ENTREGA AOS MUNICÍPIOS DOS VALORES DE IRS EM DÍVIDA
Ofício do presidente de Santa Cruz ao presidente do Governo
Tem esta carta o objetivo de dirigir um pedido direto, como aliás é exigência dos tempos singulares e difíceis que estamos a atravessar. Este pedido vai no sentido de apelar a uma decisão célere sobre a entrega aos municípios dos valores de IRS em dívida, já discutidos em sede judicial (processo n.º 275/14.8BEFUN, a correr termos no Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal).
Esta entrega anteciparia a decisão judicial, correspondente aos valores de IRS dos meses de março a dezembro de 2009 e do mês de dezembro de 2010. Note-se que a questão a dirimir respeita ao pagamento de imposto próprio e devido às Autarquias Locais, questão jurídica pouco controvertida, na medida em que existem já decisões dos Tribunais Superiores (Tribunal Central Administrativo e Supremo Tribunal Administrativo), quanto ao tema em apreço, conferindo razão aos Municípios Autores, sendo a única dúvida de quem devem receber, se da Região Autónoma da Madeira se do Ministério das Finanças.
Os valores em causa, que constam da aludida ação judicial e que melhor se discriminam infra:
Município de Machico - 408.690,69 € (capital) + 114.591,24 € (juros em 20.10.2014);
Município do Funchal - 6.976.111,66 € (capital) + 1.956.103,53 € (juros em 20.10.2014);
Município de Porto Moniz - 41.447,39 € (capital) + 11.679,76 € (juros em 20.10.2014);
Município de Santa Cruz - 1.510.447,38 € (capital) + 423.362,65 (juros em 20.10.2014);
Município de Santana - 97.621,63 € (capital) + 27.307,61 € (juros em 20.10.2014);
Município de São Vicente - 91.737,13 € (capital) + 25.762,55 € (juros em 20.10.2014);
Município de Porto Santo - 354.032,28 € (capital) + 139.032,64 € (juros em 20.10.2014),
Bem como os montantes referentes aos valores de IRS dos meses de março a dezembro de 2009 e do mês de dezembro de 2010 dos Municípios de Câmara de Lobos, da Calheta, da Ponta do Sol e da Ribeira Brava, seriam uma forma de colocar meios financeiros ao dispor dos 11 municípios da Madeira, por forma a fazerem face ao conjunto de medidas sociais urgentes que serão necessárias para uma ajuda direta e rápida às populações decorrente dos efeitos do Estado de Emergência Decretado em resultado da pandemia COVID-19.
Quero fazer notar a V. Exa. que as dificuldades não são uma previsão futura, elas já começam a fazer sentir-se hoje e são já notórias as dificuldades sentidas pelas famílias. Dificuldades que atingem não só os agregados familiares já sinalizados em programas de ajuda social dos municípios, mas também por outras famílias que, de um momento a outro, se viram privadas de parte ou mesmo da totalidade dos seus rendimentos.
A situação de exceção exige de todos nós medidas urgentes e concretas. Esta circunstância representa um esforço e uma adaptação dos recursos.
No caso das autarquias, que estão na primeira etapa de embate com as dificuldades que as famílias vão enfrentar, estes recursos, que eram já de si escassos, podem mesmo ser inexistentes para fazer face aos desafios com que nos confrontamos, nomeadamente na área social.
Assim, urge olhar para as autarquias na sua vertente de proximidade, e criar condições para que os apoios às necessidades que vão surgir não falhem logo na primeira linha onde são sentidas.
Já está mais do que comprovado que a COVID-19 terá efeitos devastadores na economia e isso acarretará efeitos dramáticos para as famílias, nomeadamente ao nível do desemprego decorrente do fecho, temporário ou definitivo, de várias atividades.
Paralelamente, e ainda no decorrer da pandemia, serão necessárias medidas excecionais de apoio a franjas da população mais desprotegidas, como o são os idosos em situação de isolamento e de doença, bem como resposta eficaz a outros setores frágeis da nossa sociedade.
As autarquias terão, sem dúvida, um papel importante na resposta social decorrente desta pandemia, e poderão mesmo exercer uma ação mais justa pela proximidade, que permite também uma avaliação mais correta das medidas que será necessário implementar.
