Bem hajam!

Gil Canha

Esta manhã, e a meu pedido, solicitei o levantamento da minha imunidade parlamentar para responder em tribunal, por causa de uma ação movida pela Câmara do Sr. Paulo Cafôfo, a propósito de uma intervenção que fiz em plenário, acusando a autarquia cafofiana de desviar avultadas verbas do tesouro municipal para os cofres do Diário de Notícias, de Mr. Blandy, com o objetivo de promover a sua imagem e de esconder dos funchalenses o fiasco da sua administração.  

Nunca fugi à luta nem ao divertimento. Aliás, tenho de reconhecer, e peço antecipadamente desculpa por este egoísmo burguês, que me sentia profundamente aborrecido e deprimido por nunca mais ter ido a tribunal.  Depois de passar por mais de 40 processos judiciais intentados pelos Sousas, pelos Pedras, pelos esbirros Jardinistas e pelo falido Jornal da Madeira e repentinamente quebrar com esta folgança e alegre retoiça, foi para mim um choque. Felizmente, que apareceu agora o pobre diabo do Prof. Paulo Cafôfo com esta açãozinha para me resgatar deste cruel fastio.

Mesmo sabendo que o processo do Cafofo não terá a alegria e o entretenimento dos processos de outrora, mas vale uma pessoa se contentar com aquilo que lhe é oferecido do que entrar em ambições desmesuradas. Aliás, quando era criança, uma tia ofereceu-me um bilhete para ir ver o Cantinflas, no Cine Parque, e eu casmurro, aceitei dois bilhetes, também de borla e à mesma hora, para ir ver Trinitá, o Cowboy Insolente, e a Branca de Neve e os Sete Anões, no Cinema João Jardim, e azar meu, pegou fogo na máquina de projeção e lá perdi o filme do divertidíssimo Cantinflas.

Outro ponto que me preocupa muito, é que, por exemplo, no processo dos Sousas, um gajo divertia-se à brava com o advogado Simões de Almeida, agora vou apanhar com o Rui Bettencourt, que é um burocrata cinzentão, que só pensa em acumular processos judiciais e honorários na Câmara Municipal do Funchal à mesma velocidade que uma máquina industrial na Freistaat Baviera enche chouriços. Menos mal, que os “enchidos” vão ser condimentados pela adjunta camarária Andreia Caetano, casada com o regedor de S. Martinho, que tem o melhor vinho da região, “Terras-do-Avô”, um néctar muito apreciado pela industria automóvel chinesa, pois é o ideal para limpar injetores de motores a diesel. 

O que não vai fazer falta neste julgamento é a presença do Prof. Paulo Cafofo, e por duas razões: a primeira, como é um unha-de-fome, não quis pagar as custas judiciais nem o advogado, e por isso, mandou tudo para cima da autarquia, a segunda, apesar da face enganadoramente sorridente, o Cafofo não tem sentido de humor e é enfadonho, talvez devido à sua pesada cachimónia albergar lá dentro uma coruja triste, que ali se aninhou, tomando-a por um tronco oco. 

Deste modo, a presença do nosso ilustre presidente seria um estraga-prazeres no tribunal judicial do Funchal. Está dispensado!