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domingo, 19 de abril de 2020


ERVILHEIRA DE JARDIM

Estou de regresso ao refúgio do Tojal, na arriba da baía do Faial duzentos metros acima a Fajã do Mar, com o Porto Santo bem nítido a nordeste e um oceano calmíssimo a unir as duas ilhas. Leitura e jardinagem são preventivos para o Covid-19 e a depressão. De resto, muito antes da pandemia ter arribado à Madeira já consumia frequentemente estes dois medicamentos.
Quando num intervalo dos diálogos com as plantas sintonizei a RTP-Madeira, apercebi-me, com preocupação, que o Governo Regional acabava de impor uma cerca sanitária à freguesia de Câmara de Lobos em consequência dum surto epidemiológico de Covid-19. 

Tentei por vários meios informar-me dos antecedentes e cheguei à triste conclusão, que sem a colaboração dos cidadãos não há serviço de saúde capaz de travar a irresponsabilidade. Quando tudo parecia correr bem, graças à empatia preventiva entre a população e o serviço regional de saúde, este episódio de Câmara de Lobos é um violento murro na consciência coletiva. Que sirva para evitar o surgimento de outros casos e para calar certos seres ufanos, que andavam a apoucar as outras regiões de Portugal.
O vírus é inteligente e oportunista. À menor distração entra-nos em casa e leva-nos para o crematório. Este é um tempo de provação, que deve ser vivido com muita humildade, unidade e esperança.
O que acabo de escrever não estava previsto. Fui impelido pela gravidade do momento. Quando liguei o computador era minha intenção apenas partilhar convosco as flores dum arbusto nativo da região ocidental do Cabo na África do Sul, cultivado na Madeira desde o século XIX, que floresce quase todo o ano neste jardim e em muitos lugares desde a beira-mar até aos 600 metros de altitude.
Polygala myrtifolia é o seu nome científico. As folhas são parecidas com as das murtas, daí a sua designação específica myrtifolia. As flores lilases, para os menos entendidos em botânica, são semelhantes às das leguminosas, o que motivou o nome vulgar: ervilheira-de-jardim. No entanto, uma observação atenta permite verificar que a morfologia destas flores é diferente e, por isso, este arbusto nem sequer integra a família Fabaceae ou Leguminosae. É membro da família Polygalaceae.

Jardim do Tojal, 18.04.2020
Raimundo Quintal

9 comentários:

Anónimo disse...

Agradecidos pela fotografia da Ervilheira.
Não há covid-19 vencido, sem a colaboração certa da população.Em casa, o mais que tiver de ser e fazer as coisas como mandam as autoridades. Não embandeirar em arco, porque isto é muito difícil e imprevisível, para qualquer parte do país e do mundo.Não é tempo para divisões e aproveitamentos tontos.

Anónimo disse...

Fiquei muito comovido com o texto.

Anónimo disse...

Quem não desse uma malha em quem não respeitou o confinamento obrigatório? Estes dois de Câmara de Lobos deveriam levar umas vergastadas à moda antiga, e ficavam uma semana de cama, com paninhos embebidos em vinagre para tirar as nódoas. Nunca mais iriam infectar ninguém.

Anónimo disse...

19.33,
Uma semana, é menos que o período de quarentena. É uma falha na tua saga de justiceiro.
Mas, a existir a suspeita desse comportamento, deve o MP investigar, uma vez que se trata de crime público, e seguindo para tribunal que o mesmo aplique penas efectivas e não suspensas.

Anónimo disse...

Segundo entendi, uma semana era para curar as nódoas negras, não era para curar o covid-19!

Anónimo disse...

12.03,
E eras tu a dar a malha. Assim se te contaminassem, ficavas já a curar...o Covid.

Anónimo disse...

14.08,
Ervelheira é aquela que tens nesses apenas 2 neuroneos e de fraca qualidade, tenta substitui-los em S Martinho.

Anónimo disse...

12.22,
Hum..., muita falta de originalidade. Já tem direitos de autor por aqui.
Mas compreendo. À tarde a cabeça não dá para mais. De quem tem uma bigorna de ferro em cima dos ombros, também não é de esperar mais.
Talvez possas trocar por uma de alumínio. Ficas mais leve e talvez aprendas que neurónios se escreve com "i".
Que otário.

Manuela_a_Lusa disse...

Gostaria de parabenizar o meu amado povo português e, em especial ao madeirense,por ter compreendido o significado ,ao pé da letra,o Fique em casa. Aqui no Brasil além de contarmos com um presidente sem critérios, contamos com um povo praticamente analfabeto. E os resultados são em ultrapassarmos mais de 7 mil mortes. Tivemos tempo suficiente em nos prepararmos mais que os europeus, pois era só observar o que acontecia pela Itália , Espanha,etc. O povo aqui é como se diz na madeira" a modo de vilão" ou seja tem que tocar para ver. Ou só acreditam qundo acontece com a família.