Para que esta resposta seja possível, é, contudo, urgente, que se dê condições às autarquias para que não falhem neste apoio que será tão necessário. Já fiz sentir a várias entidades, nomeadamente ao Primeiro Ministro e ao Presidente da República, a necessidade de reforçar os meios ao dispor dos municípios nestes tempos de desafio e de imperiosa resposta rápida, sendo esta uma medida cumulativa.
Entendo também que este não é o tempo de disputas, sejam elas políticas ou judiciais. É tempo de estarmos todos do mesmo lado e sobretudo de estarmos todos ao lado das famílias que vão precisar que a política se centre na sua mais nobre função, que é a de servir e servir em tempo útil.
Este meu pedido não é, pois, contra o Governo Regional, mas a favor daqueles que tanto eu como Sua Excelência o Presidente Miguel Albuquerque juramos servir com lealdade.
Aliás, como sinal de que este é um pedido apenas com o objetivo de agilizar ajudas que nos unam enquanto responsáveis por respostas sociais que se querem rápidas e eficazes, proponho igualmente que caso a decisão judicial do pagamento das verbas em dívida não recaiam sobre o Governo Regional, seja assinada uma carta de compromisso que garanta a cedência de créditos por parte do cada município ao executivo liderado por Sua Excelência. Isto apesar de ser público que o Estado português já terá transferido para os cofres da região (conforme noticia publicada no mês de maio de 2010), os valores correspondentes ao IRS que é, por direito, de todos os municípios madeirenses. Aliás, foi a própria DGAL que, em julho de 2010, assumiu publicamente a transferência desses valores para os cofres da RAM.
Sei que Sua Excelência percebe perfeitamente este meu pedido, até porque, recordo, a AMRAM, quando era presidida pelo então presidente da Câmara do Porto Santo, e sendo, à data, Sua Excelência presidente da Câmara Municipal do Funchal, manifestavam, e bem, a discordância pela forma como todo este processo estava a ser tratado pelo Governo Regional, com os sucessivos atrasos na transferência de verbas do IRS para as autarquias.
Ou seja, sei que o Senhor Presidente entende esta minha reivindicação, porque sempre reivindicou estes valores enquanto autarca do Funchal, pelo que tem agora oportunidade de fazer justiça ao poder local que conhece por dentro, conhecendo também as dificuldades e os desafios de quem exerce a política com proximidade.
Confio assim que a sua sensibilidade de ex-autarca o leve a decidir com justiça, pois sabe que estará a responder não aos anseios dos autarcas, mas às profundas necessidades da população, que se vão intensificar pelo momento difícil que todos estamos a atravessar.
Por isso, nós os autarcas contamos consigo, mas antes de nós e acima de nós, o povo conta consigo.
O Presidente da Câmara
Filipe Martiniano Martins de Sousa
25 comentários:
A própria carta revela o busílis da questão. Quem deve, e quem paga?
O(s) Governo(s) Regional(ais) ou o Ministério das Finanças. E, a própria carta indica que a questão corre nos tribunais. E, na verdade, não há até hoje uma decisão judicial.
Que as autarquias devem ser ressarcidas desses valores, é questão pacífica e já decidida por tribunais superiores. Mas que retém e deve pagar, não há qualquer decisão.
Daí que pareça até difícil a quem deve a AMRAM recorrer, ou escrever outra carta. E, pela situação por si só, não serão antecipadas as verbas pretendidas. Nenhuma das entidades adiantará os valores, sem que haja uma decisão judicial transitado em julgado.
Sai mais um choradinho do Sonsinho gaulês ! a ver se recebe o dinheiro para meter nos amigos da musica e nas flores
Transferencias daquilo que são proveitos dos Municípios, tá quieto que este governo não faz e açambarca tudo, mas ao contrário insiste diariamente de mão estendida e arrogante com Lisboa para lhe enviar mais e mais para uma Região que não se auto sustenta e gasta cada vez mais. Mas quando o Blue estava na Camara queria que o governo transferisse, mudam de camisa e mudam de vontades.
Neste momento em que todo o dinheiro irá ser preciso para recuperar a economia, vem este senhor pedir, que o Governo pague uma coisa que ainda está para o Tribunal decidir se tem direito ou não.
Só show off-
21.01,
Pareces assim um bocado tolo, ou limitado de espírito.
