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quinta-feira, 16 de maio de 2019

Madeira Pride contesta posições do Bispo



Reacção às palavras proferidas por D. Nuno Brás, atual bispo do Funchal, numa celebração do dia Internacional da Família 


"D. Nuno Brás, atual bispo do Funchal, foi convidado, na passada terça-feira, dia 14 maio, para ser orador numa conferência intitulada "O papel da família na construção de uma sociedade em constante mudança" para assinalar as comemorações do Dia Internacional da Família.
A Comissão Organizadora do Madeira Pride, onde constam membros da sociedade civil e a Associação Abraço - Delegação do Funchal, Fundação Portuguesa "A Comunidade Contra a Sida" - Delegação da Madeira, a OPUS Gay Madeira, o Núcleo LGBTI Madeira da rede ex aequo - associação de jovens LGBTI e apoiantes e a UMAR Madeira, vêm em comunicado discordar das declarações de D. Nuno Brás.
D. Nuno Brás enaltece a importância da família ao nível do carinho, do amor e na construção do ser humano. O bispo falou ainda que, na diferença, todos precisamos uns dos outros, que respeita e que a sociedade deve respeitar os homossexuais. Apesar disso, o bispo do Funchal invalidou as uniões homossexuais, pois considerou-as contraditórias e com falta de uma série de caraterísticas.
Como o próprio nome da conferência refere, a sociedade está em constante mudança. Implica isso que os conceitos e normas sociais evoluam e se diferenciem de geração em geração, e até de instituição para instituição. Acreditamos que, atualmente, o conceito de família é vasto e abrangente, e que nenhuma instituição deve ter o poder da verdade absoluta sobre a definição de uma família.
Numa sociedade igual em direitos, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é um instrumento que, para muitas pessoas LGBTI+, é um passo importante na constituição da sua família, tal como o é para muitos casais de pessoas de género diferente. Na família reside o amor, a empatia, o carinho e a compreensão, o que é esperado que haja em qualquer seio familiar funcional e que o há também em famílias arco-íris.
O respeito para com as pessoas e para com as comunidades em geral, começa acima de tudo com o reconhecimento das suas famílias e dos seus direitos humanos. O que no caso do casamento está consagrado no Artigo 16.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos "A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais". No caso de não se reconhecer as pessoas LGBTI+ iguais em direitos, não se pode falar de respeito, mas sim de tolerância.
Embora seja importante o debater e a partilha de conceitos importantes para a sociedade, muitas vezes estes debates podem ser uma oportunidade para o alastramento da desinformação e a uma abertura para o discurso de ódio.
Sendo assim, enaltecemos que a família é onde existe amor. O amor dos amigos, das amigas, das mães, dos pais, dos avós e dos animais de estimação, e até o amor próprio, é o que forma as famílias funcionais dos dias de hoje. Famílias diferentes, mas iguais!"

Pela Comissão Organizadora do Madeira Pride,
Filipe Olim

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