Lay-off intolerável!
Esta situação revela, uma vez mais, o aproveitamento por parte das grandes empresas e dos grandes grupos económicos desta oportunidade para deitar a mão aos dinheiros públicos, não para manter postos de trabalho, mas apenas para compensar perdas económicas. Se o objectivo destas empresas fosse manter postos de trabalho não convidariam trabalhadores a tirar licenças sem vencimento, a assinar “amigavelmente” a rescisão de contracto ou, então, a mandar para casa todos os trabalhadores com vínculos precários que vêem o seu contracto caducar.
Na Região já existem mais de 7.000 trabalhadores em lay-off, trabalhadores que na sua maioria fazem parte de grandes empresas como a Empresa de Cervejas da Madeira, o Grupo Pestana, o Grupo Dorisol, a Ibersol, que explora as lojas dos Aeroportos, a Groundforce, a Portway, a ANA e, mais recentemente, o Grupo Serlima, que acaba de colocar 511 trabalhadores em lay-off.
O Grupo Serlima, que tem mais de 1000 trabalhadores, continua com grande parte da sua actividade de laboração, mas decidiu colocar 511 trabalhadores em regime de lay-off.
É lamentável ver o aproveitamento destas grandes empresas em relação aos dinheiros públicos. É importante referir que as grandes empresas nesta Região Autónoma são responsáveis pela criação de apenas 10% dos postos de trabalho, ou seja, pouco mais de 20.000 postos de trabalho, num universo de 128.000 trabalhadores. Dos 7.000 trabalhadores que estão em regime de lay-off a grande maioria são dessas empresas, ou seja, perto de 35% da totalidade dos trabalhadores das grandes empresas já estão em regime de lay-off.
Também a grande maioria dos trabalhadores com vínculos precários, que estão a ser mandados para casa e assim estão a engrossar os números de desemprego, trabalhavam nestes grandes grupos económicos.
Perante esta realidade, estes processos tornam-se, no plano político e social, intoleráveis. São escandalosamente intoleráveis que tenham cobertura política empresas como a Serlima, que ao longo dos últimos anos lucraram milhões de euros com o furto do trabalho dos seus funcionários, e que agora se preparam para se aproveitar dos dinheiros da Segurança Social.
O PCP vai questionar o Governo Regional para saber que medidas concretas estão a ser tomadas pelas autoridades regionais competentes pela área do trabalho de modo a garantir que não existam eventuais aproveitamentos fraudulentos na aplicação do lay-off e para que os direitos dos trabalhadores sejam defendidos.
Funchal, 08 de abril de 2020
Pela Comissão Executiva da DORAM do PCP
3 comentários:
Furto do trabalho? Mas os trabalhadores não receberam pelo que trabalharam? Foi pouco? Ninguém os obrigou a trabalhar. Podiam ter emigrado como tantos.
15.17
Palavras do meu queride João Paulo Marques, quem diria sempre onipresente.
Como não fosse do conhecimento geral este tipo de comportamento por parte desta gente! Os pequenos e médios pagam tudo! Para recorrer a algum tipo de ajuda têm que provar tudo e mais alguma coisa mesmo num estado de calamidade!
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