Quem na verdade levantou esta questão na Madeira foi Miguel Albuquerque enquanto presidente da Câmara do Funchal.
Daí para cá já foi reconhecido pelos tribunais a justiça dessa reivindicação. Mas ainda não foi resolvida pelos tribunais se quem tem de transferir essa verba para os municípios são os governos regionais ou o ministério das finanças. E, enquanto não houver essa decisão judicial, a mesma não estará resolvida.
Mas, evidentemente dum parolo com palas nos olhos, para dizer mal qualquer coisa serve.
Que otário.
Quem deve ressarcir o dinheiro aos municípios? A entidade que ficou com o dinheiro.O seu a seu dono.
17.17,
Se a questão fosse assim tão simples já estava resolvido há muito tempo.
17.17
E quem foi que ficou com a verba? Diz lá.
Não podiam deixar de faltar insultos a quem critica os larnjas.
https://dre.pt/web/guest/pesquisa/-/search/1457131/details/maximized
Acórdão n.º 398/2013
Processo n.º 769/12
Acordam na 2.ª Secção do Tribunal Constitucional
Relatório
O Município do Funchal instaurou no Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal ação administrativa comum contra o Ministério das Finanças e da Administração Pública, atualmente denominado Ministério das Finanças (cf. artigos 2.º, alínea a), e 11.º, do Decreto-Lei n.º 86-A/2011, de 12 de julho), pedindo a sua condenação no pagamento da quantia de (euro)4.570.533,33, correspondente às transferências de verbas respeitantes a IRS, de março a dezembro de 2009, previstas no Mapa XIX da LOE para 2009 (Lei n.º 64-A/2008, de 31 de dezembro), acrescida de juros de mora à taxa legal.
(...)
Face às razões expostas conclui-se que a interpretação dos artigos 19.º, n.º 1, alínea c), 20.º, n.º 1, e 63.º, n.º 3, da Lei da Finanças Locais, e do artigo 42.º, n.º 1, e do mapa XIX anexo à Lei n.º 64-A/2008, de 31 de dezembro, com o sentido de que não compete ao Estado proceder diretamente à transferência para os municípios das Regiões Autónomas das verbas relativas à participação destes na percentagem variável de até 5 % do IRS dos sujeitos passivos com domicílio fiscal na respetiva circunscrição territorial(..)
Mas o Governo Regional não entrega o dinheiro do IRS aos Municípios?
Então terá de o devolver a todos nós que fizéssemos o IRS e não ficar com aquilo que não é dele. Esse dinheiro: é meu/é teu/é nosso.
E, como esta decisão foi contestada, e bem, pelas Regiões Autónomas dos Açores e Madeira por entenderem, e bem, que cabe ao Estado ressarcir os Municipios da Madeira e dos Açores como faz com todos os outros do território nacional, não há decisão definitiva, e ainda menos trãnsito em julgado.
Simples.
13.31
Mas não foi o Governo Regional que ficou com este dinheiro? Será que ainda o tem ou já gastou?
15.14,
Ora aí está a grande questão.
É IRS retido pela Região ou pelo Estado?
Por isso o processo em tribunal, e saber quem o deve pagar às autarquias.
A Região e o Governo Regional tem muito má fama de devedora e de mau pagadora.
23.06,
Mas pior ainda é o Governo da República que tem calotes com a Madeira nos sub-sistemas da saúde, que se a tua memória não for selectiva te recordará que deixou no ano passado os polícias e seus familiares sem qualquer apoio na doença e nos medicamentos, e teve que ser o Governo Regional a se chegar à frente para apoiar esses profissionais, numa obrigação que era do Governo da República.
Mas é como diz o ditado. Uns têm a fama, outros o proveito.
E os calotes que a Madeira tem perante o Continente Portugues que até agora quer o perdão de 2 prestações a se vencer.
Só que agora estes renovadinhos do samsunga perceberam pela quantidade de tentativas de comunicação em que ficaram sem atendimento que já ninguém lhes liga, pois tratam a Republica que os alimenta (e bastou ver-se a demora na chegada do navio cargueiro em que grande parte da população só perguntava para quando a sua chegada), tratam com arrogância, insultos gerindo desconfiança em todo o País, não se criando concordância e boas relações.
