2 de Fevereiro 2019

A hora dos obcecados

A título informativo, convém lembrar que a história do 'obcecado' não foi criada pelo nosso Primeiro de Castela 2. O irritadiço e complexado Sargentão limitou-se a responder às farpas do Blue das Angústias, que o acusou de viver 'obcecado' pela vitória eleitoral na Madeira. Sargentão, guinando um pouco na prosa, respondeu que, sim senhor, está obcecado pela Madeira. 

Realmente, nada mais natural que o sr. Costa querer ver o Partido Socialista retirar o poder nesta Região ao PSD, falange trauliteira que manda na Tabanca há mais de 40 anos. Até porque isso significaria pintar a cor-de-rosa o mapa de Portugal. Com Sargentão à frente.

Costa está obcecado nesse capítulo, pois, como a CDU está no tocante a manter a sua posição no parlamento, acontecendo precisamente o mesmo com os restantes partidos. 

Até o PSD-M está obcecado com as regionais, mas neste caso pelo perigo de uma primeira derrota. O estado psicológico no Laranjal atingiu um ponto que, para lá do programa traçado pelo antigo chefe no congresso em matéria de contactos com a população, o próprio grupo parlamentar meteu ombros a iniciativas políticas de rua copiadas do 'floclore' da esquerda e da extrema esquerda. Jaime Filipe e demais deputados estiveram em dois dias seguidos a botar protestos anti-Lisboa à porta do Palácio de S. Lourenço. E ameaçam com mais arruadas. Não nos admirará ver dentro de dias a charanga dos Netos com cartazes em punho na Viana, Boliqueme e Três Paus a reivindicar o alcatroamento de umas quantas veredas nessa zonas altas, em concorrência com Leonel Nunes do PCP e com Roberto Almada do Bloco.

Pior ainda: o PSD, partido de poder, não está sozinho neste procedimento surreal. O PS também não se liberta dos velhos tiques de protestar à toa, simplesmente para preencher agenda e aparecer na comunicação social. Ora, o PS, embora apresente actualmente um grupo parlamentar quase invisível, de 5 deputados, concorre em 22 de Setembro com aspirações à conquista do governo regional, graças ao apoio dos castelhanos de segunda e à simpática cremalheira do cabeça-de-lista Paulo Cafofo, professor independente já com vitórias coligadas na câmara do Funchal. Logo, este PS challenger faz muito mal se continuar, como os pequenos partidos (e agora até o PSD), a falar pelas esquinas de temas avulsos, a protestar por protestar, a fazer ruído para que alguém se lembre da sigla na hora de votar. 

Não chega o PS - e Cafofo - passar o tempo a dizer que a Madeira precisa de melhor saúde, que os jovens têm direito a emprego, que a emigração deve ser estancada, que urge erradicar a pobreza e essa lengalenga que já nos faz dar voltas ao estômago, tal o vazio do discurso. Quem é que não sabe disso?

Ninguém espera um programa de governo a esta distância temporal. Mas precisa-se de perceber o que é que os pretendentes, apoiados pelo Sargentão, têm de novo para propor aos madeirenses, que políticas diferentes das do PSD. Que objectivos e que meios para os alcançar. 

Pois até agora, a oeste nada de novo. O PSD-Albuquerque transformou-se num PSD 'b' e o PS-Cafofo está feito num PSD 'c'. 

Chega a dar a ideia de que estão todos obcecados é em garantir os seus lugarzinhos e deixar as coisas cada vez mais na mesma, como dizia o Semeador nas tardes chuvosas. Senhores, deixem-se obcecar, mas por rasgos inventivos, que moralizem a população e tragam benefícios às desgraçadas Ilhas. Mas está difícil. Se a esquisita entidade Costa-Cafofo-PS continuar a seguir as instruções da LPM, é assim que continuaremos: na mesma chatice.