunto para intermináveis crónicas de escárnio e maldizer. 

Como em tantas outras situações, a data já não é importante para Cafofo. Ainda hoje respondeu aos vereadores do PSD que o dia para a medalha ainda não está escolhido. Aliás, segundo nos informam, a Assembleia Municipal, a quem compete homologar a condecoração, tem uma palavra a dizer sobre o problema da data.

Desta vez, Cafofo reagiu com celeridade. Aproveitamento eleitoral à conta do velhote dos mergulhos no Tejo? Que ideia! Eu até saio da câmara antes do 21 de Agosto!

Malandreco, o nosso almocreve das petas. Como se o Profe não fosse pôr-se em bicos-de-pés no Dia da Cidade para, no meio do aparato de abraços e selfies de Marcelo, fazer lembrar à populaça quem foi o autor da ideia! Então uma pessoa no dia 22 de Setembro poderia lá ignorar o gesto do candidato da lista cubana?!

Moral da história: Cafofo inventou a roda e teve um furo na primeira curva.

Mas isto é o que lhe tem acontecido semanalmente de há 6 anos para cá.

Um encrenca, este Cafofo.

2. O grupo parlamentar do PSD aproveitou a evocação do Dia da Europa, hoje, para propor um voto de louvor a Cláudia Monteiro. 

Que a eurodeputada esteve muito bem numa tal de negociação sobre pescas, alegaram os proponentes. 

Seria uma iniciativa comovente não fora a circunstância de Cláudia andar em plena campanha para as Europeias de 26. 

Sejamos objectivos. Não sei se a deputada teve de distribuir cacetada na cabeça dos interlocutores que tentavam prejudicar os interesses pesqueiros da Madeira. Mas, ainda que tivesse posto a sua vida em perigo por dever patriótico, a eurodeputada não estava a cumprir o papel no âmbito das suas funções? Não é para isso que lhe pagam?

Cada intervenção de um deputado, por mais brilhante que seja, merece um voto de louvor? Engraçado que nestes quase cinco não vimos nada disso.

Logo, das duas, uma: 

Pois. O Leitor já está a ver o raciocínio.