A Madeira isola-se para depois se fazer de vitima.
22.24,
E quais são esses calotes que a Madeira tem perante o Continente Português?
Explica lá quais são.
Mas andas mal informado, ou és meio burrinho. O que a Madeira pediu foi a prorrogação de dois pagamentos relativos ao PAEF a vencerem-se este ano, não o perdão de dívida, como as pessoas e empresas estão a pedir aos seus credores. Vês, andas a ler mal, ou a ouvir mal as notícias. Deves ser daqueles cuja verdade é lida em comentários do Facebook.
Os renovadinhos do samsunga, quais são? Os que têm aparelhos da Samsung?
E o atraso de dois dias da chegada do cargueiro o que é que tem a ver com o governo regional? Também é o governo regional que manda na estiva ou nas operações dos portos de Lisboa ou Leixões?
A desconfiança vem com as certezas dos factos, como per exemplo o chumbo à suspensão da LFR pedidas pelos governos dos Açores e da Madeira. Isso é que gera a desconfiança nos madeirenses e açorianos, quando vêm a Comissão Europeia a suspender os limites do défice e consequente endividamento para os países europeus.
Quando vêm esta dualidade de critério entre UE e Portugal, e entre governo da república e governos regionais, têm todas as razões para terem sentimentos de desconfiança. Todas.
Por isso vê se deixas de escrever tontices, ainda por cima baseadas em mentiras de rede social.
Vê se cresces.
12.49h
Se o Povo Madeirense CRESCESSE já tinha colocado estes Fariseus, Capangas e os seus Amos há muito tempo fora da politica regional que nos desgraça dia após dias, agora sem o Turismo que era a única Galinha de ovos ouro e nada restando pois esta Ilha não produz nada apenas terão de se encostar a Lisboa com palavras mansas e não atirando constantemente pedras a quem vos sustenta.
Emagreçam esta maldita corja de máquina governativa pesada que leva mensalmente dezenas de milhões de euros e sugam o Povo Madeirense.
Vão trabalhar e não usam os dinheiros públicos a seu belo prazer.
18.56h
Deverias ter tido.... PARA SEU BELO PRAZER!
18.56,
Sempre que se faz uma pergunta para a qual não têm resposta, como a colocada às 12.49, a solução é sempre a mesma.
Responder com tontices, banalidades, e outra palermices do costume.
Repete-se: quais são esses calotes que a Madeira tem para com o Continente Português?
Oi... quanta divida que até os nossos trinetos a terão de liquidar e ainda agora querem mais divida, pois sem ela não terão capacidade de governar, só que agora vai apertar pois a única industria que a Madeira tinha lá se foi e numa de recuperação económica o Turismo será sempre a ultima a se reativar, pairam nuvens negras no horizonte, vai doer.
22.20,
É verdade.
Tendo Portugal 252 mil milhões € de dívida, que atinge 117% do PIB, agora com as necessidades anunciadas que levarão essa dívida para 140% do PIB, teremos coisa para nós, para os netos e até bisnetos, sendo que tu és mais pessimista e levas o impacto geracional até os trinetos.
E, noto que na tua ignara descrença, dás por perdida a indústria do Turismo, que representa 25% do PIB nacional.
Com esses conhecimentos e certezas, deves ser um especialista. Aconselha então desde já as companhias de aviação a encerrarem definitivamente. Sem turismo não há negócio.
E logo nós que os corremos daqui. Espera sentado que eles vão aparecer aos magotes cheios de euros e esfomeados para os gastar na Festa da Flor e na Festa da Pinga. Durante alguns anos pede os binóculos de Braga para os veres especialmente nos próximos 2/3 anos.
Saudações para o inteligente da.... Guiné-Bissau!
E os Francos CFA?
16.28,
Enganaste-te.
Da Guiné Bissau para aqui, nada tem sido enviado por um inteligente. Até agora têm sido só comentários de um idiota.
Vê lá que ele é tão "adiantado mental" que só agora descobriu que a indústria do turismo vai ser das que mais vai sofrer nos próximos 2 a 3 anos. E vê lá que ele é tão burro que se calhar acha que esse fenómeno só acontecerá aqui na Madeira.
Vês, dali nada vem de inteligente. É mesmo burro que nem uma porta.
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