Bagunça Rumo a 2019

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A ver os aviões

Estava refastelado a prolongar as mini-férias da Páscoa, eis que os desmancha-prazeres do costume decidem atentar quem está quieto. E-mails e mais e-mails alarmando que a Tabanca está a arder e que não se vê nada no Fénix sobre o assunto, e que é urgente fazer o ponto da situação na Desordem do Dia.

Senhoras e Senhores, a gente vai andando e aprendendo. Meter-se em apertos para quê? Com a Saúde nacional e regional no estado em que está, onde é que anda também o challenger escolhido pelos PSoas para governar já em 2019? Ah, pois, vê-se hoje nas páginas da LPM: a ver os aviões! Fotografado a visitar muito sorridente novos telheiros nos Viveiros e assinando protocolos com juntas de freguesia. 

Distante das confusões, como sempre. 

Se há sarilho no Bom Jesus, ele manda falar o Gouveia e fica de sorriso Pepsodent, na montra do Cine Piolho, mesmo ao lado, na 31 de Janeiro. Se tem de ir ao Parlamento responder pelos 13 mortos e 51 feridos do Monte, ele diz que está de férias. Se há guerra 'ecologistas vs cabreiros', ele vai mudando de camisola consoante a batalha pende para um lado e para outro.

Julguei que o challenger, nesse papel com vista para 2019 e no de Cônsul Cubano no Funchal, destacado pelo Sargentão que governa sem ter ganho eleições, como em África, julguei que o Cônsul Cubano tinha viajado com os alunos até ao Rectângulo. As excursões saíram do Funchal e os da LPM explicaram que o Cremalheira tinha feito bem em deslocar-se em campanha com os motards até Machico, precisamente porque a marcha de duas rodas tinha começado no Funchal. 

Daí a esperança de muitos numa expedição à Antárctida com partida do Funchal.

Mas o homem não estava no aeroporto de Lisboa com a malta lá retida por falta de aviões. Pensei então que tinha ido ao Porto, aprender como é que se faz quimioterapia às crianças nos corredores dos hospitais, entre caixotes de lixo, que é para implantar o sistema usado no Eldorado Geringonceiro Nacional também aqui na Tabanca em 2019, no âmbito da solução milagrosa que os PSoas afiançam ter na manga para a Saúde das PSoas.

Afinal, ele anda perto, a visitar juntas e obras em zonas longe da porcaria do trânsito no Funchal, o esperto.

Faz muito bem. Assim como vai no rumo certo ao não aparecer - tal como os agora escondidos Victor, Emanuel, médico-vereador, Célia, Caldeira - a desagravar Bernardo Trindade. Isso num momento destes seria má ideia e roubaria votos para o ano. Afinal, Bernardo está na Administração da TAP sem saber o que lá deve fazer, mas sabendo claramente o que não deve fazer, que seria falar do que não sabe, desde que o assunto seja defender os madeirenses, essa vilhoada ignorante que, se entrasse no Porto Bay para jantar, era capaz de comer a lagosta com os talheres da sobremesa.

Quando não há vento, inventa-se. A TAP sabe-o bem. Se não há mau tempo para cancelar voos para o Funchal, inventa-se uma tempestade nos céus da companhia, de maneira a ficarem tripulações apenas para os voos sobre o Rectângulo e para os internacionais. Considerando-se que Lisboa-Funchal é voo nacional, no papel.

Mas o que é isso de continuidade territorial e mobilidade, ilhéus maldizentes? O que é que um administrador da TAP, ainda por cima não executivo, tem a ver com voos de avião? O que é que pessoas de bem, instaladas na capital alfacinha, têm a ver com essas reivindicações mal-cheirosas de aviões e ferries? Um cubano que até de bicicleta pode ir do Bairro Alto a Paris ou a Moscovo, que raio tem que se preocupar com ilhéus que estejam uma semana sem poder regressar às ilhas ou sair delas, por causa de ventos, greves ou suposta falta de tripulações?

Ferries, aviões para as Ilhas? O Estado não pode subsidiar mais. Já chegam os milhões de biliões que é preciso gastar para sustentar os pornograficamente deficitários Metros, CP, RTP a própria TAP, por aí acima!

É verdade, chego a ter inveja dos madeirenses de  séculos idos, quando havia 10 ou 15 navios por dia fazendo escala no Funchal (pagando impostos que seguiam depois para Lisboa), os quais navios podiam levar o ilhéu para qualquer parte do Planeta! Agora, quem tem medo de andar de avião, ou não tem sequer avião, é ficar definitivamente em terra e bico calado, porque os queques de Lisboa, ai credo, acham as nossas queixas sobre mobilidade coisa kitsch e as propostas que vão daqui para lá muito naïf.

Ora, Bernardo Trindade tem mais que fazer nos seus negócios de hotelaria do que tratar de assuntos em nome do Estado e do povo que lhe pagam - como outros instalados hoje lá e que fizeram trampolim cá e outros ainda, também madeirenses, que têm covil de boy na capital e só estão cá até final da missão encomendada pelo nosso Primeiro Costa. São estes os piores cubanos, porque passam por madeirenses quando lhes interessa. Sim, porque, recapitulemos a matéria, 'cubanos' não são os portugueses do Continente, nem sequer os nascidos em Lisboa, mas sim os instalados em Lisboa, nascidos em qualquer ponto do País. Com muitos madeirenses integrados na bufa corte. Esses lisboetas forçados, arvorados em gente fina, é que são os 'cubanos' raivosos com os ilhéus que denunciam o vazio das suas cabeças.

Faço minhas as palavras do deputado verdinho Carlos Costa, ontem mesmo na Assembleia: "Onde está o povo que se revoltou em 1931 e que deveria fazer agora a revolta dos transportes?" 

Ou por outra: esperto é o outro, que, sendo pago pelo erário, quando as coisas aquecem manda os subordinados para a fogueira. Como também sou 'de carne e osso', quando precisarem de ruído, telefonem para um K, que eu também gosto de ficar a ver os aviões.