Despedida em Dia da Europa

Eurodeputada Liliana Rodrigues

agradece confiança dos socialistas 

Chegou ao fim o meu mandato no Parlamento Europeu. Foram cinco anos de trabalho intenso e de muitos combates políticos. Tive a oportunidade e a honra de conhecer e de trabalhar com pessoas que admiro, dentro do meu grupo político e fora dele. Não há democracia sem respeito, diálogo e negociação. Sempre foi esse o meu entendimento da política.

Acredito no projecto europeu. Estou convencida de que diminuímos a nossa grandeza quando nos deixamos levar por derivas nacionalistas. Enfraquecemos quando optamos por erigir muros em vez de derrubá-los. Saio ainda mais europeísta. Dei o meu contributo, trabalhei com dedicação e mantenho a confiança nesta União. 

Ficarão sempre coisas por fazer e objectivos por cumprir. Não interessa se são cinco anos ou cinquenta, a política não termina nunca. Nem tudo depende da nossa vontade. Sabia que não conseguiria mudar o mundo, mas fiz tudo o que esteve ao meu alcance para o tornar mais justo e mais livre. Defendi a minha região e o meu país sem deixar de os perspectivar no seu contexto europeu. A Europa é a nossa casa.

Vivemos tempos incertos. Do Brexit ao terrorismo, passando pela sustentabilidade ambiental, a crise migratória ou a ascensão do populismo, são muitos os desafios que hoje se colocam ao projecto europeu e ao mundo. São também tempos delicados estes que hoje vivemos. Não nos é permitido capitular perante as dificuldades presentes, apenas insistir e melhorar. Apesar dos passos em falso, normais num projecto desta envergadura, sei que estamos no bom caminho. Nós, europeus, estamos destinados a fazer história.

A liberdade e a democracia não constituem um dado adquirido. Nascer e viver em liberdade não pode fazer-nos perder a noção da sua fragilidade. Devemos preparar-nos para sair em sua defesa. A nossa luta deve ser constante. A qualquer momento e em qualquer lugar.

Termino esta etapa como eurodeputada com o sentimento do dever cumprido. Não o teria conseguido sozinha. Sem os que me acompanharam, aconselharam e, até mesmo, me corrigiram abrindo o espaço para outras perspectivas. Continuarei a fazer política, até porque, tal como Aristóteles nos diz, “o homem é, por natureza, um animal político”, apenas vai mudando o lugar em que exercemos a nossa participação cívica e cumprimos o dever maior de traçar um futuro comum. Não perdi a esperança, a capacidade de me surpreender ou de assumir um ponto de vista crítico. Continuo a acreditar.

Obrigada pela confiança que em mim depositaram. Foi um privilégio.

Liliana

Bruxelas, 9 de Maio de 2019